Após meses de expectativa e especulação no mundo da moda, a icônica grife Chanel anunciou a nomeação de Matthieu Blazy como seu novo diretor artístico. Em uma movimentação que promete não apenas renovar a estética da marca, mas também reforçar sua posição no mercado competitivo, Blazy, que anteriormente foi diretor criativo da renomada Bottega Veneta, assume uma das posições mais visíveis e influentes do setor. Sua nomeação não poderia ser mais significativa: Blazy é apenas o quarto designer chefe da casa francesa, fundada em 1910, sucedendo Virginie Viard, Karl Lagerfeld e a própria Gabrielle “Coco” Chanel. Para efeito de comparação, a casa Dior, que surgiu em 1946, teve sete diretores criativos até hoje, evidenciando a longevidade e a continuidade que Chanel busca manter em sua imagem.
No comunicado oficial da companhia, Bruno Pavlovsky, presidente da moda da Chanel, expressou sua satisfação com a escolha, afirmando estar “encantado” com Blazy à frente do próximo capítulo da marca. “Estou convencido de que ele será capaz de brincar com os códigos e o patrimônio da Casa, através de um diálogo contínuo com o estúdio, nossos ateliês e nossas Maisons d’art”, afirmou Pavlovsky. Ele também ressaltou que a personalidade audaciosa de Blazy, sua abordagem inovadora e poderosa na criação, bem como sua dedicação ao artesanato e aos materiais de alta qualidade, levarão a Chanel em direções emocionantes e novas.
Aos 40 anos, Matthieu Blazy acumulou mais de quatro anos na Bottega Veneta, sendo três como seu diretor criativo. Durante esse período, suas coleções foram amplamente elogiadas por sua visão distinta e pela capacidade de brincar com a elegância e a leveza. Sua marca registrada inegavelmente se tornou a estética trompe l’oeil, que transformou o couro em peças com a aparência de camisas de flanela, sacolas de papel e jeans denim. A inovação criativa de Blazy também se traduziu em sucesso comercial, uma façanha frequentemente desafiadora no mundo da moda, com suas vendas crescendo no primeiro semestre de 2024, enquanto as casas parentais, como Yves Saint Laurent e Gucci, relataram quedas de receita anuais.
Blazy nasceu em Paris e é de ascendência franco-belga. Ele estudou na escola de artes visuais La Cambre, em Bruxelas. Seu portfólio impressionante inclui estágios na Balenciaga sob a direção de Nicolas Ghesquière e na equipe de John Galliano. Após sua graduação em 2007, ingressou na marca homônima de Raf Simons como designer de menswear e posteriormente trabalhou com Simons na Calvin Klein. Também passou por funções em marcas renomadas como Maison Margiela e Céline.
O estilo de Blazy é conhecido por seu corte limpo e sofisticado, com uma forte presença de couro e acessórios excêntricos, contrastando de forma notável com o tradicionalismo do quilting e bouclé característico da Chanel. Sua nomeação não apenas sinaliza uma atualização visual no legado da marca, mas pode também ser um movimento estratégico para preparar a Chanel para o futuro. Em maio, a diretora executiva global da Chanel, Leena Nair, afirmou o desejo de moldar o que vem a seguir e enfatizou como a “visão de longo prazo” pode orientar a abordagem da marca.
Virginie Viard, que se despediu da Chanel em junho após cinco anos como diretora artística, teve uma longa trajetória na marca, onde iniciou como estagiária em 1987 e foi a braço direito de Karl Lagerfeld durante três décadas. O La Maison Chanel estava sob a orientação de Viard após a morte de Lagerfeld em 2019, e sua profunda conexão com o designer foi tão intensa que, em certa ocasião, Lagerfeld descreveu Viard como “meu braço direito e meu braço esquerdo”.
Sobre seu novo cargo, Blazy declarou em comunicado que “estou entusiasmado e honrado em me juntar à maravilhosa Casa de Chanel. Estou ansioso para conhecer todas as equipes e escrever este novo capítulo juntos”. A resposta na indústria da moda à sua nomeação será observada com expectativa, já que muitos agora se perguntam quais inovações ele trará para a lendária marca.
Por fim, cabe destacar que no mesmo dia da nomeação de Blazy, a Bottega Veneta anunciou Louise Trotter como sua nova diretora criativa, acentuando uma reconfiguração que certamente deixará marcas duradouras no panorama da moda global.