Na tarde de uma segunda-feira quente em Palm Beach, na Flórida, Donald Trump, presidente eleito dos Estados Unidos, se reuniu com Shou Chew, o CEO da TikTok, em seu luxuoso Mar-a-Lago Club. Essa reunião ocorre em um contexto tenso, onde a popular plataforma de vídeos curtos busca a intervenção da Suprema Corte em uma batalha judicial envolvendo a possibilidade de ser banida em território americano. Os desdobramentos desse encontro podem ter grandes implicações não apenas para a TikTok, mas também para o cenário tecnológico e político do país.
De acordo com fontes ligadas ao evento, esta é a primeira vez que Trump e Chew se encontram desde a vitória eleitoral do presidente em novembro. O chefe da TikTok, que já havia sido visto nas dependências do resort de Trump no início de dezembro, manifestou desde então seu desejo de conversar com o líder eleito. Essa reunião se insere em uma série de encontros que Trump está realizando com executivos de importantes empresas de tecnologia dos Estados Unidos, um claro sinal de sua intenção de fomentar laços com essas figuras chave em sua administração.
O pano de fundo desse encontro é uma solicitação feita pela TikTok à Suprema Corte poucas horas antes do início da reunião, onde a plataforma pediu que o tribunal intervento em um litigio que envolve a implementação de uma lei que determinaria a venda da companhia a um novo proprietário não chinês ou sua proibição total nos Estados Unidos, a qual deve entrar em vigor no dia 19 de janeiro. Com essa legislação, as lojas de aplicativos e serviços de internet pelos Estados Unidos poderão ser multadas de forma significativa caso o TikTok não seja vendido até a referida data. Além disso, o presidente sob esta legislação teria a opção de emitir uma prorrogação única do prazo, o que demonstraria uma flexibilidade nas ações previstas a respeito da plataforma.
Trump parece estar considerando uma abordagem diferente em relação à TikTok, embora não tenha fornecido detalhes explícitos sobre como isso poderia se concretizar. Durante uma coletiva de imprensa realizada nesta segunda-feira, que foi seu primeiro evento desse tipo desde as eleições, o presidente afirmou: “Eu tenho um carinho especial pelo TikTok, porque ganhei os jovens por 34 pontos e há quem diga que o TikTok tem algo a ver com isso.” É interessante notar que, segundo as pesquisas da CNN sobre as eleições de 2024, Trump perdeu o apoio de jovens entre 18 e 29 anos para a vice-presidente Kamala Harris por uma margem de 11 pontos.
O cenário crítico em que a TikTok se encontra se torna mais evidente à medida que avança o mês de janeiro. A plataforma precisa vencer o desafio de convencer sua empresa-mãe, a ByteDance, a vender suas operações americanas e encontrar um comprador, um movimento que a ByteDance sinalizou que não está disposta a realizar. O tempo urge e, com isso, a pressão aumenta sobre ambas as partes, à medida que o prazo se aproxima.
Solicitação de emergência da TikTok à Suprema Corte
A apelação de emergência apresentada pela TikTok à Suprema Corte introduce um elemento de alta visibilidade em uma disputa que envolve questões de segurança nacional, citadas pelo Congresso em relação ao controle chinês sobre o aplicativo. Ao mesmo tempo, os usuários da plataforma e seus executivos argumentam que a proibição viola o Primeiro Amendamento da Constituição, que garante a liberdade de expressão. Recentemente, um tribunal de apelações federal deu suporte à decisão de proibição, afirmando que o governo possui um interesse legítimo na regulamentação da plataforma, especialmente em questões de segurança nacional.
Se a Suprema Corte não intervir, a proibição entrará em vigor um dia antes que Trump assuma a presidência. Essa situação peculiar levanta uma série de questões sobre quem exercerá autoridade sobre a TikTok e como as decisões que envolvem a tecnologia vão se desenrolar sob a nova administração. A apelação chegou ao que críticos chamam de “docket sombra” da corte, logo após o DC Circuit Court of Appeals negar o pedido da TikTok para bloquear temporariamente a aplicação da lei, o que representa uma nova derrota para a plataforma em sua luta pela continuidade da operação nos Estados Unidos.
Os advogados da TikTok estão solicitando que a Suprema Corte bloqueie temporariamente a proibição para que a empresa tenha tempo suficiente para solicitar que os juízes revisem seu desafio à lei. Se a corte aceitar o caso, a execução da lei deverá permanecer suspensa até que se decida se o caso será ouvido.
Essa história promete ser apenas o começo de um intricado embate entre tecnologia e legislação, onde as decisões que serão tomadas nas próximas semanas poderão ter consequências profundas para a indústria de tecnologia, para a liberdade de expressão na internet e para a relação entre os Estados Unidos e a China. À medida que o relógio avança e o prazo para a implementação da proibição se aproxima, muitos estão de olho para ver qual será o próximo movimento do ex-presidente Trump e da TikTok nessa dramática luta.
John Fritze contribuiu para este relatório.
Para mais informações sobre a situação política e tecnológica, acesse CNN.