No prévio contexto da reunião anual de acionistas da TuSimple, que ocorrerá nesta sexta-feira, um drama significativo se desenrola. O co-fundador e ex-CEO da empresa, Xiaodi Hou, está decidido a reverter a situação atual, que inclui a composição do conselho de diretores da companhia. O clima está tenso, e as ações de Hou nas últimas semanas têm sido de extrema assertividade, incluindo ações legais e exigências diretas ao atual conselho. Com isso, ele busca restabelecer sua influência na companhia que ajudou a fundar.
Nos últimos dias, Hou processou a TuSimple em uma tentativa de retomar o controle sobre seus direitos de voto, solicitou que a empresa liquidasse imediatamente seus ativos e devolvesse todo o caixa restante aos acionistas e ainda pediu que os tribunais bloqueassem a transferência de fundos da empresa para a China. Essa série de ações reflete uma insatisfação profunda com as diretrizes atuais da empresa e uma busca por mudanças significativas na sua gestão.
Na segunda-feira, Hou enviou uma carta aberta aos acionistas, onde expressou suas intenções de lançar um processo de consentimento escrito que permitirá a remoção dos diretores atuais do conselho, substituindo-os por aqueles que apoiam suas propostas de liquidação. Isso indica que, mesmo que os seis diretores incumbentes sejam reeleitos na reunião anual, os acionistas que desejam ver mudanças terão outra oportunidade de agir. A razão por trás dessa estratégia é clara: ele quer garantir que sua voz seja ouvida, independentemente do que ocorrer na reunião.
Por outro lado, a TuSimple está tentando, de forma proativa, obter a reeleição de seus diretores existentes e também propôs um plano de escalonamento do conselho. Se essa proposta for aprovada, impediria futuras tentativas de remover todos os membros do conselho simultaneamente, o que significa que a empresa procura consolidar o poder de sua atual liderança, mesmo em meio a um cenário conturbado. Em meio a toda essa agitação, a empresa não respondeu prontamente aos pedidos para comentários, o que só contribui para a aura de incerteza que a envolve.
Com a empresa fundada em 2015 dando os seus primeiros passos no mercado público em 2021, o cenário atual pode parecer um tanto contraditório. A trajetória da TuSimple tem sido marcada por altos e baixos, incluindo o fechamento de suas operações nos Estados Unidos e a deslistagem da bolsa de valores no início de 2024. A empresa anunciou planos de relançar os testes de veículos autônomos na China, embora tenha demitido a maior parte da equipe de direção em automação anteriormente neste ano. Para muitos acionistas, incluindo Hou, essa mudança de direção não é apenas incompreensível, mas potencialmente prejudicial.
O que preocupa ainda mais os acionistas é o novo foco da TuSimple em utilizar seus fundos de operações americanas — capital que foi levantado antes da deslistagem e que era destinado a um futuro promissor — para financiar uma nova unidade de animação em inteligência artificial e jogos. Não é surpresa que esta decisão tenha gerado descontentamento entre investidores, que esperam um retorno significativo em função de seus investimentos. “Escrevo a você hoje não apenas como um investidor, mas como um co-fundador que dedicou sete anos de paixão, energia e compromisso pessoal para fazer da TuSimple um líder mundial em direção autônoma”, expressou Hou em sua comunicação aos acionistas. Ele continua, afirmando que a atual liderança está distantes de alcançar essa visão, levando muitos a acreditar que a liquidação pode ser a saída mais justa para os acionistas, com um potencial retorno de até US$ 1,93 por ação.
No mercado, as ações da TuSimple valeram US$ 0,40 na segunda-feira, e a avaliação otimista de Hou para quase US$ 2 por ação se baseia em relatos anteriores que indicaram que a TuSimple possuía aproximadamente US$ 450 milhões disponíveis em caixa nos Estados Unidos até setembro. Essa possibilidade de retorno para os acionistas é um argumento poderoso que Hou utiliza em sua busca por mudanças, pressionando a atual administração a reconsiderar sua estratégia.
Desde sua saída das funções executivas em 2022 e sua renúncia ao conselho em 2023, em meio a acusações de tentativa de aliciamento de funcionários, Hou tem lutado para reverter a situação. Sua alegação de demissão sem justa causa e sua saída do conselho, protestando contra a compensação exorbitante de seu sucessor em um momento de demissões em massa, ainda pairam como sombras sobre sua relação com a empresa.
Ao final de novembro, ele processou a TuSimple e Mo Chen, co-fundador e diretor da companhia, para retomar o controle sobre seus direitos de voto. Afirmando que um acordo de votação de 2022, que atribuiu a Chen controle sobre suas ações Classe B, expirou em 2024, Hou está determinado a restaurar um papel ativo em suas decisões. TuSimple e Chen, por sua vez, contestam essa afirmação, argumentando que, mesmo possuindo as ações, Hou ainda precisa se alinhar às diretrizes de voto de Chen.
É evidente que a disputa em torno de sua participação de 27,9% não será resolvida rapidamente, mas sim aguardará uma audiência agendada para o primeiro trimestre de 2025. Esse cenário promete apenas intensificar as tensões entre os acionistas e a administração da TuSimple à medida que o futuro da empresa permanece incerto.
Fontes: TechCrunch, MarketWatch