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O ex-presidente Donald Trump pode, de maneira não intencional, causar uma reviravolta significativa nas locações de filmagens da Hollywood, onde são criadas grandes produções cinematográficas e séries de televisão. No cenário atual, o setor de entretenimento passa por um período de contenção de gastos após as greves de roteiristas e atores em 2023, resultando em uma baixa na atividade de estúdios e equipe de produção no Canadá.

Embora as filmagens em território canadense tenham diminuído durante o ano, a vitória eleitoral de Trump trouxe uma nova esperança. Com a valorização do dólar americano em relação ao dólar canadense, os produtores de Hollywood podem encontrar um incentivo extra para utilizar a vasta infraestrutura de produção que o Canadá, especialmente Toronto e Vancouver, oferece. Essa mudança no cenário cambial pode resultar em economia para os estúdios que decidirem cruzar a fronteira para filmar.

A situação é bastante favorável para os produtores de Hollywood, já que a valorização do dólar torna o custo de produção no Canadá ainda mais atraente. O dólar canadense já havia caído para apenas um pouco mais de 70 centavos em relação ao dólar americano, um nível não visto desde 2020. Essa queda no câmbio já havia incentivado alguns estúdios a retornar ao Canadá para filmagens originais, embora em orçamentos mais restritos do que na época dos grandes investimentos anteriores à greve.

Além disso, a ameaça de Trump de impor uma tarifa de 25% sobre as exportações canadenses e mexicanas para os Estados Unidos poderá ainda depreciar ainda mais o valor do dólar canadense. Isso significa que os custos de produção em terras canadenses poderão ficar ainda mais em conta para os executivos americanos. Noah Segal, co-presidente da Elevation Pictures, em Toronto, destaca que flutuações na taxa de câmbio tendem a favorecer a produção de serviços canadenses e aumenta o valor que vem de co-produções internacionais.

É curioso como o cenário econômico torna-se um aliado inesperado em tempos de crise. Paul Bronfman, CEO da Comweb Corp e conselheiro sênior da Pinewood Toronto Studios, observa que se o dólar canadense continuar sua trajetória de desvalorização, ele se tornará irresistível para os produtores americanos. Com isso, a valorização do dólar gera um ciclo de produção que pode beneficiar tanto os estúdios quanto os cineastas independentes. Entretanto, a fragilidade da moeda também apresenta desafios, especialmente para estúdios de efeitos visuais que importam software e hardware dos Estados Unidos.

No entanto, nem tudo é otimista. Produtores independentes canadenses estão se adaptando e encontrando formas de contornar a ameaça de políticas comerciais adversas. Josh Bowen, co-CEO da Cutting Class Media, enfatiza a importância da inovação e de oferecer um valor agregado que faça com que seus parceiros ainda queiram manter a colaboração, mesmo diante de tarifas. Essa capacidade de adaptação e resiliência pode ser a chave para sobreviver e prosperar sob essas novas circunstâncias.

Jennifer Twiner McCarron, CEO da Thunderbird, uma produtora conhecida por projetos como Last Kids on Earth e Man in the High Castle, sugere que a relação de Trump com Hollywood talvez não seja das mais amistosas. Para ela, Trump pode não estar tão preocupado com a perda de trabalho em Hollywood. Isso reflete uma visão mais ampla daqueles que buscam manter a qualidade do conteúdo a preços mais acessíveis.

O que nos leva a considerar as potenciais mudanças no mercado.

O aumento do número de produções se traduzirá em uma competição renovada. Nicholas Tabbarok, um produtor independente de Toronto, menciona a realidade de competir por equipes e locações que também estão atraindo grandes estúdios americanos. No entanto, sua esperança reside na perspectiva de que um dólar canadense mais fraco trará mais negócios e financiamento para a indústria cinematográfica canadense.

Agora, o desafio se torna como as autoridades canadenses responderão a essas ameaças tarifárias e como elas podem proteger seu setor cinematográfico dos impactos diretos de políticas comerciais adversas. Com uma demanda crescente e a capacidade de resposta rápida ao mercado, Toronto se posiciona para se estabelecer como um destino preferencial para a produção cinematográfica e televisiva.

O ex-quase presidente deu uma nova dimensão ao cenário da produção em Hollywood, com as suas políticas criando um efeito cascata que pode transformar o setor. Resta saber se essa mudança será benéfica ou um obstáculo, mas uma coisa é certa: a criatividade da indústria cinematográfica canadense poderá ser testada mais uma vez em tempos de incertezas. Para os protagonistas da sétima arte em Toronto, o futuro pode reservar oportunidades inesperadas à medida que a disputa pelo mercado de cinema se intensifica.

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