Em uma história que toca o coração e desafia as fronteiras da medicina, as irmãs gêmeas idênticas, Karen Rodman e Linda Thomas, tornaram-se ainda mais inseparáveis após um transplante de rim inovador que não apenas salvou a vida de uma delas, mas também eliminou a necessidade de medicamentos anti-rejeição. Com um vínculo tão profundo que parece desafiar as leis da biologia, essa narrativa é uma celebração não apenas da irmandade, mas também dos avanços da medicina moderna.
Desde a infância, Rodman e Thomas sempre foram unidas. Crescendo em Las Vegas, Nevada, as duas mantêm uma rotina integrada, trabalhando juntas e até compartilhando números de telefone tão semelhantes que se confundem. Conforme expressou Rodman em entrevista, “Nós sempre tivemos um relacionamento muito próximo… as pessoas sempre disseram que éramos como uma só”. A conexão delas é tão singular que elas até passaram por procedimentos cirúrgicos nas mesmas datas, como a remoção das amígdalas na infância, demonstrando que a preocupação uma pela outra transcende o que é habitual entre irmãos. No entanto, essa conexão foi severamente testada quando, em 2021, Thomas recebeu o diagnóstico de mieloma múltiplo, um tipo raro de câncer que pode levar à falência renal.
A descoberta do câncer surgiu após meses de dores nas costas, levando Thomas a realizar uma ressonância magnética que revelou uma “massa séria”. Durante esse período, Rodman notou a deterioração da saúde de sua irmã, com episódios de confusão mental, o que a motivou a levar Thomas ao hospital. No pronto-socorro, os médicos confirmaram que os rins de Thomas não estavam funcionando. Essa notícia devastadora levou Thomas a uma série de tratamentos médicos, incluindo quimioterapia, cirurgia no pescoço e um transplante de medula óssea, após os quais Thomas ainda não recuperou a função renal, tornando o transplante de rim uma necessidade urgente.
Em um ato de amor altruísta, Rodman não hesitou em se oferecer para doar um de seus rins. Durante uma conversa sobre as novas condições de saúde de Thomas, Rodman levantou a mão e disse: “Eu tenho um aqui”. Segundo ela, “saber que a minha irmã viveria uma vida melhor era tudo que eu mais queria”. Após uma série de testes médicos que comprovaram a compatibilidade entre as duas, os médicos ficaram impressionados ao verificar que elas eram mais de 99% idênticas em todos os marcadores. Esse fator não só facilitou o procedimento, mas também significou que Thomas não precisaria tomar medicamentos imunossupressores, que são frequentemente necessários após transplantes de órgãos para evitar a rejeição. Fatores que raramente são observados em donações de órgãos entre pessoas não geneticamente semelhantes, como irmãos comuns ou amigos.
O transplante foi realizado em meados de outubro de 2023, no Cedars-Sinai Medical Center, em Los Angeles. Para a equipe médica, a operação foi uma experiência rara. Dentre suas experiências como cirurgiã de transplantes, Irene Kim, diretora do Cedars-Sinai Comprehensive Transplant Center, comentou que essa foi apenas a segunda vez em que realizou uma cirurgia sem a necessidade de medicamentos anti-rejeição, algo que sublinha a singularidade do caso. “Acontece que essa é uma situação bem rara, pois a maioria dos transplantados precisa usar medicamentos imunossupressores por toda a vida, que podem ter efeitos colaterais significativos”, disse Kim, fazendo referência a complicações como diabetes e hipertensão que podem ser causadas por tais medicamentos.
Após a cirurgia, os resultados foram imediatos. O rim transplantado de Rodman começou a funcionar apropriadamente logo após o procedimento. Mulheres que enfrentaram momentos tão desafiadores unidas em um mesmo sofá, agora puderam contemplar a vida com renovada gratidão e esperanças. Rodman e Thomas permaneceram na Califórnia por um curto período para se recuperar e realizar visitas regulares ao hospital, mas em pouco tempo, voltaram para sua amada Las Vegas, onde começaram a planejar o futuro juntas.
“Eu sou tão grata por ter passado por isso com a minha irmã”, comentou Thomas, completando que, se a situação fosse invertida, Rodman também teria feito a mesma escolha. Assim como estão ansiosas para 2025, com muitos planos e vida a viver, a jornada das irmãs não apenas evidencia a força do laço que compartilham, mas também a capacidade da medicina de unir e curar.
Para saber mais sobre doações de órgãos e transplantes, você pode visitar o site da National Kidney Foundation e obter informações sobre a importância das doações. Este caso extraordinário oferece esperança e inspiração a todos que acreditam no poder do amor e da ciência.
Thomas (esquerda) e Rodman durante a recuperação no hospital. Crédito: Cortesia de Linda Thomas
Karen Rodman e Linda Thomas em Santa Monica durante a recuperação pós-cirurgia. Crédito: Cortesia de Linda Thomas