No mundo dinâmico das apostas de eventos, uma rivalidade recente entre as empresas Kalshi e Polymarket está chamando a atenção não apenas dos apostadores, mas também de órgãos de fiscalização e do grande público. Em um segmento de um podcast que agora foi excluído, Tarek Mansour, CEO da Kalshi, reconheceu que sua equipe solicitou a influenciadores de mídias sociais que propagassem memes relacionados à invasão do FBI na casa de Shayne Coplan, o CEO da Polymarket. Essa revelação abre um vasto leque de questionamentos sobre ética e práticas de mercado em um setor que ainda está se consolidando.
A competição acirrada entre Kalshi e Polymarket
Tanto Kalshi quanto Polymarket operam no emergente nicho de apostas em eventos, onde os usuários podem apostar em resultados de eventos que vão desde eleições até fenômenos da cultura popular. Essa prática inovadora, no entanto, também levanta questões sobre transparência e regulação, especialmente em um contexto em que as relações entre as empresas parecem cada vez mais se deteriorar. Enquanto Kalshi está em uma trajetória de crescimento e legalmente permitida a operar no mercado americano desde 2021, a Polymarket enfrenta sérias dificuldades legais e operacionais. O Departamento de Justiça dos Estados Unidos está investigando a Polymarket por alegações de permitir que usuários americanos realizem trades restritos, o que se agravou após uma resolução em 2022 com a Comissão de Valores Mobiliários e Câmbio, limitando suas operações.
Recentemente, a Kalshi decidiu se aproveitar da situação delicada da Polymarket, revelada na invasão do FBI na casa de Shayne Coplan no mês passado. Em sua fala no podcast, Mansour comentou que alguns membros de sua equipe ficaram muito agitados com os acontecimentos e sugeriram que influenciadores divulgassem memes sobre o incidente. Ele afirmou: “Alguns de nossos colaboradores se empolgaram. Eles não pagaram ninguém; apenas pediram a alguns de nossos afiliados de longa data para postarem alguns memes”. Contudo, essa postura foi amplamente criticada, levando a um debate interno sobre a ética de tais ações.
Repercussões e a natureza das alegações
Depois que as acusações e discussões sobre as táticas nas redes sociais começaram a ganhar força, um artigo do site Pirates Wires, fundado por Mike Solana, alegou que funcionários da Kalshi pagaram influenciadores para propagarem a noção de que a Polymarket e seu CEO estavam envolvidos em atividades ilegais. Contudo, o próprio artigo reconheceu conflitos de interesse, uma vez que Solana é diretor de marketing do Founders Fund, um dos investidores-chave da Polymarket, além de a Polymarket ser anunciada pelo Pirates Wires.
Após a repercussão, a discussão sobre as táticas sociais da Kalshi foi removida do podcast. A equipe do TechCrunch obteve acesso e analisou essa parte deletada, na qual Mansour acusava a Polymarket de estar também envolvida em táticas semelhantes contra sua empresa. Ele foi enfático ao afirmar que “ambas as empresas têm feito isso”, referindo-se às intrigas nas redes sociais, e reiterou que a Kalshi não foi alvo de ações do FBI, desmentindo rumores que circularam.
Como as empresas estão lidando com os desafios atuais?
Embora a Kalshi não tenha demitido os colaboradores envolvidos, Mansour declarou que eles “entendem que foi um erro e não deveriam fazer isso novamente”. Sua resposta sugere um desejo de se distanciar de ações de marketing agressivas que possam prejudicar a imagem da empresa, especialmente em um momento em que a Kalshi está levantando uma nova rodada de financiamento superior a 50 milhões de dólares.
O clima no setor de apostas de eventos é de cautela e mudança, com a Kalshi, respaldada por investidores de renome como Sequoia e Y Combinator, em um momento crucial de crescimento e regulamentação, enquanto a sua concorrente, Polymarket, lida com investigações que podem impactar todo o seu modelo de negócios.
Conclusão: Um ambiente em transformação e a moralidade nos negócios
Este episódio não apenas traz à tona a rivalidade entre Kalshi e Polymarket, mas também coloca em discussão a ética no marketing e nas redes sociais, especialmente em um setor que ainda busca sua identidade. Com regulamentos cada vez mais rígidos, e uma concorrência que não hesita em explorar fraquezas do outro, as duas empresas terão que repensar suas estratégias se quiserem prosperar em um mercado que está se transformando rapidamente. No final das contas, a pergunta que muitos estão fazendo é: até onde você iria para vencer a competição?