Jimmy Carter, o agricultor de amendoins que se tornou presidente na esteira do escândalo de Watergate e da Guerra do Vietnã, faleceu. Ele tinha 100 anos. Com uma vida marcada por eventos significativos, Carter se destacou não apenas como o 39º presidente dos Estados Unidos, mas como um humanitário global após deixar a Casa Branca.
O ex-presidente, que se tornou o mais longevo a ocupar o cargo na história americana, faleceu no último domingo, após mais de um ano em cuidados paliativos, em sua residência na pequena cidade de Plains, na Geórgia. Ele e sua esposa, Rosalynn, que morreu aos 96 anos em novembro de 2023, passaram a maior parte de suas vidas naquela cidade, conforme divulgado pelo Carter Center.
“Nosso fundador, ex-presidente dos EUA Jimmy Carter, faleceu nesta tarde em Plains, na Geórgia”, informou o centro em uma publicação nas redes sociais. Por meio dessa mensagem, ficou evidente o impacto que Carter teve, não apenas na política, mas também nas questões sociais e humanitárias.
Um dos mais notáveis aspectos da vida de Carter foi seu compromisso com a paz e os direitos humanos. Vencedor do Prêmio Nobel da Paz em 2002, Carter se dedicou a resolver conflitos internacionais, promover a democracia e defender os direitos sociais. Antes de se tornar presidente, ele havia governado a Geórgia e se destacou por suas ações em prol da educação, saúde pública e reforma fiscal.
Carter entrou na corrida presidencial de 1976 como um governador relativamente desconhecido da Geórgia, mas sua abordagem moderada e seu carisma conquistaram o eleitorado após a crise de confiança resultante da presidência de Richard Nixon. Ele prometeu não mentir ao povo americano e fez questão de reafirmar seu compromisso com a honestidade e transparência.
A presidência de Carter foi marcada por realizações significativas, como o famoso Acordo de Camp David em 1978, que levou à paz entre o Egito e Israel. No entanto, sua administração também enfrentou grandes desafios, incluindo a crise do petróleo, a inflação galopante e a crise dos reféns no Irã, que acabou por impactar sua reeleição em 1980.
Após deixar a presidência, Carter não se deixou abater pela derrota, mas usou sua influência para continuar seu trabalho humanitário. Em 1982, estabeleceu o Carter Center, que se destacou por suas iniciativas em todo o mundo, incluindo a supervisão de eleições justas e limpas, campanhas de vacinação e esforços de mediação de conflitos.
O compromisso de Carter com a saúde global foi particularmente notável em suas iniciativas para erradicar doenças, como a filariose. Ele viajou para países em desenvolvimento e se comprometeu a ajudar comunidades a superar epidemias e melhorar suas condições de vida. Sua crença inabalável no valor da vida humana o levou a dizer: “Minha fé exige — isso não é opcional — que eu faça tudo o que eu puder, onde quer que eu esteja, sempre que puder, com o que tiver para fazer a diferença.”
A notícia da morte de Carter ressoou profundamente em todo o mundo, levando a uma reflexão coletiva sobre seu legado e a maneira como ele marcou a história não apenas na política americana, mas também incutiu um senso de responsabilidade social que influencia muitos até hoje. Seu trabalho após a presidência fez dele um dos líderes mais respeitados globalmente, um verdadeiro vencedor do Nobel da Paz.
Ainda que tenha enfrentado críticas e desafios durante sua presidência, muitos agora reconhecem que seu tempo no cargo teve um impacto duradouro nas políticas de direitos humanos e nas relações exteriores dos EUA. Recentemente, biografias e análises históricas começaram a revisar suas ações presidenciais de forma mais generosa, reconhecendo que ele pode não ter sido o presidente que muitos quiseram, mas sim um líder eficaz em muitos aspectos que emergiu após sua derrota política.
Carter deixa um legado indelével que continuará a ser estudado, reexaminado e celebrado. Suas contribuições à política e sua paixão pela humanidade o garantirão um lugar de destaque na história não apenas como presidente, mas como um defensor incansável dos direitos humanos e da paz. No fim de sua vida, ele constantemente reafirmava a beleza de seus anos, refletindo sobre sua amizade, suas experiências e seu compromisso inabalável de fazer a diferença em um mundo que precisa disso desesperadamente.
Assim, com um legado que inclui a luta pela paz, os direitos humanos e a construção de um mundo melhor, Jimmy Carter nos deixou um exemplo de como um líder pode transcender a política e se tornar um verdadeiro humanitário. Que sua memória e trabalho inspirem futuras gerações a lutar por justiça social e igualdade.