O amor transcende barreiras e é capaz de criar laços que muitas vezes parecem inquebráveis. A história de Larry e Kelly Peterson, um casal de Indiana que enfrenta o desafio da espinha bífida, exemplifica isso de forma notável. Eles não apenas lidaram com suas próprias condições de saúde, mas também tiveram a coragem de adotar uma garotinha que compartilha semelhantes desafios. Esta escolha não apenas celebrou suas vidas, mas também trouxe um novo significado e esperança a uma família que já é inspiradora. A trajetória deles é um testemunho de como a resiliência e o amor incondicional podem abrir portas, mesmo diante de preconceitos.

A garotinha Hadley, de apenas 6 anos, é uma verdadeira força da natureza. Desde o momento em que nasceu, ela tem mostrado uma personalidade vibrante que encanta aqueles à sua volta. “Essa menina é cheia de personalidade, sarcástica, engraçada — e aquele revirar de olhos,” descreve a mãe, Kelly Peterson, durante uma entrevista no lar da família em Cedar Lake, Indiana. A adoção de Hadley ocorreu há quatro anos, mas não foi um processo simples. Um dos principais obstáculos enfrentados pelo casal foi o próprio preconceito em relação às suas condições, uma vez que tanto Larry quanto Kelly nasceram com espinha bífida, um defeito congênito que afeta a coluna vertebral e pode gerar sérios problemas de mobilidade.

“Cada agência que estava disposta a nos ajudar havia apenas lidado com famílias em que uma pessoa tinha uma deficiência, não duas,” explica Kelly, que é professora de educação especial. As dificuldades enfrentadas pela família não são incomuns, visto que, segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), cerca de 1 em cada 2.875 bebês nos Estados Unidos nasce com espinha bífida a cada ano. “Fomos avisados de que levaria muito mais tempo para sermos pareados devido à nossa deficiência,” prossegue Kelly. Entretanto, a Dra. Sue Mukherjee, diretora médica dos serviços de reabilitação do Shriners Children’s Chicago, afirma que ter experiência própria com a condição é um benefício. “Quem melhor para ensinar uma criança com espinha bífida a se tornar independente e a gerenciar seus próprios cuidados?” questiona ela.

Kelly e Larry Peterson, que se conheceram na infância, adotaram Hadley, que também possui espinha bífida.

Embora Hadley tenha quaisquer desafios à frente, seus pais não têm dúvidas de que ela é a combinação perfeita para suas vidas. Larry, que também é portador de espinha bífida, menciona: “Hadley trouxe tanto amor, alegria e diversão em nossas vidas desde o momento em que chegou ao mundo. Ela continua a nos surpreender à medida que cresce e se torna mais independente.” Para eles, ter um entendimento profundo sobre a espinha bífida é um grande trunfo. “Cada um de nós tem diferentes vértebras afetadas, o que resulta em mobilidades variadas. Kelly é completamente paralisada da cintura para baixo, enquanto Hadley e Larry têm alguns movimentos nas pernas, e todos utilizamos cadeiras de rodas,” detalha Kelly.

O que torna a família Peterson única não é apenas a condição que compartilham, mas a forma como foram formados por seus pais que não tinham espinha bífida. “Fomos criados na ideia de que nossa deficiência não era um impedimento; era apenas uma parte de quem somos — mas não tudo que somos,” reflete Kelly. A história do casal é também uma crônica de reencontro: Larry e Kelly se conheceram em um acampamento para crianças com espinha bífida quando tinham apenas 10 anos. Apesar de terem se reencontrado na adolescência e de um breve relacionamento, a vida os separou por uma década, até que o destino, através das redes sociais, trouxe-os novamente juntos. “Estava no MySpace e ele apareceu no meu perfil,” lembra Kelly.

Em 2016, depois de se casarem, o casal decidiu adotar, e em 2018, quase de forma emblemática, submeteram a aplicação para Hadley um dia antes do prazo final. Finalmente, em outubro de 2018, conheceram seus pais biológicos e, no dia seguinte, viram sua filha pela primeira vez. Entretanto, a adoção foi oficialmente concluída apenas em setembro de 2020, resultado de burocracias e trâmites. Determinados a seguir em frente, eles desejam oferecer apoio àqueles que, assim como eles, têm algum tipo de deficiência e aspiram por adoção. “Fomos advertidos de que poderia ser mais demorado, devido ao estigma que duas pessoas com deficiência não poderiam realizar essa tarefa,” admite Kelly.

Kelly e Larry Peterson e sua filha Hadley, que foi adotada por eles.

Por mais que tenham enfrentado desafios, o casal sente que a adoção foi o caminho certo para eles. Kelly menciona a complexidade das interações no processo de adoção, uma vez que um serviço social até declarou que não trabalhava com pessoas com deficiência. “Eu disse, ‘Bem, isso não é muito cristão.’” Apesar de às vezes se depararem com a resistência, o amor dos Petersons é um exemplo de superação diante de qualquer obstáculo. “Nós apenas vivemos nossas vidas, assim como qualquer outra pessoa,” conclui Kelly, enfatizando que, embora sua vida possa parecer diferente para alguns, o cotidiano deles é o que é mais importante: “Quando se vive dia após dia, nós simplesmente não vemos isso.”

A história de Larry, Kelly e Hadley é um chamado à ação para todos aqueles que esperam transformar o conceito de família, mostrando, de maneira clara, que o amor sempre encontra um jeito, mesmo diante das adversidades. Com cada nova experiência, eles desejam inspirar outras famílias a abraçar a adoção, independentemente de suas condições.

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