Nova Iorque
CNN

O mercado de ações nos Estados Unidos vinha exibindo uma tendência de alta desde a reeleição de Donald Trump, impulsionado pelas promessas de seu governo sobre desregulamentação e cortes de impostos. Esses fatores geraram uma onda de otimismo entre os investidores, que esperavam lucros facilitados e dinheiro fácil. No entanto, uma realidade um tanto desanimadora emergiu nesta semana, quando o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, surgiu em uma coletiva de imprensa para relembrar a todos quem realmente detém o controle.

Durante a atualização, Powell enfatizou que a inflação se manterá em níveis mais altos do que o esperado para o próximo ano, revelando que a expectativa agora é de **apenas dois cortes na taxa de juros** em 2025, em comparação com os quatro previstos anteriormente em setembro. Essa declaração provocou uma queda abrupta no mercado, com o **S&P 500** despencando cerca de **3%** e o **Dow Jones** sofrendo uma perda de mais de **1.100 pontos**, marcando a décima sessão consecutiva de queda, a maior sequência de perdas desde 1974.

A reação intensa do mercado indica que o Federal Reserve pode ter um impacto mais significativo sobre as flutuações do mercado do que as políticas de Trump daqui para frente. Art Hogan, diretor-gerente e estrategista-chefe de mercado da B. Riley Investments, descreveu as projeções do Fed sobre taxas e inflação como um “soco no rosto do mercado”. “Isso deixou todo mundo assustado”, disse Hogan, destacando a repentina reavaliação das expectativas do mercado.

Com isso, a empolgação pós-eleitoral rapidamente se dissipou. Antes do início da queda, o Dow havia registrado quase **2.800 pontos** de alta desde o dia da eleição, mas na quarta-feira terminou com um ganho total de apenas **100 pontos** desde a reeleição de Trump. A perspectiva que antes parecia tão promissora agora dá lugar a incertezas quanto ao crescimento econômico e aos impactos econômicos das propostas de Trump.

Desafios de uma recuperação econômica real

Embora os cortes nas taxas de juros tenham sido bastante esperados, os investidores saíram da coletiva de Powell perplexos, confrontados com uma previsão para 2025 que parecia indicar um futuro mais conturbado. Para os mercados, menos cortes nas taxas podem se traduzir em lucros mais baixos do que o esperado, menos contratações e um crescimento econômico mais fraco. “Nada na vida vem fácil”, comentou Callie Cox, estrategista-chefe de mercado da Ritholtz Wealth Management, refletindo sobre a realidade imposta pelo Fed.

Cox ressaltou ainda que a recente empolgação em torno das promessas de Trump parece estar se dissipando, à medida que a possibilidade de novas tarifas e políticas de deportação em massa trazem preocupações sobre uma inflação ainda maior. A meta de inflação do Fed e suas medidas de resposta estão se tornando cada vez mais complexas em um cenário onde as expectativas de crescimento devem ser ajustadas.

“Este último trajeto para a recuperação vai levar mais tempo”, afirmou Hogan, sinalizando que o caminho até uma recuperação robusta será repleto de obstáculos. As reações do mercado também despertaram uma tendência, já presente no setor de títulos, que indicava que as taxas de juros se elevariam. Os títulos do Tesouro, por exemplo, estavam subindo devido às expectativas de que as políticas fiscais de Trump poderiam, de fato, pressionar ainda mais a inflação.

O que esperar no futuro próximo?

Fica evidente que o otimismo cedeu espaço não apenas à dúvida, mas a uma nova fase de cautela no mercado. A disposição dos investidores em vender ativos parece estar relacionada a um desejo de garantir lucros antes que novas incertezas se manifestem. “Em vez de esperar para vender até o início de 2025, os investidores decidiram que era melhor começar a realizar alguns lucros agora”, disse Sam Stovall, estrategista chefe de investimento da CFRA Research. A crença de que tudo continuaria a progredir conforme o esperado foi rapidamente deixada para trás.

Os investidores agora se veem obrigados a prestar atenção mais de perto aos avisos do Fed do que às promessas de Trump. “O Fed possui um poder de mover os mercados que nenhuma outra instituição na América detém”, explicou Rob Haworth, estrategista de investimento sênior na US Bank Wealth Management. A mensagem subjacente de Powell na coletiva parece ter sido uma clara advertência a Trump: “Eu estou no comando”.

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