Washington
CNN
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A recente decisão do presidente Joe Biden de perdoar seu filho, Hunter Biden, provocou uma avalanche de críticas, não apenas por parte da oposição política, mas também de uma de suas principais assessoras, Anita Dunn. Em uma declaração contundente, Dunn descreveu a estratégia de comunicação em relação ao perdão como “excepcionalmente mal cronometrada”. Essa crítica põe em destaque as tensões que permeiam a administração Biden e a complexidade do cenário político atual.
Durante um painel de discussão com a renomada jornalista Maggie Haberman, da New York Times, publicado na quarta-feira, Dunn ressaltou que a escolha do momento para o anúncio do perdão, coincidente com os eventos ao redor de Kash Patel, foi especialmente imprudente. Dunn refletiu sobre o papel de Biden, um líder que se propôs a restaurar a confiança na legalidade, afirmando que a decisão de perdoar seu filho poderia ser interpretada como uma contradição a essa promessa.
A figura leal de Dunn dentro da administração Biden, sua compreensão ampla das estratégias políticas e da dinâmica familiar destacou-se em suas críticas. Após a saída de Biden da corrida presidencial de 2024, ela se afastou da Casa Branca para se juntar a um super PAC que apoia a vice-presidente Kamala Harris. Este movimento foi recebido com certa especulação sobre os motivos por trás da sua saída e sobre a estabilidade interna da administração.
Em uma outra afirmação resonante, feita durante o evento New York Times DealBook Summit em 4 de dezembro, Dunn enfatizou que o perdão de Hunter Biden podia ser visto como um desgaste da confiança no sistema judicial dos Estados Unidos, um tema que está na vanguarda do debate político contemporâneo. A maneira como o perdão foi anunciado e justificado pôs em dúvida as intenções do presidente e desafiou a visão de um governo que se propôs a ser sinônimo de justiça e decoro.
“Não concordo com a maneira como foi realizado, nem com o timing, e sinceramente, não concordo com o ataque ao nosso sistema judicial”, afirmou Dunn, reiterando suas reservas em relação à fundamentalidade da decisão, seu timing e a lógica subjacente. Essa declaração de uma ex-consultora tão próxima a Biden exemplifica a crescente inquietação e desconforto, que permeiam os bastidores da política nacional.
Dunn sugeriu que a decisão, assim como a mensagem que a acompanhava, teria sido elaborada internamente pela família Biden e pela equipe de defesa de Hunter. O presidente afirmou que a decisão foi tomada durante o feriado de Ação de Graças, enquanto estava com a família em Nantucket, realçando a natureza intimista e privatizada do anúncio. Essa abordagem, segundo Dunn, não envolveu efetivamente a Casa Branca em seus procedimentos, refletindo um desvio da prática convencional de comunicação governamental.
“A Casa Branca realmente não fez parte desse processo. Foi algo muito interno envolvendo a família e os advogados de defesa”, disse ela, colocando um foco ainda maior sobre a estrutura organizacional e as práticas de comunicação da administração. Essa observação gera perguntas sobre a efetividade das estratégias de comunicação da Casa Branca e seu impacto na confiança pública.
Uma pesquisa recente da CNN/SSRS, divulgada na quarta-feira, revela que apenas um terço dos americanos (32%) aprovam a decisão do presidente de perdoar seu filho, enquanto impressionantes 68% desaprovam. Esses dados reforçam a percepção de que a decisão de Biden não ressoou bem com a população e sugere que a administração pode estar enfrentando um crescente distanciamento entre seus princípios e a vontade do eleitorado.
Em resposta às críticas, a Casa Branca defendeu a decisão de Biden, com a secretária de imprensa Karine Jean-Pierre argumentando que o ex-presidente Donald Trump não hesitaria em levar à frente possíveis acusações contra Hunter Biden no futuro. “Acredito que ele realmente acreditou que já era suficiente. O que vimos nos últimos cinco anos, os opositores políticos do presidente afirmaram isso, e não é nem mesmo o presidente dizendo, eles mesmos o afirmam que estavam indo atrás de Hunter Biden”, disse Jean-Pierre em 2 de dezembro, ressaltando a pressão política sobre a decisão e o efeito que isso pode ter sobre a percepção pública da administração.