Na última quarta-feira, o presidente eleito Donald Trump anunciou oficialmente sua decisão de nomear Kari Lake como diretora da Voice of America (VOA), a maior emissora internacional financiada pelo governo dos Estados Unidos. Essa escolha representa uma continuidade da influência de Trump nas instituições federais e demonstra seu compromisso em manter aliados próximos em posições chave dentro do governo.

A notícia vem após a derrota de Lake em sua candidatura ao Senado do Arizona, onde foi superada pelo representante democrata Ruben Gallego nas eleições de novembro. Apesar desse revés, ficou claro que a lealdade de Lake a Trump não passou despercebida, com o ex-presidente afirmando em uma publicação em sua plataforma Truth Social que ela “será nomeada e trabalhará em estreita colaboração com o próximo líder da Agência de Mídia Global dos EUA, que anunciarei em breve”.

Kari Lake, que se destacou como âncora de notícias por muitos anos em Phoenix, Arizona, é vista como uma partidária intensa de Trump, tendo também perdido a eleição para governadora do estado em 2022. Durante suas campanhas, ela se mostrou uma defensora dos pontos de vista de Trump, defendendo suas alegações infundadas sobre fraudes nas eleições de 2020. Esta nova posição oferece a ela uma plataforma significativa para potencializar sua influência na comunicação internacional e moldar a forma como os Estados Unidos se apresentam globalmente.

Kari Lake
Kari Lake durante a Conferência de Ação Política Conservadora da Argentina em Buenos Aires, Argentina, em 4 de dezembro de 2024. 
Anita Pouchard Serra/Bloomberg via Getty Images

A Voice of America, parte da Agência de Mídia Global dos EUA (USAGM), é uma emissora respeitada que transmite notícias para uma audiência global que, segundo estimativas, chega a 354 milhões de pessoas por semana em 49 idiomas, utilizando rádio, televisão e plataformas online. Este canal de comunicação foi fundado em 1942 e conta com cerca de 2.000 empregados, além de um orçamento anual de aproximadamente 260 milhões de dólares. A USAGM é caracterizada como uma agência federal independente, o que histórico e politicamente a torna uma peça central na estratégia de comunicação internacional dos Estados Unidos.

Na noite de quarta-feira, Kari Lake expressou sua satisfação e honra em assumir essa nova função através de uma postagem nas redes sociais, afirmando que, “sob sua liderança, a VOA irá brilhar em sua missão: cronicar as conquistas da América em todo o mundo”. Contudo, sua nomeação ainda precisa passar pela confirmação do Senado, o que indica que sua ascensão ao cargo pode enfrentar desafios a depender do clima político no Congresso.

É importante lembrar que, durante o primeiro mandato de Trump, a independência editorial da USAGM foi colocada em dúvida após a nomeação de Michael Pack, um cineasta conservador e aliado próximo do ex-conselheiro de Trump, Steve Bannon, como seu CEO. A gestão de Pack foi marcada por decisões polêmicas, incluindo a não renovação dos vistos de 10 jornalistas da VOA, o que levantou preocupações sobre a potencial diminuição da independência editorial das transmissões da VOA, preocupações que ecoaram tanto entre os membros do Congresso quanto entre a comunidade internacional.

Atualmente, John Lippman atua como diretor interino da VOA desde outubro de 2023, enquanto Amanda Bennett é a CEO da USAGM. O futuro da emissora sob a possível liderança de Kari Lake ainda está em aberto, mas a expectativa é alta entre os seguidores de Trump, que esperam que sua nomeação traga um novo foco nas emissões que promovem a narrativa conservadora. A verificaçãode sua independência e integridade editorial se torna, assim, um ponto crucial a ser acompanhado com atenção nos próximos meses.

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