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O uso da inteligência artificial (IA) tem gerado discussões acaloradas em Hollywood e em diversas indústrias ao longo de 2023. Durante a quarta edição do Festival Internacional de Cinema do Mar Vermelho (RSIFF), que ocorreu em Jeddah, Arábia Saudita, um painel foi dedicado a essa temática emergente, destacando a relevância da IA na criação cinematográfica.

O painel, intitulado “A IA pode ser um parceiro criativo?”, foi moderado pela empresária saudita e especialista em IA, Fatmah Baothman. Participaram do evento Chris Jacquemin, parceiro e chefe de estratégia digital da WME, Diana Williams, CEO e cofundadora da Kinetic Energy Entertainment, e Jennifer Howell, diretora criativa da Deep Voodoo, a empresa de vídeos gerados por inteligência artificial e deepfake fundada pelos criadores de South Park, Trey Parker e Matt Stone. O painel foi uma oportunidade para discutir tanto as oportunidades quanto os desafios apresentados pela IA, além de seu impacto nas profissões criativas e seu uso atual na indústria do entretenimento.

Durante as discussões, Jacquemin destacou que, até o momento, o público ainda não viu grandes lançamentos de filmes centrados em IA vindos de Hollywood. No entanto, Howell afirmou que o interesse por parte dos estúdios aumentou significativamente no último ano, com reuniões sendo realizadas com vários deles. Embora estejam em estágios iniciais de exploração sobre como utilizar a tecnologia, é uma fase de aprendizado e adaptação.

A Deep Voodoo, que arrecadou 20 milhões de dólares há dois anos, já utilizou sua tecnologia em algumas produções, incluindo a série no YouTube Sassy Justice e um videoclipe de Kendrick Lamar, demonstrando a versatilidade da utilização de deepfakes na indústria. A tecnologia envolve o uso de inteligência artificial e aprendizado de máquina para substituir rostos de personagens e já foi empregada, por exemplo, para digitalmente rejuvenescer o ator Billy Crystal na série Before da Apple TV+.

O painel foi otimista em relação às oportunidades que a IA traz para agilizar processos de produção e diminuir tarefas técnicas e repetitivas, permitindo que os criativos se concentrem em decisões artísticas mais significativas, ao invés de eliminar postos de trabalho. Howell afirmou que a Deep Voodoo vê a IA como “uma ferramenta de narrativa usada por humanos para custo-benefício e criatividade, conforme necessário”, e Jacquemin complementou chamando a IA de “ferramenta co-piloto”, afirmando que clientes da WME estão utilizando a tecnologia especialmente nas fases iniciais do processo criativo, como a criação de mood boards e ideias visuais, além do uso do ChatGPT para esboços de histórias.

Jacquemin esclareceu que, apesar de a IA proporcionar um conjunto de “superpoderes” que pode acelerar o processo criativo e melhorar a eficiência, isso não significa que as obras criadas serão significativamente melhores do que as atualmente disponíveis. “A menos que alguém tenha uma visão artística incrível, isso não vai fazer o filme (ou qualquer outra obra criativa) melhor”, afirmou, insistindo que a presença de um artista continua sendo essencial para uma performance autêntica.

Sobre a questão de perdas de emprego na indústria, Howell enfatizou que “os atores são extremamente importantes”. Ao discutir cenários de deepfake tradicionais, ela explicou que o ator é a “marionete” por trás do projeto. Segundo sua perspectiva, não é possível ter uma performance convincente sem a presença de um ator. Por outro lado, ela previu que outras funções terão que se adaptar, assim como ocorreu em momentos de inovações tecnológicas anteriores, onde, por exemplo, editores tiveram que ajustar suas habilidades com a ascensão das ferramentas digitais.

Jacquemin ecoou essa afirmação, comentando que, embora haja expectativas de eliminação de certas profissões, também haverá um aumento na quantidade de produções possíveis, adicionando que a IA tem o potencial de democratizar o acesso e abrir novas oportunidades para story tellers. Ele lembrou que, quando o YouTube foi criado, o resultado foi o nascimento de uma nova geração de contadores de histórias.

Williams, por sua vez, ressaltou que o impacto econômico contínuo e os efeitos financeiros sobre os profissionais da indústria devido às economias de tempo proporcionadas pela IA ainda estão por vir. Além disso, ela destacou que a propriedade intelectual e os direitos autorais continuam sendo pontos centrais para as grandes empresas de Hollywood, que manterão um foco rígido sobre isso diante do crescimento da IA.

Para encerrar a sessão, foi exibido um vídeo que mostrava vozes animadas geradas por IA, uma demonstração prática da capacidade da tecnologia de criar conteúdo inovador e envolvente. Dessa maneira, o painel deixou claro que a IA pode ser uma aliada no processo criativo, contanto que a visão do criador permaneça central.

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