Washington — Uma audiência da força-tarefa bipartidária que investiga as tentativas de assassinato contra o presidente eleito Donald Trump transformou-se em uma troca acalorada de gritos quando o deputado republicano Pat Fallon acusou o diretor interino do Serviço Secreto, Ronald Rowe, de “fazer politicagem” durante sua participação em um evento em memória do 11 de setembro. A serenidade fora da sala parece ter evaporado completamente no momento em que Fallon expôs uma foto no qual Trump, o presidente Biden, a vice-presidente Kamala Harris e o vice-presidente eleito JD Vance se encontravam no evento que ocorreu em Nova York, em setembro. Na imagem, Rowe estava claramente visível, ocupando a posição logo atrás de Harris, que, na época, era candidata à presidência, o que despertou a indignação do representante texano.

“Quem costuma estar mais próximo do presidente dos Estados Unidos em um evento como esse, em termos de segurança?” questionou Fallon enquanto apontava para a imagem, um indício claro de sua intenção de expor a vulnerabilidade do segurança do evento. Rowe, interpretando a pergunta como uma tentativa de deslegitimar sua presença, respondeu que a figura do agente especial responsável pela segurança não aparecia na foto, mas estava apenas fora do quadro. Ele justificou sua presença no evento como uma demonstração de respeito pelos membros do Serviço Secreto que perderam a vida em 11 de setembro. “É um dia em que lembramos as mais de 3.000 vidas perdidas”, enfatizou Rowe, fazendo referência a sua própria experiência durante os eventos daquela tragédia.

Rep. Pat Fallon gets into a heated exchange with U.S. Secret Service Acting Director Ronald Rowe during a hearing on Dec. 5, 2024, on Capitol Hill.
O deputado Pat Fallon envolve-se em uma troca acalorada com o diretor interino do Serviço Secreto, Ronald Rowe, durante uma audiência em 5 de dezembro de 2024, no Capitólio. 
CBS News

Com o clima previamente tenso, Rowe imediatamente reprovou a tentativa de Fallon de usar um evento memorial para fins políticos, dizendo: “Não invoque 11 de setembro para fins políticos.” A resposta do congressista foi direta, classificando a insinuação do diretor como “uma montanha de besteira”. “Não tente me intimidar”, afirmou Fallon, com uma persistência que refletiu sua posição. “Sou um membro eleito do Congresso e estou lhe fazendo uma pergunta séria. Você está jogando política.” Esta resposta colocou Rowe em um canto, que prontamente respondeu: “E eu sou um servidor público que atuou por este país e estive presente em um dos dias mais sombrios; não politicize isso.”

Rowe enfatizou que sua presença no memorial era uma representação do Serviço Secreto e que isso não havia impactado as operações de proteção. Contudo, Fallon não cedeu, chamando-o de responsável por colocar a vida do presidente Biden e da vice-presidente Harris em perigo ao “deslocar(sem a devida preparação os agentes de segurança”. Isso culminou na pergunta retórica de Fallon sobre se Rowe tinha consigo um rádio, colete ou arma durante o evento. “Você sabe por que você estava lá? Porque você queria ser visível, porque você estava fazendo uma apresentação para um emprego que você não vai conseguir!”, gritou Fallon.

Em meio a pedidos de respeito recíproco, Rowe se firmou, afirmando que estava “fora de linha” ao receber tais acusações. É importante notar que Rowe foi selecionado como diretor interino do Serviço Secreto após a saída de Kimberly Cheatle, que renunciou em julho, seu desempenho em uma audiência anterior não tendo sido celebrado, como indicado na insatisfação dos congressistas. Espera-se que Trump indique um diretor permanente após assumir o cargo, previsto para o final de janeiro.

Durante a audiência, Rowe também teve que responder a questionamentos sobre as falhas de segurança que permitiram que o atirador, Thomas Matthew Crooks, acessasse um telhado em proximidade perigosa de onde Trump falava, resultando em ferimentos de dois espectadores e a morte de um homem. “13 de julho foi uma falha do Serviço Secreto em garantir adequadamente o local do evento e proteger o presidente eleito Trump”, afirmou Rowe em um testemunho introdutório. “Essa falha clara destacou lacunas críticas nas operações do Serviço Secreto e reconheço que não atendemos às expectativas do público americano, do Congresso e dos nossos protegidos”, concluindo com uma citação ao peso da responsabilidade que recai sobre a agência.

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