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O TikTok, um dos aplicativos de compartilhamento de vídeos mais utilizados do mundo, se encontra em uma situação tensa após um recente movimento judicial. Enquanto o aplicativo se prepara para enfrentar um possível banimento a partir do dia 19 de janeiro, o Tribunal de Apelações do Circuito de Washington, D.C., negou a solicitação da plataforma para uma pausa temporária na aplicação da lei que visava sua proibição, classificando tal bloqueio como “não justificável”. Essa decisão não apenas ameaça o futuro do TikTok, mas também abre caminho para uma possível análise pelo Supremo Tribunal Federal dos Estados Unidos, que poderá decidir o destino do aplicativo de maneira definitiva.
A lei que levou a essa situação foi sancionada pelo presidente Joe Biden em abril, exigindo que o TikTok, de propriedade da empresa chinesa ByteDance, fosse vendido a uma companhia não chinesa, em razão de preocupações relacionadas à segurança nacional. A decisão mais recente do tribunal segue uma anterior, em que a mesma corte havia sustentado a legalidade da norma, enfatizando os riscos potenciais à segurança nacional que o aplicativo pode representar para os usuários norte-americanos.
A administração Biden, em uma manobra de apoio à aplicação da lei, já havia pedido que o tribunal de apelações rejeitasse um bloqueio temporário, argumentando que tal decisão poderia permitir que a empresa se manifestasse de maneira prolongada, atrapalhando a execução da lei indefinidamente. Michael Hughes, porta-voz do TikTok, expressou esperança de que o Supremo Tribunal defenderá o direito à liberdade de expressão, considerando a questão como um assunto constitucional importante.
O que vem por aí para o TikTok?
A expectativa é de que o Supremo Tribunal tome uma decisão rápida sobre o caso. Tanto o TikTok quanto o governo federal já solicitaram que o tribunal avançasse na sua decisão para que o caso pudesse ser apelado antes do dia 19 de janeiro. Entretanto, a composição do tribunal, com uma maioria conservadora de seis juízes, levanta dúvidas sobre uma possível decisão a favor da continuidade do aplicativo. Josh Schiller, advogado e parceiro do escritório Boies Schiller Flexner, sugere que a tendência dos juízes conservadores os leva a ver isso como um caso de segurança nacional.
A possibilidade de que a Corte Suprema opte por não revisar o caso apresenta um cenário ainda mais sombrio para o TikTok. O diretor associado da Clínica da Primeira Emenda e professor da Universidade Cornell, Gautam Hans, afirma que, caso isso ocorra, o aplicativo ficará sem opções pela limitação imposta nas leis atuais.
E agora, devo deletar o aplicativo?
A resposta é não necessariamente. O Departamento de Justiça dos Estados Unidos declarou que, se a proibição efetivamente acontecer, ela “não proíbe diretamente o uso contínuo do TikTok” para os mais de 170 milhões de usuários mensais do aplicativo. Entretanto, vale lembrar que atualizações e downloads do aplicativo devem ser interrompidos, caso o banimento se concretize.
Enquanto isso, líderes da comitê da Câmara dos Representantes dos EUA sobre a China enviaram uma carta bipartidária às empresas-mãe da Apple e do Google, pedindo que se preparassem para remover o TikTok de suas lojas de aplicativos nos Estados Unidos até o dia 19 de janeiro.
Além disso, o TikTok deixará de estar disponível em plataformas de hospedagem de internet, com o Departamento de Justiça alertando que os usuários podem esperar que o aplicativo “eventualmente” não funcione mais.
O banimento pode ser evitado?
Existe ainda uma pequena esperança de que o TikTok possa permanecer ativo nos Estados Unidos. Entretanto, a empresa-mãe ByteDance já declarou anteriormente que não pretende vender o aplicativo. A legislação que respalda o banimento deixa aberta a possibilidade de o presidente Biden conceder uma prorrogação de 90 dias, caso determine que a empresa está progredindo em direção à venda, mas até o momento não existem sinais de que ele pretenda recorrer a essa opção.
O presidente eleito Donald Trump, que assumirá o cargo logo após a imposição do banimento, pode se tornar um aliado do TikTok. Durante um vídeo postado na plataforma em julho, ele declarou que “nunca baniria o TikTok”, embora nas tentativas anteriores ele tenha buscado restringir o aplicativo.
As opções para a continuidade do TikTok incluem a possibilidade de Trump solicitar ao Congresso a revogação da lei, apesar de especialistas acreditarem que essa ação tem poucas chances de sucesso. Outra alternativa seria que ele orientasse o procurador-geral a não aplicar a lei ou simplesmente declarasse que o TikTok não está sujeito a essa regulamentação, como sugerido pelo professor de direito da Universidade de Minnesota, Alan Rozenshtein.
CNN: Clare Duffy, Brian Fung e Devan Cole contribuíram para esta reportagem.