No atual cenário do futebol feminino, um tema que tem ganhado destaque e gerado discussões relevantes é a representação feminina em cargos de comando, especialmente no que diz respeito à coordenação técnica. A Football Association (FA) da Inglaterra, em colaboração com a UEFA e a Professional Footballers’ Association (PFA), lançou uma iniciativa focada na formação de treinadoras, com o objetivo de mudar essa realidade. A presença de apenas nove mulheres entre os técnicos da Women’s Super League (WSL) e do Championship levanta questionamentos sobre a diversidade e a inclusão no futebol feminino, áreas que precisam ser desenvolvidas e impulsionadas para que o esporte possa evoluir ainda mais.
Quando a icônica capitã da seleção inglesa, Steph Houghton, anunciou sua aposentadoria recentemente, as palavras de admiração da treinadora Emma Hayes foram um forte indicativo do que se espera para o futuro das mulheres no futebol. Emma, que recentemente fez a transição de técnica do Chelsea para a seleção feminina dos Estados Unidos, expressou sua esperança de que Houghton permanecesse no esporte. “Eu espero que ela fique no jogo. Eu não desejo que a coaching seja a escolha de vida de ninguém, mas se ela quiser, acho que será um grande ativo para alguém”, afirmou Hayes, enfatizando a importância de figuras como Houghton para a evolução do futebol feminino.
A participação de Houghton em um programa de um ano, que inclui um curso de Licença A da UEFA, é apenas uma das várias iniciativas atualmente em prática. Este curso exclusivo para mulheres está sendo frequentado por 17 jogadoras renomadas, que incluem nomes como Vivianne Miedema e Beth Mead. A proposta é clara: adaptar a formação às agendas das atletas, oferecendo flexibilidade e apoio durante o processo de aprendizado. Essa mudança de paradigma é parte de um compromisso mais amplo das entidades mencionadas em abrir mais oportunidades para mulheres no comando técnico, uma área que historicamente tem sido dominada por homens.
O contexto atual apresenta desafios significativos. A escassez de mulheres em posições de liderança no futebol feminino tem se tornado uma questão premente, especialmente considerando que as jogadoras do mais alto nível estão cada vez mais se aposentando e poderiam, potencialmente, preencher essas lacunas. A FA e a UEFA reconhecem a urgência dessa questão e estão trabalhando para garantir que as jogadoras não apenas tenham a oportunidade de treinar, mas também de brilhar no cenário técnico. Ao proporcionar formação de qualidade, as entidades buscam cultivar um ambiente onde a próxima geração de Emma Hayes possa prosperar.
Além do curso mencionado, são necessárias mudanças em várias frentes: visibilidade midiática, oportunidades de desenvolvimento profissional e uma reflexão mais profunda sobre as barreiras que atualmente impedem a ascensão das mulheres no esporte. É vital que o futebol feminino alcance um equilíbrio, mixando tradição e inovação, e que a presença feminina nas áreas de comando não seja vista como uma exceção, mas como uma norma.
Os dados que sustentam essa discussão são alarmantes. Atualmente, com apenas nove mulheres atuando como treinadoras em um universo que compreende os dois principais campeonatos de futebol feminino na Inglaterra, é impossível não perceber o impacto que isso tem na cultura e na percepção do futebol em geral. No contexto global, outros países têm trabalhado de forma mais agressiva para garantir a igualdade de gênero nos esportes, mas a Inglaterra, um celeiro histórico do futebol, parece atrasada nessa corrida. Portanto, iniciativas como a desenvolvida pela FA são passos essenciais que precisam ser promovidos, sustentados e monitorados.
Por fim, à medida que nos voltamos para o futuro, devemos incentivar a ideia de que as jogadoras atuais não apenas se veem jogadoras, mas também como líderes, treinadoras e agentes de mudança. A representação feminina em todas as áreas do futebol não pode ser uma ideia imutável, mas um objetivo vivo e pulsante. A pergunta que se coloca agora é: quem será a próxima Emma Hayes?Certamente, com apoio adequado, uma formação robusta e, principalmente, oportunidades concretas, muitas outras poderão surgir e brilhar.
Para mais informações sobre a iniciativa da FA, consulte o site oficial da Football Association.