Em uma coletiva de imprensa realizada no final do ano, o presidente russo Vladimir Putin afirmou categoricamente que as forças russas estão fazendo progressos significativos em “toda a linha de frente” da Ucrânia. O evento, que ocorreu na última quinta-feira, 28 de novembro de 2024, serve como um fórum anual onde cidadãos e jornalistas podem fazer perguntas diretamente ao líder russo, permitindo que ele exponha suas principais preocupações e políticas, tanto no âmbito doméstico quanto internacional.
Durante a sessão de perguntas e respostas, que combinou a interação direta com o público e chamadas ao vivo, Putin foi questionado sobre a atual situação da guerra na Ucrânia — uma operação que, na Rússia, é disfarçada sob o título de “operação militar especial”. Ele respondeu afirmando que as circunstâncias estão mudando de forma dramática, uma declaração feita enquanto o conflito se aproxima de seu terceiro ano.
Putin destacou que “o movimento está acontecendo ao longo de toda a linha de frente, todos os dias”. Ele enfatizou que essa movimentação não se restringe a pequenos avanços territoriais, mas sim a ganhos que são medidos em quilômetros quadrados. As afirmações de Putin foram feitas em um contexto onde observadores estão cientes das dificuldades enfrentadas pelas tropas ucranianas, especialmente à luz das declarações do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, que havia admitido recentemente que seu país não possui força suficiente para retomar todos os territórios ocupados pela Rússia.
Ainda assim, a luta pelas cidades ucranianas, especialmente na região leste do país, se transformou em uma guerra de desgaste, com baixas significativas para ambos os lados. Putin lembrou que seu exército falhou em capturar a capital, Kiev, nos primeiros dias do conflito, mas agora se vê em uma batalha prolongada e sangrenta na frente oriental.
Ao abordar a situação na região sul do Kursk, onde as forças de Kyiv estão se esforçando para manter o controle após uma incursão surpresa em agosto, Putin não se comprometeu a oferecer um prazo sobre quando a Rússia recuperará completamente a área, mas insistiu que isso certamente ocorrerá. “Eu não posso e não quero nomear uma data específica”, disse ele. “Nossos homens estão lutando, e há uma batalha ocorrendo agora.” Ele sugeriu que a presença das forças ucranianas na região não fazia sentido militar, e que não compreendia por que suas melhores unidades estariam sendo enviadas para enfrentar confrontos severos, mas assegurou que a vitória russa na região estava inevitável.
Entretanto, a realidade no terreno indica que embora as forças ucranianas ainda ocupem posições na região de Kursk, elas têm cedido lentamente espaço para as forças russas. Informações recentes indicam que tropas da Coreia do Norte estão lutando lado a lado com os russos na região, enfrentando pesadas perdas. Embora Putin não tenha mencionado a presença dessas tropas em sua coletiva, ele garantiu que as casas e a infraestrutura danificadas durante os combates seriam restauradas, oferecendo consolo às pessoas afetadas pelo conflito: “Compreendo que não há nada bom no que está acontecendo”, disse ele. “As pessoas estão sofrendo perdas pesadas, dificuldades e desconfortos diários, especialmente em relação a crianças.”
O evento anual de Putin marca um momento importante no calendário político russo, onde ele tem a oportunidade de interagir diretamente com a população e justificar suas ações. Historicamente, essas conferências costumam se estender por mais de quatro horas, abordando diversas questões que vão desde a guerra até assuntos econômicos. A atual edição ocorre em meio a desafios econômicos crescentes, tensões persistentes relacionadas ao conflito na Ucrânia, e um aumento na escrutínio sobre as políticas internacionais e domésticas da Rússia, especialmente com a expectativa de uma mudança na liderança dos Estados Unidos com a posse do presidente eleito Donald Trump.
As declarações de Putin representam não apenas uma tentativa de reforçar a moral das tropas e da população, mas também um sinal claro de que sua administração continua firme em sua estratégia de longo prazo na Ucrânia. O desdobramento dos acontecimentos nos próximos meses será crucial para o rumo do conflito, enquanto a comunidade internacional observa atentamente cada movimento no cenário político e militar no leste europeu.