O presidente Joe Biden, por meio de uma ação significativa em sua trajetória à frente da Casa Branca, decidiu comutar as penas de morte de 37 dos 40 indivíduos que cumpriam essa severa sentença no sistema penal federal dos Estados Unidos. Esta decisão ocorre em um momento crítico, antes de transferir o poder ao presidente eleito Donald Trump, conhecido por retomar execuções em seus últimos dias de mandato. No entanto, essa atitude de Biden não deve ser confundida com um perdão, já que as penalidades foram reduzidas para prisão perpétua sem possibilidade de parol.
No dia 23 de dezembro, Biden expressou sua posição em comunicado, compartilhando sua experiência política ao longo de décadas e seu compromisso em promover um sistema de justiça mais justo. “Dediquei minha carreira a reduzir o crime violento e a garantir um sistema de justiça equitativo e eficaz”, afirmou Biden, um político com 82 anos de idade. O presidente fez questão de ressaltar que, apesar de não poupar palavras para condenar os crimes cometidos por esses indivíduos, ele acredita firmemente na necessidade de abolir a pena de morte no nível federal, citando sua formação como defensor público e sua experiência anterior como vice-presidente e presidente do Comitê Judiciário do Senado.
Apesar de sua aversão ao uso da pena capital, Biden fez uma escolha controversa ao não intervir em três casos específicos de condenados à morte. Os que permanecem no corredor da morte federal incluem Dylann Roof, o autor da chacina em uma igreja em Charleston, Carolina do Sul, em 2015, onde nove pessoas negras foram assassinadas; Robert Bowers, responsável pela matança de 11 fiéis durante um ataque à sinagoga Tree of Life em Pittsburgh em 2018; e Dzhokhar Tsarnaev, que perpetrara os atentados durante a Maratona de Boston em 2013, resultando em três mortes e 264 feridos. Um funcionário da administração foi questionado sobre a seleção desses casos, respondendo que “os indivíduos restantes foram condenados por assassinato em massa motivado por ódio ou atos de terrorismo. Essa é a distinção feita”.
Quando Biden assumiu a presidência em 2021, ele já havia suspendido temporariamente as execuções federais. Com suas recentes ações, ele pretende “impedir que a próxima administração leve a cabo as sentenças de morte que não seriam impostas sob a atual política e prática”, de acordo com informações de oficiais. A decisão de Biden de comutar as penas foi amplamente celebrada por líderes em defesa dos direitos humanos. Bryan Stevenson, diretor da Equal Justice Initiative e autor do aclamado livro “Just Mercy”, elogiou a ação do presidente, esperando que outros governadores e executivos estaduais sigam o exemplo, especialmente em um momento em que muitos tribunais parecem abandonar seu papel de garantir a equidade em casos criminais.
A congressista Ayanna Pressley, da área de Boston, também elogiou a decisão de Biden, que chega após um recente apelo para que o presidente reconsiderasse as sentenças dos condenados à morte. Ela destacou a importância de tal ação, afirmando que “não há ação mais poderosa ou justa do que poupar a vida de alguém”. Para Pressley, a decisão de Biden de commutar as penas de 37 indivíduos no corredor da morte é um ato de compaixão que poderá salvar vidas e abordar as profundas desigualdades raciais presentes no sistema penal.
Além disso, em 12 de dezembro de 2023, Biden havia anunciado um plano de clemência para quase 1.500 indivíduos colocados em prisão domiciliar durante a pandemia de COVID-19, reconhecendo seu esforço em se rehabilitar e contribuir positivamente para suas comunidades. Ele também concedeu perdão a 39 pessoas condenadas por crimes não violentos, marcando um passo significativo em seu compromisso com a reforma da justiça criminal. Em sua presidência, Biden se tornou o primeiro presidente a conceder perdões categóricos a indivíduos condenados por uso e posse simples de maconha, além de ex-militares LGBTQI+ condenados por sua orientação sexual.
Na campanha de 2020, Biden prometeu abordar a reforma do sistema de justiça criminal, garantindo sua intenção de criar legislações que eliminariam a pena de morte a nível federal e incentivariam os estados a seguirem essa abordagem. Diante de um panorama nos Estados Unidos em que a execução da pena capital tem gerado controvérsia e debate, Biden busca moldar uma nova era de entendimento e compaixão nas políticas de justiça.
O tempo dirá se o esforço de Biden terá repercussões duradouras além de sua própria administração, afetando a perspectiva sobre a pena de morte e suas implicações sociais e jurídicas nos Estados Unidos.