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Londres
CNN
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Você já se pegou rolando a tela do celular por horas, consumindo uma infinidade de vídeos e conteúdos sem pensar duas vezes? Se a resposta for sim, você não está sozinho, e agora existe um termo que dita essa sensação: “brain rot”. A Oxford University Press (OUP) nomeou essa expressão como a palavra do ano para 2024, revelando uma preocupação crescente sobre como o consumo excessivo de conteúdo online pode afetar a nossa saúde mental. O termo foi escolhido após uma votação que contou com a participação de mais de 37.000 pessoas, além de comentários públicos e da análise de dados linguísticos da OUP.
Em um comunicado divulgado na segunda-feira, a OUP, responsável pela publicação do dicionário Oxford de inglês, definiu “brain rot” como “o suposto deterioramento do estado mental ou intelectual de uma pessoa, especialmente visto como resultado do consumo excessivo de material (particularmente conteúdo online) considerado trivial ou pouco desafiador”. Essa definição lança luz sobre uma questão que vem sendo debatida nos últimos anos: a qualidade e o impacto do tipo de conteúdo que consumimos nas plataformas digitais.
Apesar do aumento de 230% no uso da expressão “brain rot” em 2023, o termo não é inédito. Ele foi mencionado pela primeira vez há mais de um século, sendo atribuído ao renomado autor Henry David Thoreau em seu clássico “Walden”. Thoreau criticava a tendência da sociedade de desvalorizar ideias complexas em favor de soluções simples e diretas. “Enquanto a Inglaterra se esforça para curar a podridão da batata”, escreveu Thoreau, “não haverá algum esforço para curar a podridão do cérebro – que prevalece de maneira muito mais ampla e fatal?”
A relevância do termo nos dias atuais é inegável, especialmente em uma era em que a “doomscrolling” — o ato de rolar incessantemente por notícias negativas e conteúdos aflitivos online — se tornou parte da rotina de muitas pessoas. A OUP destacou que a expressão ecoa preocupações recentes sobre o consumo excessivo de conteúdos de baixa qualidade, que podem levar ao que especialistas chamam de “nevoeiro mental”, caracterizado por falta de clareza e energia mental.
Em uma iniciativa que vai além da discussão teórica, um **fornecedor de cuidados comportamentais** nos Estados Unidos começou a oferecer tratamento para o que classificam como “brain rot”. Esse diagnóstico é definido como uma condição que envolve “nevoeiro mental, letargia, redução da capacidade de concentração e declínio cognitivo”. Problemas como a dependência de redes sociais e o hábito de consumir conteúdo trivial são considerados exemplos de comportamento associado à “brain rot”. Para combatê-la, os especialistas recomendam estabelecer limites de tempo de tela e realizar desintoxicações digitais periódicas.
“O termo ‘brain rot’ aponta para um dos perigos percebidos da vida virtual e como estamos utilizando nosso tempo livre,” afirmou Casper Grathwohl, presidente da Oxford Languages. Grathwohl também ressaltou a adoção do termo por gerações mais jovens, como a Geração Z e a Geração Alpha, que amplificaram a expressão através das redes sociais — surpreendentemente, o mesmo meio que é frequentemente criticado por contribuir para este estado mental. “Isso demonstra uma auto-consciência intrigante entre as novas gerações sobre o impacto prejudicial que as redes sociais podem proporcionar”, acrescentou.
A escolha de “brain rot” pela Oxford não é mera coincidência. Ela superou outras cinco palavras que estavam na lista de candidatos, incluindo “lore”, um termo que se refere a um conjunto de fatos e informações necessárias para se compreender algo; “romantasy”, uma combinação de elementos de literatura romântica e fantasia; e “slop”, que se refere a conteúdo de baixa qualidade gerado por inteligência artificial. Outras palavras que se destacaram foram “demure”, que ganhou notoriedade após um vídeo popular no TikTok e que já foi eleito a palavra do ano pelo Dictionary.com.
A escolha da Oxford para o ano anterior foi “rizz”, que remete à habilidade de atrair um parceiro romântico. Assim, o que podemos aprender com a escolha de “brain rot”? Poderia ser um chamado à ação para todos nós que gastamos horas online consumindo conteúdos que nos fazem sentir cansados e mentalmente exaustos? Se você, assim como muitos, frequentemente se vê preso em um ciclo de consumo excessivo de conteúdo, talvez seja hora de refletir sobre como você pode equilibrar sua vida digital com momentos de autocuidado e crescimento intelectual.
Fonte da imagem: CNN
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