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No universo cinematográfico, algumas obras conseguem capturar a atenção do espectador desde o primeiro instante, enquanto outras parecem se arrastar de forma ligeiramente tediosa. “Carry-On”, o mais recente thriller da Netflix dirigido por Jaume Collet-Serra, se insere neste último grupo ao menos em sua primeira metade. No entanto, a narrativa que se desenrola pode brindar o público com momentos de diversão, especialmente quando abraça a sua própria comicidade. Lançado em 13 de dezembro de 2024, o longa-metragem conta com a presença de Taron Egerton, Jason Bateman e Sofia Carson, e se propõe a manter o público na expectativa em meio a uma trama cheia de reviravoltas.
A premissa de “Carry-On” possui um potencial intrigante. Egerton interpreta Ethan Kopek, um agente da TSA (Administração de Segurança dos Transportes) que se vê enredado em um jogo mortal após um misterioso viajante, vivido por Bateman, coagi-lo a permitir a passagem de uma bagagem suspeita em um voo na véspera de Natal. Inicialmente, o filme se apresenta como uma promissora montanha-russa de emoções, porém, acaba por cair em armadilhas narrativas que não fazem jus ao seu potencial. Os trinta primeiros minutos, por exemplo, mostram-se um tanto quanto mornos, levando o espectador a divagar sobre o que está sendo apresentado, em vez de absorver a tensão crescente que deveria caracterizar um thriller.
Assim que a história avança, é inegável que “Carry-On” exibe um enredo sólido. O gostinho de um thriller envolvente está presente, mas se esvai rapidamente diante da falta de profundidade em seus personagens. O filme carece de um desenvolvimento adequado, o que acaba deixando o público sem um real entendimento das motivações que guiam seus protagonistas. A partir do momento em que Ethan se torna alvo do travesti criminoso, o espectador deveria ser envolvido em um jogo psicológico, em que dilemas morais e situações de vida ou morte fossem cruciais para a narrativa. No entanto, a indiferença em relação ao desenvolvimento dos personagens leva a uma desilusão frente ao que poderia ser uma experiência cinematográfica de qualidade.
O interesse por “Carry-On” aumenta consideravelmente quando a história começa a adotar um tom mais leve e divertido. Quando a trama finalmente se libera das amarras de um enredo excessivamente sério e se entrega à sua própria absurdidade, o longa se torna mais agradavelmente divertido. Taron Egerton, um ator normalmente carismático, encontra seu espaço para brilhar em momentos de ação e interação que fogem do tom sombrio das cenas anteriores. É nesse ponto que o filme revela seu verdadeiro potencial, permitindo que o público comece a se conectar com a jornada do personagem de Egerton. O contraste entre seu personagem como um agente da TSA e as rápidas reviravoltas que o colocam em situações extremas faz com que o espectador sinta a adrenalina começar a pulsar.
A sensação de que “Carry-On” não estava completamente investido na potencialidade de suas premissas se torna evidente em algumas ocasiões. É verdade que temos uma narrativa que se assume como um thriller, mas, ao mesmo tempo, suas falhas narrativas mostram que o filme não chega a se comprometer com as questões éticas que poderiam enriquecer a narrativa, questões que outros thrillers similares abordam de forma mais aclamada. Referindo-se a outros filmes do gênero, como “Juror No. 2”, que investiu mais em seus dilemas morais, o espectador poderia sentir a falta de uma exploração mais profunda ao longo de “Carry-On”. Com um conceito que poderia explorar um verdadeiro conflito ético ligado à escolha entre a vida de entes queridos e a integridade moral, o longa poderia ter se destacado ainda mais.
A relação de Egerton com o público, tão frequentemente movida pelo carisma e pela presença magnética, parece incerta nas primeiras partes do filme. A tentativa de apresentar o ator dentro de uma linguagem cinematográfica tipicamente americana faz com que o público se questione sobre sua conexão real com o personagem. Se a intenção era apresentar Egerton como uma nova versão do Bruce Willis, esse objetivo não é plenamente alcançado, resultando em uma mistura ineficaz de características que não ressoam completamente.
Contudo, ao longo do filme, e especialmente quando a narrativa parece se libertar das fortalezas do suspense e se entrega ao absurdo, as coisas tomam um novo rumo. A performance de Egerton se transforma gradualmente, permitindo que o espectador tenha pequenos vislumbres da excepcionalidade que ele leva para o palco, mesmo que intercalada com alucinações cômicas. Enquanto o filme começa a explorar momentos que desafiam a lógica, a diversão finalmente se materializa em um entretenimento envolvente, criando uma experiência que pode ser gratificante.
Por fim, o filme tem seus altos e baixos, mas “Carry-On” se destaca por nos lembrar da importância de identificar o tom certo de uma narrativa e o impacto que isso pode ter no apelo da marca. Se você é um fã das performances de Taron Egerton ou do diretor Jaume Collet-Serra, vale a pena conferir este filme em sua estreia na Netflix. A data está marcada, e a expectativa de redescobrir o que pode ser o verdadeiro núcleo da história será um deleite, mesmo que a primeira metade possa deixar um pouco a desejar.
Disponível para streaming na Netflix a partir de 13 de dezembro, “Carry-On” é um filme de 119 minutos que, apesar das suas falhas, ainda pode oferecer uma experiência divertida para os amantes do gênero. Prepare-se para embarcar em uma montanha-russa de emoções, cheia de ação, humor, e uma pitada de intriga. Afinal, quem não gosta de um bom thriller com doses de comédia?
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