No cenário atual da tecnologia de busca, um dos principais debates gira em torno do domínio que o Google possui nesse mercado. Em uma decisão proferida por um tribunal dos Estados Unidos em agosto, constatou-se que o Google detém um monopólio nas buscas online. Embora a gigante da tecnologia tenha decidido apelar dessa decisão, o Departamento de Justiça (DOJ) dos EUA não está parado. Neste momento, enquanto decide sobre as possíveis penalidades que podem ser impostas ao Google, que incluem até a separação do navegador Chrome, o DOJ busca adicionar um novo testemunho crucial à sua argumentação. A testemunha em questão é Dmitry Shevelenko, Chief Business Officer da Perplexity, um provedor de busca de inteligência artificial recentemente avaliado em impressionantes 9 bilhões de dólares, segundo informações da Reuters.
A ascensão da Perplexity, junto a outras ferramentas de IA generativa como o ChatGPT da OpenAI, representa uma nova era nas buscas na internet. Essas tecnologias emergentes oferecem respostas diretas para consultas complexas, embora por vezes essas respostas possam incluir informações imprecisas ou fictícias. Em resposta a essa crescente concorrência, o Google não se tornou complacente; em vez disso, acelerou o desenvolvimento de suas próprias ferramentas de pesquisa baseadas em inteligência artificial, como as AI Overviews, que garantem que respostas geradas por IA apareçam na parte superior dos resultados de pesquisa. Contudo, a situação entre o DOJ e as companhias de tecnologia mostra como o ambiente digital está se transformando constantemente.
No contexto de seu pedido, o DOJ manifestou interesse em interrogar Shevelenko sobre vários aspectos que envolvem a relação da IA generativa com os pontos de acesso de busca, a distribuição, as barreiras à entrada no mercado e o compartilhamento de dados. O termo “pontos de acesso de busca” utilizado pelo DOJ refere-se a plataformas como o Google Chrome, onde usuários comuns acessam a internet para realizar suas pesquisas. A importância da contribuição de Shevelenko pode ser fundamental para reforçar a argumentação do DOJ, que busca demonstrar que a Google monopoliza o setor de buscas, excluindo potenciais concorrentes e, portanto, merecendo sanções mais severas.
Enquanto isso, a Perplexity se vê em uma posição delicada, totalmente no meio desse embate entre o DOJ e o Google, uma vez que ambos os lados precisam de informações da empresa que podem ser cruciais para seus casos. Em um movimento estratégico, o Google já havia solicitado documentos à Perplexity no mês de outubro, utilizando a intimação para solidificar sua própria afirmação de que existem concorrentes viáveis no campo da busca. Outros gigantes, como Microsoft e OpenAI, também foram intimados a proporcionar informações que sustentem sua posição no mercado.
Entretanto, a Perplexity não tinha produzido até a data de 11 de dezembro “um único documento” à gigante da tecnologia, de acordo com um registro no tribunal, onde o Google expressava que não havia “justificativa conceitual” para a demora de dois meses no fornecimento das informações. No entanto, a empresa de inteligência artificial indicou que estava disposta a atender 12 dos 14 pedidos de documentos feitos por parte do Google, mas ainda se encontrava avaliando a quantidade de trabalho necessária para coletar um volume tão extenso de dados. Além disso, a Perplexity revelou que já havia concordado em fornecer cópias de acordos de licenciamento “relacionados ao treinamento de IA”, mas o Google desejava todos os acordos de licenciamento da Perplexity, ao que a empresa solicitou a possibilidade de “dialogar e discutir” esse pedido.
Esse intrincado jogo de forças no setor de tecnologia levanta questões sobre o futuro das ferramentas de busca e sobre como a concorrência está se moldando no ambiente digital. O desdobramento do caso antitruste contra o Google poderá não apenas impactar a gigante de Mountain View, mas também moldar as estratégias de empresas emergentes como a Perplexity, que se coloca como uma alternativa viável em um mercado tradicionalmente dominado pelo Google. A forma como as autoridades regulatórias irão tratar esses assuntos será fundamental para um entendimento mais abrangente e justo do cenário competitivo. Enquanto o desfecho desse caso não se concretiza, a dinâmica de busca na internet continuará a evoluir, com novos players e tecnologias se inserindo nessa arena em busca de espaço.