Nota do editor: Se você ou alguém que você conhece está enfrentando problemas de saúde mental, ajuda está disponível. Ligue ou envie uma mensagem para 988 ou visite 988lifeline.org para suporte gratuito e confidencial.
CNN
Um estudo recente sugere que a quantidade de passos que você dá diariamente pode ter um impacto significativo na redução dos sintomas de depressão. De acordo com uma pesquisa publicada na segunda-feira, na revista JAMA Network Open, um aumento na contagem de passos diários está associado a uma diminuição nos sintomas depressivos. Essa descoberta traz à luz uma alternativa promissora e acessível para o tratamento da saúde mental, mostrando que pode haver um caminho para o bem-estar emocional que não envolve intervenções complexas.
Dr. Bruno Bizzozero-Peroni, pesquisador pós-doutoral no Centro de Pesquisa em Saúde e Social da Universidade de Castilla-La Mancha, na Espanha, é o autor principal do estudo, que fornece novas evidências de que incentivar as pessoas a serem mais ativas, independentemente do tipo ou intensidade da atividade, é uma estratégia eficaz para prevenir a depressão. “Nosso estudo fornece mais evidências de que encorajar as pessoas a se movimentarem é vital para reduzir os riscos associados à depressão”, afirmou ele.
A pesquisa é uma meta-análise que revisou 33 estudos envolvendo mais de 96.000 adultos, e os dados sugerem que o número de passos necessário para ver uma redução nos sintomas de depressão é, na verdade, inferior ao que muitos poderiam pensar. A psicóloga clínica Dr. Karmel Choi, professora assistente na Harvard Medical School, não envolvida na pesquisa, comentou que mesmo 7.000 passos diários podem traduzir-se em melhorias na saúde mental. Isso é bastante encorajador, especialmente quando muitos de nós consideramos a meta de 10.000 passos como padrão.
Além disso, foi observado que mesmo um aumento modesto na contagem diária de passos, como apenas 1.000 passos a mais por dia, pode reduzir em 9% o risco de desenvolver depressão no futuro, apontou Dr. Brendon Stubbs, um Fellow Avançado do Instituto Nacional de Pesquisa em Saúde e Cuidados em King’s College London, que também não participou do estudo mais recente.
Por outro lado, é importante mencionar que mais pesquisas são necessárias, pois os estudos incluídos na meta-análise eram principalmente observacionais e focados na população geral, e não em pessoas com depressão clínica. Isso implica que os pesquisadores ainda não podem afirmar com certeza se o ato de aumentar a contagem de passos impacta a depressão, ou se as pessoas que já sofrem de depressão tendem a se mover menos. “Enquanto há lacunas na pesquisa que pedem mais trabalho, não é surpreendente que mais movimento esteja associado a uma redução nos sintomas de depressão”, acrescentou Choi.
O que funciona para você na busca pela saúde mental
A contagem de passos é uma ótima referência para a atividade física, que, como já demonstrado em estudos anteriores, possui efeitos benéficos sobre os riscos relacionados à depressão. Contudo, é importante lembrar que a contagem de passos é um indicador que captura apenas certos tipos de movimento, como caminhar ou correr, e pode não ser tão eficaz para registrar atividades como yoga ou treinos de força. Portanto, a flexibilidade nas recomendações de atividade física pode ser benéfica, ajustando-se ao que motiva cada pessoa.
As recomendações atuais geralmente são baseadas em tempo, como 150 minutos de atividade de moderada a vigorosa por semana. “Escolha a métrica que mais motiva você”, sugere Choi, destacando que a literatura em saúde mental sugere consistentemente que movimentar-se de alguma forma é melhor do que não se mexer. Isso se torna ainda mais relevante em um mundo onde a motivação para o exercício pode ser um desafio, especialmente quando lidamos com a depressão.
Dr. Michael Noetel, conferencista sênior na Escola de Psicologia da Universidade de Queensland, na Austrália, destaca que muitas pessoas lutam para encontrar motivação para se exercitar, e a depressão pode complicar ainda mais esse processo. “Definindo metas e monitorando a atividade não parece ajudar sempre”, explica. Em vez disso, ele sugere que é fundamental buscar apoio e responsabilidade, uma abordagem que pode ser facilitada ao entrar em um grupo de fitness ou convidar um amigo para caminhar junto.
Encontrando a motivação necessária para se movimentar
Unir-se a um grupo de exercícios, obter assistência de um treinador ou apenas solicitar a um ente querido que faça uma caminhada com você pode ser crucial para iniciar e manter um regime de atividade física. “Dar alguns passos em direção a esse suporte aumenta a probabilidade de que você continue”, afirma Noetel. E independentemente de você optar por treinamento de peso ou caminhadas, é fundamental tornar a atividade prazerosa para que você tenha um compromisso duradouro.
“Seja gentil com seu futuro eu tornando o exercício o mais fácil e atraente possível, como ouvir um audiobook durante a atividade ou experimentar aulas em um estúdio de yoga”, sugere Noetel. Quanto mais você aproveitar seu treino, mais confiante se sentirá para superar os obstáculos ao exercício, o que significa que será mais provável que se mantenha firme em um regime a longo prazo.
Por fim, é salutar lembrar que imprevistos são parte da vida. Seja gentil consigo mesmo se for difícil encaixar a atividade na rotina. “Faça um plano alternativo como se sua felicidade dependesse disso”, afirma Noetel, enfatizando a importância do autocuidado em uma jornada em busca do bem-estar. A atividade física é um componente vital para a saúde mental e representará um passo à frente na sua trajetória de recuperação.
Para mais informações sobre como a atividade física pode ajudar você, acesse como a atividade pode ajudar a tratar a depressão.