Nos últimos dias, o aplicativo de mídia social Bluesky, que atualmente conta com 25 milhões de usuários, está enfrentando um momento crítico que pode definir sua imagem como um espaço seguro e acolhedor, longe da toxicidade das redes sociais existentes, especialmente da plataforma X (antigo Twitter). A polêmica gira em torno de Jesse Singal, um escritor e apresentador de podcast recém-chegado à plataforma, cujas opiniões e trabalhos, tanto dentro quanto fora da Bluesky, geraram um clamor significativo entre os usuários que se opõem a suas visões anti-trans e outras informações que muitos consideram prejudiciais.

Singal ingressou na Bluesky há apenas 12 dias, provocando uma forte reação negativa de vários membros da comunidade. Ele é um dos autores listados no Projeto de Responsabilidade da GLAAD, que visa catalogar a retórica anti-LGBTQ e ações discriminatórias cometidas por uma variedade de figuras públicas. O projeto documenta como comentaristas, líderes religiosos e políticos têm usado sua influência para propagar desinformação e causar danos à comunidade LGBTQ. Essa associação tem contribuído para a rejeição generalizada de Singal, que rapidamente se tornou o usuário mais bloqueado na plataforma.

O descontentamento em relação à presença de Singal gerou um movimento crescente entre os usuários, exigindo que a Bluesky tome uma posição clara sobre se vai ou não acolher pessoas com opiniões nocivas. As expectativas são altas: ou a rede social se apresenta como um espaço que não tolera práticas negativas, ou fornece a garantia de que ferramentas de moderação serão utilizadas adequadamente para limitar a influência de indivíduos considerados problemáticos. Não é aceitável que seja um pouco dos dois mundos.

Desde seus primórdios, a Bluesky atraiu muitos usuários marginalizados que se afastaram do Twitter, especialmente após a aquisição da plataforma por Elon Musk, que promoveu agendas mais conservadoras. No entanto, a presença de Singal, um usuário de alto perfil, levanta preocupações sobre o aumento do assédio, visto que ele traz consigo um seguimento considerável que pode impactar negativamente a experiência de outros usuários.

Os usuários têm apontado diversas publicações e opiniões de Singal como evidências de seu histórico negativo, mas para que a Bluesky eleve sua voz contra ele, seria necessário comprovar que faltou a ele com os termos de serviço estabelecidos pela plataforma.

A crescente indignação na comunidade levou muitos a alegarem que Singal já infringiu essas diretrizes: denúncias incluem assédio direcionado, um histórico de comportamento hostil contra indivíduos trans, e a divulgação de informações médicas privadas sem consentimento dos envolvidos. Singal, por sua vez, nega essas acusações, argumentando que suas opiniões são frequentemente mal interpretadas.

Em resposta à crise, uma petição no Change.org pede que a Bluesky proíba Singal, acumulando rapidamente mais de 18.000 assinaturas, incluindo uma do renomado cantor Lizzo. A pressão exerce uma forte influência sobre a plataforma, que tem enfrentado uma onda de denúncias massivas contra a conta de Singal, resultando em uma situação em que ele foi banido, reintegrado e, finalmente, rotulado como intolerante por seus sistemas de moderação.

Contudo, a maioria dos usuários não se contenta apenas em moderar o conteúdo de Singal; muitos desejam que ele seja permanentemente banido. Para eles, a permanência do autor na plataforma se torna uma questão de princípio. A decisão da Bluesky sobre este caso pode resultar em consequências significativas para a integridade da comunidade, arriscando a perda de usuários e o comprometimento do “capital social” que a plataforma cultivou até agora.

Conversamente, o banimento pode atrair críticas vindas de figuras proeminentes, como o próximo presidente da FCC, Brendan Carr, que tem feito declarações sobre a supressão de vozes conservadoras nas redes sociais. Portanto, qualquer medida que a Bluesky tome será certamente amplamente discutida e será objeto de análise crítica, para o bem ou para o mal.

Esta não é a primeira vez que a Bluesky enfrenta um retrocesso de seus usuários devido a questões de moderação. No último ano, a plataforma já enfrentou críticas de usuários da comunidade negra por não ter agido de maneira apropriada frente a discursos de ódio e violência. Em resposta, a empresa contratou um ex-executivo de Confiabilidade e Segurança do Twitter, Aaron Rodericks, para liderar seus esforços de moderação e espera-se que isso ajude a evitar mais problemas similares no futuro. Recentemente, Rodericks tem recebido um fluxo intenso de solicitações de usuários pedindo uma ação decisiva contra a conta de Singal.

A Bluesky, até o momento, não retornou os pedidos de comentários sobre essa questão delicada. Isto levanta uma reflexão importante sobre o papel das redes sociais na formação de comunidades saudáveis e na gestão de seu comportamento interno. O que acontecerá a seguir nesta saga permanece incerto, mas os usuários da Bluesky estão claramente dispostos a lutar por um espaço digital que respeite todos os indivíduos, não importa sua identidade ou orientação sexual.

Comunidade Bluesky

Para mais informações, acesse o site da GLAAD.

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