A série de tirinhas The Far Side, criada por Gary Larson em 1979, é celebrada por seu estilo icônico de um único painel, que apresenta uma narrativa fluida repleta de humor absurdista. Ao contrário de franquias como Peanuts ou Garfield, o Far Side não segue um personagem recorrente, mas utiliza ilustrações para contar piadas, onde cada desenho é uma história independente, servindo unicamente ao humor que carrega. Essa liberdade criativa permite a inclusão de uma variedade impressionante de personagens, e um dos temas mais engraçados abordados pela série diz respeito aos cowboys. Vamos explorar dez tirinhas que mostram como os cowboys são apresentados de maneira hilária na obra de Larson, isso mesmo, você leu corretamente! Prepare-se para surpresas com personagens que não se importam em se tornar o alvo das piadas.

Um exemplo inicial é a tirinha em que um cowboy visita uma loja de conveniência e se depara com um cartaz anunciando ‘sidekicks’ à venda. Os três ‘sidekicks’ expostos na vitrine mais parecem cachorrinhos tentando ser escolhidos por seus futuros donos, todos esperançosos por uma nova oportunidade. Essa cena não apenas oferece uma crítica divertida aos típicos sidekicks vistos no cinema Western, como em The Lone Ranger ou qualquer filme de John Wayne, mas também reinterpreta o ato de selecionar um companheiro como se fosse um processo utilitário, em vez de uma camaradagem espontânea.

Uma tirinha que merece destaque pela sua interpretação literal é a que retrata um cowboy carregando seu amigo gravemente ferido para dentro de um saloon, gritando por ajuda. O motivo do susto? Seu amigo havia “montado no pôr do sol” – e não, isso não é uma referência romântica, mas sim uma ocorrência, bem, literalmente devastadora. O tradicional ‘montar ao pôr do sol’ é uma metáfora comum nos filmes de faroeste, mas a interpretação hilariante de Larson leva isso a um novo patamar de absurdismo que precisa ser apreciado.

O humor da série também se destaca em sua habilidade de abordar temas controversos, como na tirinha que mostra um cowboy sendo confrontado por um colega carnívoro enquanto este come uma coxa de frango. O cowboy vegetariano, sem saber, recusa a oferta, e o outro cowboy se ofende. Essa situação cômica levanta a questão das interações sociais entre cowboys e como escolhas alimentares podem provocar desentendimentos com consequências inesperadas. Larson nos faz rir ao trazer à tona a ideia de que, em um mundo de bandidos e heróis, pode surgir um debate sobre culinária.

O famoso e nostálgico tema musical “Home on the Range” também não escapou do olhar mordaz de Larson. Em uma tirinha, um grupo de cowboys se encontra à mesa, e um deles comete o pecado de proferir uma palavra desencorajadora – um ato inaceitável em sua cultura. Essa cena satiriza de forma brilhante a canção e revela como a pressão do grupo pode ser sombria, mesmo em um ambiente que deveria ser alegre e acolhedor.

Cowboys, em geral, são associados a habilidades de tiro excepcionais, uma imagem solidificada em filmes clássicos. No entanto, em The Far Side, o conceito de ‘tiro’ é reinterpretado de maneira absurda, levando a um jogo de cartas com armas em vez de um duelo tradicional. Esta tirinha é uma exploração do que ‘gunplay’ poderia significar se o absurdismo entrasse em cena, sendo uma crítica à seriedade da cultura do faroeste que, muitas vezes, é levada ao extremo.

Outra tirinha memorável explora a ideia clichê de que “essa cidade não é grande o suficiente para nós dois”, onde os dois cowboys estão esperando para um duelo. Contudo, em The Far Side, esse velho ditado é levado a uma nova e literal interpretação, resultando em uma situação que provoca risadas por sua total falta de lógica, mostrando que o faroeste não precisa sempre ser um campo de batalha e que um pouco de absurdismo faz maravilhas por essas narrativas.

Uma reviravolta hilária também acontece quando um cowboy é forçado a “dançar” após os atitudes de bandidos que atiram aos seus pés. A situação torna-se cômica não apenas pelo ato de dançar, mas pela forma como o cowboy leva a instrução a sério, ignorando o verdadeiro intuito da ordem e aproveitando a chance de brilhar em meio ao terror. Essa tirinha exemplifica a maneira como Larson transforma situações comuns em cenários de puro divertimento.

Um momento de grande humor ocorre quando um grupo de urubus se alimenta de um cowboy caído. Um dos urubus, em um ato ainda mais absurdo, decide experimentar as roupas do cowboy, tornando-se efetivamente um cowboy. Essa tirinha não apenas provoca risadas, mas também questiona a ideia de identidade dentro do mundo cômico de The Far Side, mostrando que até os urubus podem aderir ao espírito cowboy. A habilidade de Larson em criar situações inusitadas é um testemunho de seu talento.

Um duplo duelo, mas em vez de exigir armas, um jogo de ping-pong entre dois cowboys que resolve suas diferenças de maneira pouco convencional é mais uma prova do humor singular que permeia a obra de Larson. O contraste entre a seriedade de duelos e a absurdidade de um jogo de mesa fornece um riso fácil para quem o lê.

Finalmente, a famosa frase “atire primeiro, pergunte depois” ganha uma nova camada de humor quando um cowboy, após matar outro, começa a fazer perguntas para o corpo do falecido. Essa tirinha representa a urgência e a inconsequência com que as palavras podem ser ditas, alinhando-se perfeitamente ao estilo de The Far Side, onde a lógica dos personagens muitas vezes não se alinha ao convencional.

Como podemos ver, o universo de The Far Side é um campo fértil para a observação do comportamento humano através de uma lente cômica e muitas vezes absurdista. Gary Larson continua a nos encantar com a forma como consegue transformar o cotidiano em pura hilaridade, especialmente quando se trata dos icônicos cowboys. Esse humor atemporal prova que o riso é realmente um dos melhores remédios e, se você ainda não teve a oportunidade de explorar a obra de Larson, está na hora de se permitir essas risadas.

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