O universo dos jogos eletrônicos tem se consolidado como um dos mais irresistíveis e enigmáticos da cultura pop contemporânea, e o gênero de terror espacial, em particular, carrega uma aura singular de fascínio. Em um cenário onde a nostalgia ganha novas dimensões, o remake de Dead Space, lançado em janeiro de 2023, se apresentou como um verdadeiro blockbuster, conquistando a crítica e o público ao reavivar uma clássica franquia que havia sido deixada de lado por uma década. Mesmo alcançando o status de segundo jogo mais vendido do mês de janeiro, atrás apenas de Modern Warfare II, a Electronic Arts (EA) parece não ter se mostrado disposta a explorar mais a fundo esse fenômeno, desencadeando especulações sobre o futuro da saga.
Esse desinteresse da EA se tornou mais claro nas notícias que surgiram ao longo do ano, especialmente quando um remake de Dead Space 2 foi sugerido, apenas para ser colocado de lado. Um dos principais líderes do estúdio responsável pelo remake, EA Motive, negou a possibilidade de que um novo projeto estivesse em andamento, enquanto informações apontam que a equipe original de Dead Space, composta por Glen Schofield, Christopher Stone e Bret Robbins, teve sua tentativa de pitch para um Dead Space 4 imediatamente rejeitada pela EA, em um movimento que deixou muitos fãs perplexos e intrigados.
O boato sobre esse encontro surgiu em uma entrevista que ocorreu há algumas semanas e foi divulgada por Dan Allen, um influente YouTuber que abrange questões relacionadas à indústria dos jogos. Na conversa, Schofield, Stone e Robbins externaram seu desejo de reviver a franquia com uma nova sequência, ao mesmo tempo que relataram uma experiência bastante desanimadora com a atual gestão da EA. Ao que parece, a resposta da empresa foi uma combinação de desinteresse e palco suficiente para que as ideias dos criadores não fossem levadas a sério. “Agradecemos, blah blah blah…”, foi a forma sarcástica com que Schofield comentou sobre a resposta da EA, deixando claro que a situação se tornou um ciclo vicioso de frustração para eles.
Num panorama onde os orçamentos dos jogos AAA ultrapassam a casa dos milhões, as exigências de vendas são cada vez mais altas e quase impossíveis de serem atingidas, exceto para as franquias mais renomadas. Embora Dead Space tenha recuperado o prestígio com o remake, a expectativa de vendas não atendeu aos critérios impostos pela EA, levando a empresa a interromper qualquer rumor de continuidade do projeto. Essa realidade levanta uma interrogação preocupante: como a indústria de jogos, tão rica em criatividade e inovação, pode se restringir a parâmetros financeiros tão rigorosos?
Os próprios criadores estão cientes do que está em jogo e das diretrizes de sua própria indústria. Durante a entrevista, Christopher Stone destacou que “a indústria está em um lugar estranho atualmente”, enfatizando a hesitação das empresas em arriscar novos projetos que não estejam garantidos por um histórico de vendas robusto. No entanto, a paixão pela franquia ainda reside entre os criadores, que não esconderam seu desejo de levar adiante suas ideias para Dead Space 4, revelando um elo indissolúvel com o que eles ajudaram a criar. Schofield, animado, mencionou: “Temos algumas ideias!” Essa determinação, no entanto, se depara com uma barreira quase intransponível: a falta de apoio institucional para avançar no projeto.
Enquanto isso, os membros da equipe original têm seus próprios desafios. Por exemplo, Bret Robbins, agora na Ascendant Studios, recentemente enfrentou uma série de dificuldades com um projeto, o qual não alcançou as expectativas de vendas, resultando em demissões significativas na empresa. Da mesma forma, Glen Schofield teve suas experiências ao fundar a Sledgehammer Games, onde trabalhou em diversas entradas da franquia Call of Duty, e depois se lançou em uma nova jornada com a Striking Distance, que também não foi bem-sucedida comercialmente. Essas histórias trazem à tona a disparidade entre a criatividade e a realidade nua e crua do mercado.
Com todas essas reviravoltas, fica claro que o futuro da franquia Dead Space está envolto em incertezas e, até para os fãs mais esperançosos, não haverá novas aventuras espaciais para explorar tão cedo. A indústria de jogos continua a ser um palco onde inovação e tradições colidem, e a luta entre o risco criativo e os interesses comerciais se intensifica. Para os entusiastas do terror espacial, resta aguardar que a determinação e os sonhos dos criadores sejam capazes de superar as barreiras da indústria, mas a realidade atual nos leva a crer que, por enquanto, continuaremos a observar sombras de um futuro que poderia ter sido grandioso.