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Na manhã de sexta-feira, 6 de dezembro de 2024, o hospital Kamal Adwan, localizado em uma região sitiadas do norte de Gaza, foi alvo de uma atuação militar israelense que resultou na morte de quatro médicos, de acordo com testemunhas que falaram à CNN. Este ato de violência não apenas causou luto entre os profissionais da saúde, mas também destacou a crônica crise humanitária enfrentada na região, exacerbada por conflitos contínuos.
De acordo com Dr. Hussam Abu Saifya, diretor do hospital, as forças armadas israelenses invadiram o complexo hospitalar, forçando trabalhadores da saúde e pacientes a deixar o local. Além disso, o ataque resultou na destruição de suprimentos médicos críticos, contribuindo para a situação já precária da saúde em Gaza, onde a falta de recursos é uma preocupação diária.
Durante as primeiras horas da operação, soldados israelenses enviaram mensageiros encapuzados ao hospital, os quais usaram um megafone para ordenar a evacuação do local. A operação, que durou cerca de duas horas, resultou na detenção de um grande número de homens jovens, incluindo profissionais de saúde e palestinos que buscavam abrigo na instalação, de acordo com relatos de testemunhas.
Os quadricópteros israelenses dispararam uma intensa e direta sequência de tiros, enquanto veículos militares cercavam o hospital, segundo a descrição de Abu Saifya. Os pacientes, deslocados e profissionais de saúde foram reunidos no pátio e forçados a se deslocar para um ponto de controle ao sul, em direção à cidade de Gaza.
O diretor do hospital ainda relatou que, pouco depois de sua invasão, houve uma série de bombardeios aéreos nas laterais norte e oeste da instalação, acompanhados por uma chuva de tiros. A ordem dada pelas autoridades israelenses para evacuar todos os pacientes e o pessoal médico foi realizada sob forte pressão e circunstâncias assustadoras.
Uma delegação médica da Indonésia, a única equipe realizando cirurgias no hospital, também foi removida à força e não autorizada a retornar, ressaltando as graves implicações da situação para o atendimento médico em meio ao caos.
Este ataque foi o segundo desse tipo desde o reinício das operações militares israelenses em três cidades do norte da Faixa de Gaza em 5 de outubro, que já haviam devastado ruas inteiras, resultado em uma grave crise alimentar e dificultando o trabalho de equipes de emergência que tentam resgatar vítimas do conflito.
De acordo com o Escritório de Mídia do governo de Gaza, mais de 3.700 palestinos foram mortos nessas ações e aproximadamente 10.000 sofreram ferimentos até o dia mais recente de reportagem, mostrando a desolação e as graves consequências da intensificação do conflito.
Após as hostilidades, as Forças de Defesa de Israel (IDF) se retiraram de uma das últimas instalações funcionais no norte de Gaza. Funcionários e pacientes do hospital saíram para encontrar centenas de corpos e pessoas feridas nas ruas circundantes, com a situação destacando a verdadeira tragédia vivida pelas comunidades locais após cada ataque.
Imagens compartilhadas por Abu Saifya em redes sociais mostravam pelo menos 17 corpos cobertos que estavam no pátio do hospital. Além disso, mais de 20 pessoas ficaram feridas e em “necessidade urgente de cuidados”, no que retrata um desespero pós-conflito que se repete constantemente nas regiões afetadas.
Pelo menos 30 pessoas foram mortas em bombardeios israelenses a casas na região do hospital Kamal Adwan durante a noite, conforme relatado pelo Dr. Munir Al Bursh, diretor geral do Ministério da Saúde em Gaza.
Um dia antes, um drone israelense atingiu e matou um garoto de 16 anos em um ataque separado enquanto ele entrava no departamento de raio-X do hospital em uma cadeira de rodas, enfatizando os perigos que médicos e pacientes enfrentam em um ambiente tão hostil.
A CNN tentou obter um comentário do exército israelense sobre as alegações de Abu Saifya, mas não recebeu resposta até o momento.
Desde o início dos conflitos em Gaza após os ataques liderados pelo Hamas em 7 de outubro, pelo menos 1.050 trabalhadores da saúde perderam a vida, de acordo com o Ministério da Saúde da Autoridade Palestina. A IDF afirma que suas operações visam erradicar a presença renovada do Hamas na região, mas as consequências estão deixando uma marca indelével na sociedade civil local.