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O caso que envolve o assassinato do CEO da UnitedHealthcare, Brian Thompson, em Nova York, é mais complexo do que parece. Luigi Mangione, o principal suspeito do crime, não era cliente da UnitedHealthcare, a maior seguradora de saúde privada dos Estados Unidos. No entanto, ele menciona a empresa em escritos que foram categorizados como seu “manifesto”. Tal documento revela não apenas suas frustrações pessoais, mas também um possível alvo sobre o qual ele projetou suas angústias e indignações contra o sistema de saúde.
De acordo com fontes da UnitedHealth Group, nem Mangione nem sua mãe tinham seguro com a empresa. O porta-voz da seguradora confirmou que não havia qualquer registro de que o suspeito tivesse sido cliente da UnitedHealthcare. Durante a investigação, o chefe de detetives da NYPD, Joseph Kenny, destacou em uma entrevista à NBC New York que a menção à empresa em seus escritos talvez tenha sido motivada pela consideração de que a UnitedHealthcare é a quinta maior corporação nos Estados Unidos, e a maior do setor de saúde, o que levantou várias interrogações sobre o real motivo do ataque.
Além de empregar mais de 100 mil pessoas em todo o país e no mundo, a UnitedHealthcare se destaca no ranking Fortune 500, sendo classificada como a quarta maior empresa americana em vendas. Tal importância no cenário corporativo contribui para que a morte do CEO tenha gerado um movimento de empatia e até mesmo uma espécie de fandom nas redes sociais, especialmente considerando as frustrações do público em relação à indústria de seguros de saúde, como demonstrado pela quantidade de pessoas insatisfeitas com negativações de reivindicações.
Um relatório de inteligência da NYPD, obtido pela CNN, indicou que o suspeito poderia ter agido movido por sentimentos de raiva em relação à indústria de seguridade saúde, considerando-a parte da “cobiça corporativa” que ele criticava. Segundo essa análise, Mangione aparentemente via o assassinato do representante mais proeminente da empresa como uma forma simbólica de combate à corrupção que acredita existir nessa área, alegando em seu manifesto ser o “primeiro a enfrentar isso com uma brutalidade honesta”.
O CEO da UnitedHealth Group, Andrew Witty, abordou a insatisfação da população com o sistema de saúde em um artigo de opinião publicado no New York Times. Witty reconheceu as frustrações das pessoas, afirmando que ninguém desenharia um sistema como o atual e que, de fato, ele é um emaranhado de soluções temporárias criadas ao longo de décadas. Ele ressaltou que o objetivo da empresa é “ajudar a tornar o sistema de saúde mais eficiente” e “encontrar maneiras de oferecer cuidados de alta qualidade com custos mais baixos”.
Apesar de os números indicarem que a UnitedHealthcare aprova e paga cerca de 90% das reivindicações médicas apresentadas, a narrativa negativa sobre a incapacidade do sistema de saúde e decisões de cobertura mal interpretadas ainda encontra ressonância na opinião pública, alimentando a insatisfação geral com a indústria.
À medida que a investigação avança para elucidar os motivos por trás do assassinato de Thompson, autoridades estão empregando mandados de busca para coletar evidências que possam ajudar a entender o que realmente ocorreu. Os relatos indicam que três mandados foram executados em Nova York, incluindo a busca de uma mochila encontrada no Central Park e de um telefone descartável que supostamente pertenceu a Mangione.
Mangione se encontra atualmente na instituição correcional do estado da Pensilvânia, em Huntingdon, onde é mantido sob alto nível de segurança. Fontes do departamento de correções confirmaram que o suspeito não tem interagido com outros detentos e está realizando suas refeições em sua cela, indicando a severidade da situação e do crime que cometeu, enquanto se espera por um desdobramento que traz à tona as complexidades subjacentes a este incidente trágico.
CNN’s Tami Luhby contribuiu para este relatório.