Em uma importante pesquisa feita em colaboração com diversas instituições acadêmicas, foi revelado que a obesidade em crianças pequenas pode ser significativamente reduzida através de uma combinação de mensagens de texto e aconselhamento presencial nas clínicas. Este estudo foi liderado por Kori Flower, MD, MS, MPH, chefe da divisão de Pediatria Geral e Medicina Adolescentes da Escola de Medicina da Universidade da Carolina do Norte (UNC), e os resultados foram publicados na prestigiada revista JAMA. A pesquisa reflete um contínuo esforço para abordar uma questão de saúde pública que tem se tornado cada vez mais alarmante, especialmente durante e após a pandemia de COVID-19.

De acordo com dados dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA, aproximadamente 1 em cada 5 crianças em idade escolar apresentava obesidade entre 2017 e 2018, uma taxa que tem aumentado consideravelmente nos últimos anos. O estudo atual se baseia em pesquisas anteriores que demonstraram que a obesidade na infância aumenta o risco de doenças crônicas ao longo da vida, como doenças cardiovasculares e diabetes, sendo que esses riscos são particularmente elevados em populações de baixa renda e minorias. Para exacerbar a situação, as intervenções tradicionais com foco em consultas presenciais têm tido um sucesso limitado.

Nesta nova abordagem, os pesquisadores recrutaram cerca de 900 pares de pai-bebê entre outubro de 2019 e janeiro de 2022, provenientes de berçários e clínicas pediátricas de instituições como a Universidade de Duke, Universidade de Miami e Stanford, entre outras. Todos os bebês estavam com 21 dias ou menos, nascidos a partir da 34ª semana de gestação, com peso saudável e sem condições médicas crônicas que pudessem afetar o ganho de peso. Os participantes do estudo eram diversos em termos de etnia, com aproximadamente 45% hispânicos, 20% brancos e quase 16% negros. Além disso, mais de 55% foram considerados como tendo baixa alfabetização em saúde, e cerca de 16% enfrentavam insegurança alimentar.

Os pares foram divididos aleatoriamente em dois grupos. Ambos receberam educação através do programa Greenlight, que inclui aconselhamento sobre nutrição saudável e comportamentos em visitas de cuidados primários, além de oito folhetos educativos que eram entregues de acordo com a idade da criança. No entanto, metade dos pares, ou seja, 449, receberam uma intervenção adicional através de mensagens de texto personalizadas. Esse sistema automatizado enviava dicas e lembretes a cada duas semanas, fazendo check-ins automáticos e avaliando o progresso dos pais em relação às metas estabelecidas, como redução do consumo de bebidas açucaradas e tempo de tela.

Os resultados foram encorajadores. As crianças cujos pais participaram da intervenção digital apresentaram curvas de crescimento mais saudáveis em relação ao peso e comprimento nos primeiros dois anos de vida, resultando em uma redução estimada de 0,33 kg/m aos 24 meses, uma diferença que, embora pareça pequena, é significativa de acordo com padrões estabelecidos pelo U.S. Preventive Services Task Force. A taxa de obesidade no grupo que recebeu a intervenção digital foi de apenas 7%, em comparação com quase 13% do grupo que apenas participou do aconselhamento na clínica, resultando em uma redução relativa ajustada de quase 45%.

Segundo Flower, a eficácia da intervenção digital não apenas demonstrou um impacto positivo sobre o crescimento saudável dos bebês, mas também sugere que essa abordagem inovadora poderia ser amplamente implementada. “É incomum conseguir prevenir a obesidade em crianças, e estamos empolgados em ter uma intervenção respaldada por evidências que pode ser aplicada em larga escala”, afirmou. Os pesquisadores também notaram que a intervenção foi particularmente eficaz em populações que mais frequentemente enfrentam riscos mais elevados de obesidade, como aquelas com insegurança alimentar e famílias com baixa alfabetização em saúde.

Os pesquisadores esperam acompanhar as crianças à medida que crescem para determinar se a redução da obesidade se mantém a longo prazo. Este estudo representa um passo significativo na luta contra a obesidade infantil, propondo um modelo que combina tecnologia e apoio pessoal, criando um recurso que poderia ter um impacto profundo na saúde pública. Com isso, espera-se que uma nova era de educação em saúde e intervenções personalizadas prolifere, trazendo benefícios duradouros para o futuro das crianças.

As pesquisas foram apoiadas pelo Patient-Centered Outcomes Research Institute, e a coleta de dados foi gerenciada através da plataforma REDCap, refletindo uma colaboração robusta e interdisciplinar que potencializa enfoques inovadores no cuidado pediátrico.

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