A ascensão do Bluesky neste ano tem sido notável, destacando-se como uma plataforma inovadora no cenário das redes sociais. A cumprir sua proposta de ser um espaço descentralizado e flexível, Bluesky conquistou a atenção de muitos usuários e investidores, impulsionada por uma comunidade vibrante de pôsteres e a possibilidade de personalização. No entanto, uma pergunta persiste sobre o futuro da plataforma: como ela irá gerar receita e, principalmente, se utilizará publicidade, um método de monetização comum na internet.
Até o momento, a empresa arrecadou impressionantes $15 milhões e sua CEO, Jay Graber, revela à TechCrunch que já está recebendo o olhar interessado de novos investidores. Bluesky tem ventilado algumas alternativas de receita, como assinaturas de mídias sociais, um marketplace de algoritmos e a venda de nomes de domínio. Apesar de Graber ter se comprometido a não “sujar” a plataforma com publicidade, ela não descarta a possibilidade de integrar anúncios no futuro.
Os Rumos de Bluesky em Relação à Publicidade
No evento Strictly VC da TechCrunch, realizado em São Francisco, Graber deixou claro que a possibilidade de Bluesky permanecer livre de anúncios não é uma promessa definitiva. “Eu não acho que isso seja necessariamente verdadeiro”, disse ela quando questionada sobre a continuidade da plataforma sem publicidade. Graber enfatiza que, caso a publicidade seja incorporada, seria necessária uma abordagem que respeitasse a intenção do usuário, evitando que a atenção dos usuários se tornasse um produto de venda.
Um dos fundamentos do Bluesky é evitar replicar os erros de redes sociais tradicionais que priorizam uma experiência de usuário cheia de anúncios invasivos. A estrutura descentralizada da plataforma permite que usuários criem feeds alternativos sem anúncios na sua tecnologia aberta, o que torna a dependência de publicidade um desafio a ser superado.
Graber se define como uma ativista dos direitos digitais, argumentando que é vital que as pessoas tenham controle sobre as redes sociais que utilizam, particularmente porque estas se tornaram estruturas essenciais na sociedade moderna. Contudo, a CEO admitiu que a plataforma poderá experimentar com publicidade de forma que não comprometa a experiência do usuário, citando a possibilidade de exibir anúncios nos resultados de busca do Bluesky, um método menos intrusivo de se contemplar a implementação de anúncios.
Perspectivas e Desafios na Monetização
Outro caminho para a monetização da Bluesky, ao contrário do que ocorre com outras plataformas sociais, não incluirá negócios de licenciamento de IA. Graber também comentou que a empresa não treinará inteligência artificial com os posts da Bluesky. Entretanto, ela tem em mente a criação de um protocolo similar ao robots.txt usado em sites, que permitiria aos usuários sinalizarem o desejo de não ter seu conteúdo explorado por bots.
Enquanto o Reddit acaba de registrar seu primeiro trimestre lucrativo, parcialmente ao cobrar de empresas de IA pelo uso de seu conteúdo, o Bluesky também acumula um conjunto valioso de dados. No entanto, o fato de a sua estrutura ser aberta facilita o acesso a esses dados para a criação de conjuntos de treinamento de IA a partir de posts públicos, algo que não ocorre com plataformas que possuem um modelo mais fechado, como o Reddit, que pode controlar o acesso a seus dados.
Por ora, parece que levará um bom tempo até que o Bluesky comece a monetizar ativamente. A prioridade atual da empresa é o crescimento, tendo saltado de 3 milhões de usuários em fevereiro para 24 milhões atualmente, mas ainda encontra um grande espaço para expansão. Para efeito de comparação, a Threads possui mais de 275 milhões de usuários mensais e, até o momento, ainda não introduziu anúncios.
No decorrer da entrevista, Graber mencionou que um negócio poderia emergir da manutenção do protocolo AT, base sobre a qual a Bluesky está construída. A CEO acredita que manter um ecossistema dinâmico em torno do protocolo AT e administrar o Bluesky não são objetivos mutuamente exclusivos.
A natureza aberta do protocolo da Bluesky é um de seus principais atrativos, mas também apresenta desafios inerentes à monetização. Essa é justamente a essência da proposta do Bluesky, ao contrário de empresas de mídias sociais tradicionais, como Facebook e Instagram, que tiveram sucesso ao prender usuários e controlar a experiência de uso. O Bluesky busca devolver esse poder e controle aos usuários, um aspecto que, por sua vez, torna a monetização menos simples e direta.
Com esses novos rumos, o futuro do Bluesky, embora incerto no que tange a sua estratégia de monetização, promete ser um campo fértil para inovações – tanto em suas práticas comerciais quanto na maneira como as redes sociais podem operar em um mundo cada vez mais movido por dados e pela interação humana.