A história de Pamela Sanchez e seu falecido filho, Nicholas, é um exemplo comovente de como o amor eterno pode se manifestar em gestos significativos. Durante o tratamento de leucemia que Nicholas enfrentou, ele expressou um desejo simples, mas profundo: ver as decorações de Natal em Nova York. Aquele desejo, embora não tenha se concretizado em vida, inspirou sua mãe a encontrar maneiras de honrar sua memória e espalhar o espírito natalino, mesmo em sua ausência.
No início de sua jornada contra a doença, enquanto se recuperava de um tratamento intenso, Nicholas Sanchez, que tinha apenas 27 anos na época, fez um pedido singelo à sua mãe. Ele mencionou que desejava ver as famosas vitrines de Natal de Nova York. “Suas palavras exatas foram: ‘Ver isso aquece seu coração’”, relembra Pamela. Para ela, esse pedido foi surpreendente, pois Nicholas nunca havia manifestado interesse em visitar a cidade que nunca dorme, e mais surpreendente ainda é o fato de que ele nunca mostrou real empenho em realizar essa viagem antes de sua doença. Naquele momento, a mãe de Nicholas, ciente da gravidade da condição do filho, percebeu que ele podia estar pensando que estaria enfrentando seus últimos dias.
Infelizmente, o destino não permitiu que mãe e filho realizassem esse sonho juntos; Nicholas faleceu em agosto de 2013, quando tinha apenas 28 anos. Contudo, a história não termina aqui. Pamela se comprometeu a manter vivo o desejo do filho em seu próprio lar, e assim começou uma tradição extraordinária. Desde então, ela se dedica a encher sua casa na Califórnia com mais de uma dúzia de árvores de Natal decoradas de forma elaborada e temática. Nessa busca incansável por recriar a mágica do Natal de Nova York, Pamela decidiu que cada árvore representaria uma parte da alegria que Nicholas havia imaginado.
Toda preparação para a grande comemoração começa em 1º de setembro, quando Pamela e seu marido, Edward, iniciam o processo de decoração para um evento especial denominado “Esperança para os Feriados”, que acontece anualmente em meados de dezembro. “Meu objetivo era criar a sensação que Nick descreveu, algo que realmente aquece o coração,” disse Pamela. Para isso, ela utiliza relíquias de família e experimenta criar temas que muitas vezes vão além da árvore, transformando inteiros cômodos para se alinharem ao espírito de cada decoração. Um dos destaques deste ano foi uma árvore inspirada na praia, que foi montada em uma área coberta de areia, trazendo um pouco do calor do verão à festa natalina.
A celebração, que ocorrerá no dia 14 de dezembro deste ano, vai contar com 16 árvores totalmente decoradas e se tornou uma tradição do clã Sanchez, atraindo cerca de 200 convidados. Durante o evento, os “netos” de Pamela atuam como guias durante a visita, destacando que muitos deles não são familiares de sangue, mas amigos de Nicholas que os chamam de avô e avó. Além de honrar a memória do filho, o evento também levanta fundos para o centro de câncer onde Nicholas recebeu tratamento. Ao longo dos anos, a família conseguiu arrecadar impressionantes $96,336 para a City of Hope, um centro nacional de tratamento oncológico que se tornou uma parte importante da vida de Nicholas.
A jornada de Nicholas contra a leucemia começou em 2012, quando ele ligou para sua mãe enquanto dirigia um caminhão. Ele compartilhou que estava se sentindo mal e a preocupação de sua mãe se intensificou. Após uma série de exames, ele foi diagnosticado com leucemia mieloide aguda, um tipo de câncer no sangue e na medula óssea considerado particularmente agressivo. A luta pela sua saúde foi longa e repleta de desafios, incluindo dificuldades financeiras que impediram que ele buscasse o tratamento ideal e eficaz. Depois de diversos contratempos e tentativas frustradas, a família finalmente encontrou esperança ao conseguir o tratamento na City of Hope, onde Nicholas recebeu novas rodadas de quimioterapia e um transplante de medula. O hospital em que ele foi tratado adotou um carinho especial por Nicholas, que rapidamente conquistou o coração das crianças e enfermeiros ao redor. “As enfermeiras lutavam para ver quem teria o privilégio de cuidar dele à noite”, observa Pamela.
Nos momentos de recuperação, eles conseguiram passar um último Natal juntos. “É uma memória especial”, confessou Pamela, revelando os sentimentos de saudade que a acompanhavam. Após a hospitalização e um breve período de alívio, a doença retornou e Nicholas, apesar da bravura, teve seu tempo se esgotado. Mesmo assim, Pamela se alegra ao lembrar que ele não parecia sofrer muito em seus últimos momentos. “Ele estava com seus amigos, ainda brincando e fazendo piadas. No dia seguinte, ele adormeceu”, disse, emocionada.
A comemoração que Pamela realiza a cada ano, além de ser um tributo ao que Nicholas mais amava – o Natal – também tem ajudado muitas famílias que enfrentam lutas semelhantes. Pessoas que visitam sua casa não apenas preservam a memória de Nicholas vivas, mas também ajudam a promover uma causa maior, trazendo esperança a outras vidas impactadas pelo câncer. “Um dos amigos dele me disse: ‘Adoro vir aqui. Isso apenas me coloca no espírito natalino ao ver tudo isso’,” compartilha Pamela, com um sorriso que reflete tanto a dor do passado quanto a luz do presente. Para ela e seu marido, essa celebração se tornou o verdadeiro significado do Natal, uma época de altruísmo, memória e amor que transcende a própria vida.