Durante uma recente aparição em um podcast, Billy Crystal, o aclamado comediante e ator, compartilhou memórias preciosas de seu tempo estudando na Universidade de Nova York e de como sua experiência foi moldada por seu professor de produção de cinema, Martin Scorsese. A conversa, ocorrida no episódio de 15 de dezembro do programa Today’s Sunday Sitdown com Willie Geist, trouxe à tona nostalgia e uma visão intrigante da dinâmica entre alunos e mestres no mundo do cinema.

Crystal, agora aos 76 anos, recorda o que foi ser aluno nas aulas de Scorsese na NYU durante o final da década de 1960. Ele descreveu o diretor, que tinha então aproximadamente 30 anos, como uma figura monumental que já em início de carreira exalava autoridade e paixão pelo cinema. “Eu estava na escola de cinema aqui [na NYU], e Martin Scorsese era meu professor de produção de filmes”, disse Crystal. “Ele era um estudante de pós-graduação na época, apenas começando a fazer seu primeiro filme, chamado Quem Bate à Minha Porta. E isso era em 1968, 1969, 1970.”

O relato de Crystal é repleto de humor e reverência. Ele menciona a aparência peculiar do jovem Scorsese, com uma grande barba, óculos de a avó e cabelo comprido, ressaltando que ele parecia com ‘todo mundo’. No entanto, essa semelhança não diminuía o impacto que o diretor tinha sobre seus alunos. “Ele ficava atrás de você enquanto você editava seu filme, e ele era muito intimidador. Ele olhava para você com uma intensidade que te deixava assustado”, explicou Crystal, lembrando como Scorsese falava de maneira acelerada. “Ele falava muito rapidamente — mesmo naquela época — e falava ainda mais rápido porque estava, você sabe, 50 anos mais jovem.”

Enquanto o contador de histórias compartilha as lembranças de como Scorsese o desafiava em aula, ele ilustra a frustração de ser um estudante despreparado. “Ele perguntava, ‘Por que você filmou dessa maneira? Use um plano aberto! Howard Hawks sempre usou um plano aberto.’ E eu respondi: ‘Eu tenho 19 anos — não sei quem é Howard Hawks!’”, disse Crystal com um toque de humor nostálgico, fazendo com que Geist risse alto.

Apesar do tempo que passou, a conexão que Crystal sente com Scorsese permanece intacta. Ele notou que quando se encontram, a energia é a mesma de antes. “É a mesma energia”, afirmou Crystal, testemunhando a durabilidade de seu respeito e admiração por seu antigo professor. Essa experiência de aprendizado impactou profundamente Crystal, moldando não apenas sua carreira, mas também a evolução do cinema como um todo.

No decorrer do podcast, Crystal também refletiu sobre a vida em Nova York durante o auge do movimento contracultural. “Esse bairro era selvagem”, lembrou. “Era um momento terrível para a América, mas ao mesmo tempo, ótimo. Porque toda essa adversidade e todos os protestos contra a Guerra do Vietnã nos uniram… O que surgiu disso foi um renascimento na música, na poesia e na arte — que ainda sentimos hoje.”

Ele evocou a presença de ícones como Joan Baez e Bob Dylan, enfatizando como essas vozes estavam presentes em uma Nova York vibrante e pulsante. As experiências vividas nesse período formaram a base criativa que, segundo ele, influenciou gerações futuras e continua a ressoar na arte contemporânea.

Ao refletir sobre suas trajetórias, tanto Crystal quanto Scorsese construíram carreiras de grande reconhecimento. Crystal, por sua vez, é um desses poucos artistas que conquistaram seis Emmys e um Tony, também tendo sido anfitrião do Oscar nove vezes. Ele também é autor de vários livros e, em 2007, recebeu o Prêmio Mark Twain por Humor Americano. Em 2022, foi agraciado com o Prêmio de Realização de Vida no 27º Prêmio Critics Choice. Por outro lado, as obras de Scorsese acumularam impressionantes 20 indicações ao Oscar ao longo de sua carreira exemplar, evidenciando a influência de ambos nas telas e palcos do mundo inteiro.

Mais recentemente, o público teve a oportunidade de ver Crystal em ação novamente na drama da Apple TV+, Before, que já está disponível para streaming. Com tantos feitos notáveis, as histórias de ambos os artistas continuam a inspirar e encantar o público, tanto em suas performances quanto nas memórias que compartilham.

O que fica claro em todo esse relato é que as lições aprendidas na sala de aula podem perdurar por toda a vida, moldando não apenas carreiras, mas também os indivíduos que nelas se encontram. A relação de mentor e aluno entre Crystal e Scorsese é um testemunho de como o legado de um grande cineasta pode se perpetuar através das gerações.

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