A recente movimentação judicial envolvendo ex-membros da famosa agência de talentos Johnny’s & Associates, que agora se chama STARTO ENTERTAINMENT, trouxe à tona sérias alegações sobre abusos sexuais que teriam ocorrido há décadas. Junya Tanaka e Kyohei Iida, cujas trajetórias na indústria do entretenimento são reconhecidas, decidiram levar a questão à justiça, buscando não apenas reparação financeira, mas também um clamor por justiça em nome de tantas outras vítimas que, como eles, sofreram em silêncio. O caso, que já começa a ganhar grande repercussão na mídia internacional, é um lembrete sombrio sobre a necessidade de responsabilização em casos de abuso de poder.

No coração do processo, Tanaka e Iida relatam experiências traumatizantes. Tanaka, ex-integrante do grupo Kansai Johnny’s Jr., alega que foi abusado sexualmente pelo fundador da agência, Johnny Kitagawa, quando tinha apenas 15 anos, em um hotel em Las Vegas, no mês de março de 1997. De maneira similar, Iida, que foi um dos fundadores do boy band Kis-My-Ft2, afirmou ter passado por situações de abuso aos 14 anos, em agosto de 2002. O mais alarmante é que Tanaka relatou ter sofrido abusos por um período prolongado, de 1997 a 1998, enquanto Iida mencionou episódios semelhantes que ocorreram de 2002 a 2006. Ambos os ex-artistas estão buscando US$50 milhões em danos compensatórios e US$100 milhões em danos punitivos, pressionando por uma resposta adequada a essas alegações perturbadoras.

O processo não apenas aponta para as ações de Kitagawa, mas também responsabiliza sua sobrinha, Julie Keiko Fujishima, juntamente com outros executivos da antiga gestão, por sua inação em abordar as alegações de abuso, que já eram amplamente conhecidas há anos. Essa situação ressalta a necessidade de um olhar mais atento sobre como as organizações lidam com queixas internas, especialmente em setores tão vulneráveis como o da indústria do entretenimento.

A controversa história da Johnny’s & Associates, que passou por uma reestruturação significativa em dezembro de 2023, após se rebatizar como STARTO ENTERTAINMENT, é marcada por décadas de sucesso, mas também por escândalos. O novo presidente da empresa, Atsushi Fukuda, anteriormente vice-presidente da Sony Pictures Entertainment, está tentando reposicionar a agência em um cenário onde a transparência e a responsabilidade são cada vez mais exigidas pelo público e pela mídia. Em um cenário onde as vítimas clamam por justiça, a reestruturação da empresa representa tanto um rito de passagem quanto uma tentativa de renascimento para uma marca que, nas últimas décadas, se viu relacionada a alegações de encobrimentos e abusos.

As novas iniciativas da STARTO ENTERTAINMENT incluem a criação de uma plataforma de streaming, com o objetivo de aumentar a “abertura global e o alcance no exterior”, além de planos para entrar no Metaverso. Essa abordagem inovadora pode ser vista como uma tentativa de reconexão com fãs e criar um novo futuro para a empresa, enquanto lida com o passado sombrio que agora é exposto.

Já a antiga Johnny’s & Associates, agora renomeada Smile Up, se compromete a lidar com as compensações para as vítimas dos abusos de Kitagawa, tendo iniciado esse processo em novembro de 2023. Noriyuki Higashiyama, atual presidente da Smile Up, confirmou que a empresa será encerrada após a conclusão das medidas de compensação, um passo que é tanto simbólico quanto prático, indicativo da grave responsabilidade que a nova administração sente em relação aos danos causados no passado.

Em meio a essas transformações, inclusive uma alteração na nomenclatura do grupo idol Johnny’s West, que agora se apresenta como “WEST”, observa-se uma mudança cultural profunda acontecendo dentro da indústria. O reconhecimento público de abusos por parte da antiga administração em setembro de 2023, embora tardio, serve como um primeiro passo na direção certa em um ambiente que por vezes tem priorizado o sucesso comercial em detrimento do bem-estar de artistas e funcionários.

À medida que a sociedade continua a exigir mais responsabilidade das instituições e agências de talentos, a expectativa é que casos como o de Tanaka e Iida funcionem não apenas como um chamado à ação legal, mas como um alerta para todos os setores sobre a importância de proteger as vozes e os direitos de todos os indivíduos, especialmente os mais vulneráveis. A luta dessas vítimas por justiça é um lembrete de que a verdade deve prevalecer, e que é nosso dever como sociedade ouvir e agir em defesa daqueles que foram injustamente silenciados por muito tempo.

Fontes: The Mainichi

Similar Posts

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *