Nova York
CNN
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Um ex-funcionário do TD Bank, localizado na Flórida, foi preso sob a alegação de seu envolvimento em um esquema massivo de lavagem de dinheiro orquestrado por cartéis de drogas. Este caso traz à tona um problema sério, especialmente uma vez que o governo dos EUA já havia multado o banco em US$ 3 bilhões devido a falhas em sua supervisão de transações financeiras.
O escritório do advogado dos EUA no Distrito de Nova Jersey anunciou que Leonardo Ayala, de 24 anos, foi preso e denunciado por um único crime de conspiração de lavagem de dinheiro.
Esta prisão ocorre em meio a um escândalo mais amplo que envolve o TD Bank, que enfrentou uma multa recorde no mês passado, após o Departamento de Justiça dos Estados Unidos afirmar que a instituição financeiras apresentava “deficiências sistêmicas e abrangentes” em seus procedimentos de monitoramento de transações.
Resultados anteriores de investigações indicam que mais de 90% das transações realizadas entre janeiro de 2018 e abril de 2024 não foram monitoradas, o que “permitiu que três redes de lavagem de dinheiro transferissem coletivamente mais de US$ 670 milhões através de contas do TD Bank,” conforme revelado em documentos legais anteriores.
Casos como este são raros, pois geralmente o governo não persegue funcionários individuais de bancos. Entretanto, autoridades do Departamento de Justiça e do Tesouro dos Estados Unidos expressaram em 2024 uma crescente preocupação com a forma como os cartéis utilizam o sistema bancário americano para lavar os lucros obtidos na venda de fentanil e outras drogas.
Um oficial sênior do Tesouro declarou à CNN em maio que “mulas que lavam dinheiro para os cartéis estão abrindo contas em grandes e pequenos bancos aqui nos EUA.” Este contexto destaca como o sistema financeiro pode ser explorado para atividades ilícitas em larga escala.
Ayala trabalhou em uma agência do TD Bank em Doral, na Flórida, perto de Miami, em 2023 e começou a utilizar sua posição para facilitar a lavagem de dinheiro em junho daquele ano, conforme detalha uma queixa formal no tribunal federal dos EUA em Nova Jersey.
Outro funcionário do TD Bank, localizado em Nova Jersey, abriu contas fictícias, e Ayala teria então emitido dezenas de cartões de débito para essas contas em troca de subornos.
As contas que Ayala supostamente ajudou a distribuir foram utilizadas para lavar os lucros obtidos com drogas por meio de saques em caixas eletrônicos na Colômbia. As investigações mostraram que milhões de dólares foram lavados para a Colômbia através de contas que Ayala administrava, conforme indicado pelo escritório do advogado dos EUA em Nova Jersey em um comunicado à imprensa.
O esquema revelado inclui o uso de uma conta fictícia de uma empresa para movimentar mais de US$ 500.000 dos Estados Unidos para a Colômbia através de saques em caixas eletrônicos, conforme a queixa alega. Além disso, cartões de débito de outra empresa fictícia foram utilizados para mover mais de US$ 800.000 entre as duas companhias.
Ayala compareceu a um tribunal federal em Miami na terça-feira e foi liberado sob monitoração de localização e uma fiança de US$ 100.000. O escritório do advogado dos EUA apenas informou que uma acusação de conspiração de lavagem de dinheiro pode resultar em até 20 anos de prisão e uma multa de US$ 500.000 ou o dobro do valor lavado.
CNN tentou entrar em contato com o TD Bank para obter um comentário. Também está tentando se comunicar com o advogado de Ayala.
Em outubro, o CEO do TD Bank, Bharat Masrani, declarou: “Este é um capítulo difícil na história do nosso banco. Essas falhas ocorreram sob minha administração como CEO e eu me desculpo a todos os nossos stakeholders.”
O banco canadense anunciou que pretende reforçar seus esforços de vigilância contra lavagem de dinheiro e contratar mais de 700 novos especialistas. O TD Bank estará sujeito a quatro anos de monitoramento por parte da Rede de Combate a Crimes Financeiros do Departamento do Tesouro dos EUA.
A multa imposta ao TD Bank em outubro incluiu uma penalidade de US$ 1,3 bilhão para o FinCEN, US$ 1,8 bilhão para o Departamento de Justiça dos EUA, além de um pedido de culpa para resolver a investigação do governo dos EUA que revelou que o banco violou a Lei de Sigilo Bancário e permitiu a lavagem de dinheiro.
Matt Egan e Jordan Valinsky, da CNN, contribuíram para esta reportagem.