À medida que a guerra na Ucrânia avança, novos desenvolvimentos mostram as crescentes tensões e a intensificação das hostilidades. Nas últimas semanas, a Rússia intensificou sua campanha aérea, utilizando uma quantidade alarmante de drones, enquanto uma fábrica secreta em sua região de Tartaristão se destaca no cenário da indústria de defesa. Este artigo explora como a estratégia russa se adapta às novas demandas de combate, levando em conta o papel crucial da produção de drones na luta contínua contra a Ucrânia.
Na cidade de Kyiv, em um telhado, um grupo de juízes ucranianos realiza um trabalho inusitado: em suas folgas, eles servem como uma unidade de defesa aérea improvisada, armados apenas com metralhadoras da era soviética. Um deles, Yuriy Chumak, descreveu essa situação como “a forma mais barata” de defesa, ressaltando a relutância da Ucrânia em utilizar mísseis ocidentais caros contra drones relativamente baratos. Esses juízes se reúnem a cada quinzena para fazer turnos de 24 horas monitorando os céus em meio a uma escalada de ataques aéreos.
O aumento recente nos ataques de drones por parte da Rússia é nada menos que alarmante. De acordo com uma contagem da CNN, os ataques passaram de cerca de 400 em maio para mais de 2.400 em novembro, enquanto já ocorreram pelo menos 1.700 ataques apenas em dezembro. Este aumento repentino reflete uma corrupção na segurança da Ucrânia, levando civis a viverem sob constante medo e tensão.
Os dados de inteligência também revelaram detalhes sobre a expansão de uma fábrica secreta na Zona Econômica Especial de Alabuga, na região russa de Tartaristão. Esta fábrica tem aumentado significativamente sua produção de drones de ataque e vigilância projetados por iranianos, utilizando uma combinação de componentes chineses e uma força de trabalho composta majoritariamente por adolescentes russos e mulheres africanas, de acordo com fontes da inteligência ucraniana e análises de redes sociais. Em resposta à crescente demanda, a fábrica começou a produzir milhares de drones “isca”, projetados para exaurir as defesas ucranianas, conforme indicado por imagens de satélite que mostram a construção de novos edifícios e aumento da segurança no local.
A fábrica de Alabuga, com a intenção de aumentar a produção e contornar as sanções ocidentais, firmou acordos com 34 empresas chinesas entre setembro de 2023 e junho de 2024, totalizando cerca de 700 milhões de yuan. O Gerbera, um novo tipo de drone, está sendo desenvolvido a partir de um protótipo chinês da Skywalker Technology, que está fornecendo as peças necessárias para a fabricação desses drones.
Os esforços do governo russo para manter a manufatura de armas durante um tempo de crise são um indicador claro de que a Rússia busca não apenas continuar a ofensiva, mas também adaptá-la rapidamente. Desde a invasão em fevereiro de 2022, as fábricas começaram a importar drones iranianos e, em 2023, houve um acordo bilionário com o Irã para a fabricação local dos drones Shahed, que possuem preços de produção significativamente mais baixos.
Enquanto isso, a segurança das fábricas e a proteção dos trabalhadores tornaram-se tema de discussão. O aumento de segurança em Alabuga é uma resposta direta ao aumento da atividade da defesa aérea da Ucrânia. Informações de que a Rússia começou a utilizar ogivas termobáricas em drones também elevam a preocupação sobre a escalada das armas no conflito.
Um elemento particularmente alarmante na produção em Alabuga é a exploração de mão de obra juvenil. Devido à escassez de trabalhadores em meio a perdas no front, a fábrica recorreu a adolescentes e mulheres estrangeiras, prometendo salários atrativos e oportunidades de desenvolvimento técnico. Várias fontes indicaram que esta situação se desvia significativamente das promessas de um ambiente amigável e produtivo.
Ainda que os dados revelem a produção acelerada na Alabuga, analistas notam que a eficácia no campo de batalha tem suas limitações. Até agora, apenas 5% dos drones Shahed atingiram seus alvos entre agosto e outubro, com a resistência sendo liderada por voluntários dedicados e um exército de civis se esforçando para proteger suas cidades, mesmo sob condições de crescente dificuldade e sob os riscos de bombardeios contínuos.
O cenário atual exige uma resposta global. Enquanto a luta continua nos campos de batalha, a necessidade de sanções eficazes e estratégias diplomáticas se torna cada vez mais premente. O impacto das produções em Alabuga e a crescente colaboração com a China são claros sinais de que a Rússia está ajustando sua abordagem em meio às adversidades, tornando a situação ainda mais crítica para a Ucrânia.
Apesar das dificuldades, os ucranianos permanecem firmes, determinados a defender seus lares e sua soberania. Contudo, a escalada na guerra aérea levanta questões essenciais sobre a segurança da sua população e a necessidade urgente de apoio contínuo da comunidade internacional.
Firefighters respond to a Russian drone strike on an apartment building in Ternopil, Ukraine, on December 2.
A defesa da Ucrânia, embora resistente, reflete as reais dificuldades enfrentadas em um contexto de guerra intensa. O mundo observa atentamente enquanto o conflito se desenrola, torcendo para que novos acordos e soluções possam emergir neste cenário de tensão crescente.