Neste Natal, Meredith Everhart e Abbey Cannon estão rodeadas de seus familiares, compartilhando um momento que transcende a simples celebração de fim de ano, e a razão é muito especial: ambas passaram por transplantes de coração, um acontecimento que, além de modificar irremediavelmente suas vidas, também fortaleceu os laços que as unem como irmãs. Enquanto Meredith está grata por estar viva, Abbey reflete sobre o impacto que a experiência teve em suas vidas, destacando a importância do amor e da família durante as festividades.
A história das duas irmãs, que têm uma diferença de sete anos e ambas passaram pela mesma experiência desafiadora aos 38 anos, serve como um lembrete potente da fragilidade da vida e da força que o amor familiar pode proporcionar. “Sou muito grata por estar viva,” expressa Meredith, uma assistente social de 39 anos. “Só quero dar amor, e ter todos nós juntos.” O que poderia ser mais bonito do que isso? Com todas as desaventuras médicas que enfrentaram, elas saíram mais unidas, prontas para enfrentar o que veio e para celebrar o que foi conquistado.
A trajetória de Abbey começou em 2012, quando começou a sentir dores no peito e batimentos cardíacos acelerados. Os sintomas persistiram por alguns dias, levando-a a marcar uma consulta médica. No dia seguinte ao exame, enquanto conversava com Meredith ao telefone, ela sentiu seu braço esquerdo formigar e ficar dormente. “Eles me disseram que eu tive um infarto,” recorda Abbey, hoje com 46 anos, que é proprietária de um restaurante de comida caseira em Elmhurst, Illinois, com seu marido, o chef Tony Cannon. Contudo, testes mais aprofundados revelaram que suas artérias estavam claras, e ela foi diagnosticada com cardiomiopatia hipertrófica (HCM), uma doença cardíaca genética que afeta uma em cada 500 pessoas, sendo a principal causa de morte súbita em jovens e atletas, segundo a Northwestern Medicine.
Embora Abbey não estivesse sozinha enfrentando sua condição, ela logo percebeu que o diagnóstico fatal poderia impactar toda a sua família. Meredith, que em sua juventude havia enfrentado um episódio semelhante, também foi diagnosticada anos depois a partir de uma série de exames que não corroboravam com suas constantes queixas de dor e desconforto. O que deveria ser uma resposta tranquilizadora a uma preocupação de saúde acabou revelando um padrão que corria em sua família, fazendo com que Meredith começasse uma nova jornada em direção ao transplante. “Eu estava em tamanha negação,” admite Everhart. “Eu não queria passar pelo que minha irmã passou.” Contudo, depois de um longo processo de negação e uma avaliação médica mais precisa, Meredith recebeu a confirmação de que também precisava de um transplante.
A recuperação de Abbey após sua cirurgia em 2017 foi impressionante. Em questão de seis horas, ela já estava a pé e até impulsionou Meredith a experimentar aulas de exercícios, algo que não foram tão bem para a irmã. “Senti como se eu fosse morrer,” revela Meredith, lembrando-se dos momentos turbulentos antes de seu diagnóstico final. No entanto, a determinação das irmãs foi mais forte que o desânimo e, em 29 de janeiro de 2024, Meredith recebeu a tão esperada notícia de que um novo coração estava disponível, com Abbey ao seu lado durante toda a jornada.
Desde que as duas irmãs concluíram suas respectivas cirurgias, o amor entre elas e a conexão familiar se intensificaram. “Isso recriou nossa família e nos trouxe a um nível mais profundo de vida e amor,” expressa Everhart, destacando a importância de momentos como os do Natal, onde o que mais importa é a união e a celebração da vida. Elas têm usado sua experiência para incentivar outras pessoas a se registrarem como doadoras de órgãos, um legado de amor que transcende suas experiências pessoais.
Atualmente, Meredith está se dedicando a escrever uma carta à família de seu doador, expressando seu desejo de que eles saibam que o coração de seu ente querido está sendo amado e cuidado. “Eu penso sobre o meu doador o tempo todo,” diz Meredith, com a expectativa de transmitir gratidão e amor nesta temporada festiva. “Eu sou uma assistente social que ajuda pessoas todos os dias. Eu não estaria aqui para retribuir sem o seu ente querido.” Nessa época do ano, o amor e a esperança parecem ganhar vida de maneira mais vibrante, e para Meredith e Abbey, isso é muito mais do que uma simples união familiar — é uma celebração da vida.
As irmãs compartilham suas histórias não só como um relato íntimo, mas como um chamado à ação para que mais pessoas considerem a doação de órgãos. Afinal, a jornada que elas percorreram é um testemunho poderoso de resiliência e amor, ressaltando que a vida, mesmo quando ameaçada, pode ser repleta de significados quando compartilhada com aqueles que amamos.