A Guilde de Animação está em debate sobre suas novas negociações com os estúdios de Hollywood. A executiva do sindicato emitiu um comunicado onde defendem o acordo provisório de trabalho alcançado com a Aliança dos Produtores de Cinema e Televisão (AMPTP) após alguns membros do comitê de negociação expressarem publicamente sua intenção de não ratificá-lo. A diretoria manifestou seu apoio, apontando que o contrato, elaborado com a AMPTP, é o mais forte em uma década, trazendo melhorias significativas nas condições de trabalho, aumentos salariais substanciais e novas proteções para os membros.

Na mensagem enviada aos membros na quarta-feira, a diretoria declarou que o acordo foi alcançado no dia 22 de novembro e que, em sua análise, os membros do sindicato, muitos dos quais atuam na indústria de animação, deveriam ver os benefícios desse pacto. “Acreditamos que este acordo é o mais forte que a união já negociou nos últimos dez anos, apresentando melhorias significativas em diversas áreas, como salários, condições de trabalho e novos direitos”, afirmaram os diretores. Além disso, foi ressaltado que mais de 90% dos membros que participaram diretamente das negociações estavam a favor da ratificação do contrato, o que contrasta com as vozes dissidentes surgidas nas redes sociais.

Entretanto, a posição da diretoria não é compartilhada por todos. Membros do comitê de negociação, incluindo o escritor e diretor Mike Rianda, e outros profissionais de renome como Joey Clift e Kelly Lynne D’Angelo, usaram as redes sociais para expressar sua oposição ao acordo. As críticas giram em torno das disposições do contrato relacionadas ao uso de IA generativa, questão que gera preocupação em toda a indústria de animação e entretenimento. Os críticos alegam que as cláusulas de proteção em relação ao uso de IA e à terceirização de trabalhos são insuficientes e podem deixar os trabalhadores vulneráveis no futuro.

Spencer Rothbell, membro da equipe de apoio do comitê de negociações, reforçou também suas preocupações sobre “a fragilidade do contrato no que diz respeito ao uso de IA e suas implicações”. Em sua opinião, embora haja conquistas relacionadas a salários e benefícios, a linguagem do contrato é muito ambígua, podendo abrir brechas para abusos. A diretoria reconheceu que a questão da IA generativa é complexa e demanding e demandará mais atenção na elaboração de futuras convenções coletivas. “Reconhecemos o desafio que a IA representa para o nosso setor e estamos comprometidos em proteger nossos membros. Porém, destacamos que as cláusulas contratuais não podem, por si sós, resolver a complexidade dessa questão”, afirmaram.

Com o processo de ratificação já em curso, que começou na terça e terminará no dia 22 de dezembro, o representante da Guilda, Steve Kaplan, alertou sobre os possíveis riscos que envolvem a rejeição do contrato. Em matéria publicada pelo The Hollywood Reporter, Kaplan destacou que não ratificar o acordo poderia acarretar na reabertura das negociações, o que poderia resultar na perda de conquistas já alcançadas. Ele enfatizou a necessidade de se avançar com sabedoria e cautela, especialmente em tempos de tantas incertezas na economia e no mercado de trabalho.

Em resumo, o diálogo sobre o futuro do trabalho na animação está mais intenso do que nunca. A diretoria da Guilda defende o contrato, enquanto crítica expressa dúvidas sobre suas provisões. Antes da data final para a votação, é essencial que todos os membros estejam cientes dos detalhes do acordo e das implicações que ele pode ter para o futuro da animação. Todos, desde os diretores e escritores até os animadores, têm interesse em como esses novos termos afetarão não apenas os salários e as condições de trabalho mas também a integridade da arte da animação no contexto das novas tecnologias em desenvolvimento.

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