A saúde dos astronautas é um dos pilares das missões espaciais, e com o avanço das tecnologias e das pesquisas na área, surgem novas preocupações relacionadas a riscos médicos específicos que podem ser encontrados no espaço. Em junho de 2024, o Escritório do Diretor de Saúde e Médico (OCHMO) da NASA organizou um grupo de trabalho independente dedicado a avaliar o status e os progressos das atividades de pesquisa e clínicas voltadas para mitigar os riscos de doença descompressiva (DCS) associada ao forame oval patente (PFO) durante as missões espaciais e os testes em solo. Esse grupo teve como objetivo discutir e analisar as evidências já levantadas e apresentar recomendações para a saúde e segurança das tripulações das futuras expedições.

A doença descompressiva é uma condição que ocorre quando os gases dissolvidos, principalmente o nitrogênio, formam bolhas na corrente sanguínea e nos tecidos, levando a complicações de saúde que vão desde dores musculares a problemas neurológicos críticos. Essa condição é comum em esportes aquáticos e aviação em altitudes elevadas, onde mudanças rápidas na pressão ambiental podem gerar episódios de DCS. Segundo a NASA, os casos de DCS são classificados em duas categorias: Tipo I, que é menos severo e costuma gerar sintomas musculoesqueléticos, e Tipo II, que é mais grave e pode levar a comprometimentos neurológicos e pulmonar. Além disso, um dos principais riscos de DCS no ambiente espacial ocorre durante as atividades extraveiculares (EVAs), onde os astronautas realizam tarefas fora da nave espacial utilizando trajes pressurizados que são submetidos a pressões inferiores à da cabine.

A presença de um forame oval patente, uma abertura entre as câmaras do coração que normalmente se fecha após o nascimento, pode complicar esse cenário. A falta de fechamento dessa estrutura permite que bolhas de gás passem do lado venoso do coração para o lado arterial, contornando a filtragem normal nos pulmões, o que aumenta o risco de eventos neurológicos como acidentes vasculares cerebrais (AVCs). Estima-se que cerca de 25% da população tenha um PFO, e aproximadamente 6% desse grupo possui o que é considerado um grande PFO.

Durante o encontro de dois dias realizado no Centro Espacial Johnson da NASA, especialistas e partes interessadas nas áreas de cardiologia, medicina hipobárica, medicina espacial e saúde ocupacional militar se reuniram para discutir e analisar casos de DCS identificados durante testes em câmaras pressurizadas. O grupo definiu as metas principais da reunião, que incluíram quantificar o aumento do risco associado à presença do PFO, discutir as vantagens e desvantagens da triagem de PFO entre candidatos a astronautas, tripulantes atuais e sujeitos de testes em câmara e avaliar medidas potenciais de redução de riscos. Além disso, consideraram as recomendações de pesquisas adicionais que poderiam ajudar a mitigar os riscos associados ao PFO e à DCS durante as missões em espaço.

Um dos principais achados do grupo de trabalho foi que excluir indivíduos com PFO e tratar esses casos em um ambiente de alta exposição não necessariamente reduz o risco de DCS ou cria um ambiente seguro. Embora a eliminação possa trazer reduções incrementais no risco, não elimina a possibilidade de ocorrência da doença, uma vez que há outros fatores fisiológicos que também contribuem significativamente para os riscos. Além disso, a revisão das evidências disponíveis levou à conclusão de que não é recomendada a triagem de PFOs em participantes de missões espaciais ou de testes em solo, priorizando a criação do ambiente mais seguro possível e a eficácia dos protocolos para a respiração antes das atividades EVA.

Os participantes chegaram ao consenso de que, no que diz respeito a protocolos de engenharia realizados em solo, é essencial garantir que a capacidade de tratamento da DCS esteja à disposição no local de testes, assim como ocorre em protocolos de pesquisa. A habilidade de atender prontamente a um caso de DCS é crítica para a segurança dos participantes dos testes.

O relatório completo que resume as descobertas do grupo de trabalho inclui informações detalhadas sobre o contexto, pontos de discussão e conclusões, servindo como um guia valioso para as decisões estratégicas em futuras operações de testes em solo e missões espaciais. Portanto, os resultados e recomendações do grupo auxiliarão decisores em ações que visem a saúde e segurança das tripulações, garantindo o sucesso das missões da NASA no futuro.

Desse modo, a pesquisa contínua sobre a relação entre o PFO e a DCS se torna essencial, uma vez que cada missão no espaço não apenas destaca os desafios técnicos, mas também a necessidade de uma saúde robusta e confiável para os astronautas. A capacidade de compreender esses riscos e implementar as medidas adequadas certamente ajudará a NASA a continuar suas ousadas aventuras no cosmos, mantendo a segurança e o bem-estar de seus valentes exploradores.

Similar Posts

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *