A Procuradoria Geral de Israel determinou a abertura de uma investigação policial contra Sara Netanyahu, esposa do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, sob a suspeita de assédio a opositores políticos e a uma testemunha chave no processo de corrupção que envolve o líder israelense. O anúncio foi feito pelo Ministério da Justiça em uma declaração curta na noite de quinta-feira, ressaltando que a apuração deverá se basear nas descobertas de um recente programa investigativo da televisão intitulado “Uvda”, que trouxe à tona mensagens de WhatsApp reveladoras.

Essas comunicações, obtidas pelo programa, mostram Sara aparentemente orientando uma ex-assessora a organizar protestos contra opositores do governo e a intimidar Hadas Klein, uma testemunha importante no julgamento do primeiro-ministro. A Procuradoria não mencionou o nome de Sara Netanyahu especificamente, e o Ministério da Justiça se recusou a comentar mais sobre o assunto. No entanto, em um vídeo divulgado anteriormente, Benjamin Netanyahu defendeu sua esposa, listando o que considerou ações bondosas e caridosas dela, além de desqualificar o relatório do “Uvda” como mentiroso.

“Meus opositores à esquerda e na mídia encontraram um novo e velho alvo. Atacam minha esposa, Sara, sem misericórdia,” afirmou Benjamin, chamando o programa de “propaganda falsa” e “propaganda odiosa que traz mentiras das trevas”. A investigação representa mais um capítulo nas perseguições legais que a família Netanyahu enfrenta, iniciadas desde que o primeiro-ministro foi acusado de corrupção, além de danos à sua imagem pública e relação conturbada com a mídia israelense.

Benjamin Netanyahu está sendo processado por fraudes, violação de confiança e aceitação de subornos em uma série de casos que alegam que ele trocou favores com poderosos magnatas da mídia e associados ricos. O primeiro-ministro nega todas as acusações, argumentando que é vítima de uma “caça às bruxas” promovida por promotores, policiais e pela mídia que agem “com zelo excessivo”.


Benjamin Netanyahu com sua esposa Sara
O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu e sua esposa Sara Netanyahu durante evento no dia 1 de novembro de 2022 em Jerusalém.
/ Getty Images

O programa investigativo obteve mensagens trocadas entre Sara Netanyahu e Hanni Bleiweiss, uma ex-assessora do primeiro-ministro que faleceu de câncer no ano passado. Os textos revelam que Sara encorajava ações policiais violentas contra manifestantes anti-governamentais e instruía Bleiweiss a organizar protestos direcionados contra críticos do seu marido. Sara também orientou a ex-assessora a mobilizar ativistas do partido Likud, a fim de que publicassem ataques contra Klein.

Hadas Klein, que é assistente do magnata de Hollywood Arnon Milchan, tem prestado depoimentos no caso de corrupção, onde detalha como ajudou a entregar presentes, incluindo champanhe e charutos, para o primeiro-ministro. As mensagens indicam que Sara Netanyahu teve comportamento abusivo em relação a Bleiweiss, levando a ex-assessora a compartilhar as comunicações com um repórter pouco antes de sua morte, o que aumenta as tensões em torno do assunto.

As acusações de comportamento abusivo contra Sara Netanyahu não são novas. Ela já enfrentou críticas por gastos excessivos e por utilizar dinheiro público para suas caprichos pessoais, lhe conferindo uma reputação de desconexão com a realidade cotidiana dos israelenses. Em 2019, ela foi multada por utilizar indevidamente fundos do Estado.

O incêndio na relação entre os líderes do governo e o Judiciário se intensificou com as declarações do ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir, que criticou a procuradora-geral Gali Baharav Miara, pedindo sua demissão. “Alguém que persegue politicamente ministros do governo e suas famílias não pode continuar no cargo de procuradora geral,” afirmou Ben-Gvir. O Ministro da Justiça, Yariv Levin, que também é aliado de Netanyahu e um crítico fervoroso de Baharav Miara, a acusou de se concentrar em “fofocas de televisão”, gritando em sua declaração que “a aplicação seletiva é um crime!”

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