Uma nova e controversa iniciativa educacional desponta em Ohio, onde a Edgewood Elementary School, localizada em Marysville, se prepara para lançar um programa religioso promovido pelo The Satanic Temple. O projeto, que será totalmente opcional para os alunos, surge como uma resposta ao programa evangélico existente da LifeWise Academy, que já se encontra em funcionamento na escola. Os pais de alunos expressaram interesse em oferecer uma alternativa ao ensino religioso cristão, especialmente em um ambiente escolar que até então havia privilegiado uma única perspectiva religiosa.
A LifeWise Academy permite que os alunos se afastem de suas aulas regulares por 55 minutos, uma vez por semana, para participar de estudos bíblicos e excursões a igrejas. Essa prática, como foi elaborado por meio da legislação do estado, busca proporcionar uma oportunidade para que os alunos explorem sua fé em um ambiente escolar. Contudo, essa exclusividade foi motivo de preocupação para muitos pais em busca de integrar a diversidade religiosa nas atividades educacionais de suas crianças.
A pastora June Everett, que atua como ministra ordenada na The Satanic Temple e é diretora da campanha After School Satan Club, destacou em entrevista à afiliada WCMH que a percepção pública acerca da sua igreja está repleta de equívocos. Ela enfatiza que a tradição do The Satanic Temple não se baseia em cultos ao diabo, sacrifícios ou práticas obscuras, mas, na verdade, promove princípios de empatia, compaixão e liberdade de crença, além de um alinhamento entre crenças e fatos científicos.
A decisão dos pais em solicitar à The Satanic Temple um programa educativo ressalta a importância de permitir que as crianças tenham acesso a uma gama mais ampla de experiências e ensinamentos, especialmente para aquelas que não se identificam com a fé cristã. Segundo informações do The Guardian, o objetivo é garantir que não haja sentimento de exclusão entre os alunos que não praticam esta religião. A The Satanic Temple não é uma organização ateísta, mas uma igreja reconhecida federalmente que se dedica a promover a tolerância religiosa e o bem-estar comunitário.
O novo programa incluirá atividades como aprendizado autônomo, trabalhos comunitários, habilidades de resolução de problemas, expressão criativa e palestrantes inspiradores. Além disso, os alunos que participarem do programa serão retirados de suas aulas regulares uma vez por mês, promovendo uma mescla interessante entre educação acadêmica e religiosa. Inevitavelmente, isso traz à tona o debate sobre o papel da religião no sistema educacional e sua influência na construção da identidade dos jovens.
Everett insiste que o objetivo da The Satanic Temple não consiste em eliminar o programa da LifeWise Academy, mas antes garantir que as escolas reconheçam que ao abrirem espaço para uma religião, devem estar dispostas a acolher todas as crenças. Joel Penton, CEO e fundador da LifeWise, comentou que a sua organização não teme a competição de outros programas e acredita firmemente que todas as famílias deveriam ter a liberdade de escolher a instrução religiosa durante o horário escolar. No entanto, ele expressou o apoio ao Projeto de Lei da Casa 445 de Ohio, que, se aprovado, exigirá que os distritos escolares pré-autorizem quais programas de liberação religiosa serão permitidos.
Este caso põe em evidência as tensões e dilemas enfrentados por instituições educacionais em relação à inclusão de diferentes crenças, levando à reflexão sobre o espaço que cada religião ocupa na formação das crianças. Ao final, o que se espera é que a diversidade religiosa seja não apenas reconhecida, mas valorizada, possibilitando que cada aluno cresça em um ambiente onde todas as vozes possuem um lugar, sem se sentir marginalizado por suas escolhas pessoais.
