Nos bastidores da política americana, um debate fervoroso ocorre entre os assessores e aliados próximos da vice-presidente Kamala Harris. A questão central gira em torno de sua possível candidatura ao governo da Califórnia em 2026. Essa decisão também poderia influenciar suas aspirações de concorrer novamente à presidência em 2028. O cenário delineado é intrigante: alguns acreditam que Harris possui uma boa chance de garantir a indicação do Partido Democrata, enquanto outros temem que sua previsão de sucesso pode se revelar ilusória diante de uma primária competitiva e adversários poderosos.

Os desafios que se aproximam não param por aí. Depois de impulsionar sua imagem e arrecadar mais de $1 bilhão durante sua surpreendente corrida presidencial, Harris poderia se beneficiar de uma nova candidatura. Contudo, há receios que um longo prazo de campanha poderia desgastá-la, especialmente considerando sua recente derrota para Donald Trump. Um dos fatores pesados nesse dilema é a percepção de que uma corrida para governador poderia ser vista como um retrocesso, até mesmo por sua própria base de apoiadores, à medida que muitos questionam se essa pode ser uma alternativa digna a uma nova tentativa presidencial.

A corrida para governadora, por outro lado, é considerada uma oportunidade favorável. Ao longo de sua carreira política, Harris já foi eleita em todo o estado e ocupou o cargo de procuradora-geral e senadora dos EUA durante dez anos. Quando a CNN consultou candidatos potenciais para o governo, muitos deles deixaram claro, seja por meio de declarações diretas ou através de assessores, que estariam dispostos a se retirar se Harris decidir participar da disputa. Porém, o consenso entre assessores de Harris sugere que ela não poderá conciliar uma campanha presidencial com uma corrida ao governo, uma vez que isso exigiria que ela anunciasse suas intenções rapidamente após tomar posse como governadora.

Com o tempo se esgotando, a vice-presidente precisará definir suas intenções antes do verão de 2025, o que significa que ela estará em uma encruzilhada logo após a posse de Trump. Para muitos próximos a Harris, entrar na corrida ao governo exigiria que ela repensasse seu futuro político, considerando o cargo de governador como um “ponto culminante” em sua carreira mais do que um “degrau” para a presidência. O que alguns acreditam ser um prêmio consolação de fato poderia, na visão de outros, oferecer uma nova chance de consolidar seu legado.

Incertezas sobre o futuro e o desejo de não desistir

Apesar de não ter fechado a porta para futuras candidaturas, testemunhas afirmam que Harris continua hesitante e sem direção clara. As mensagens que ela compartilha com seus apoiadores, como “você ainda não viu o último de mim” e “não vou sair quieta”, são apenas pistas do que se passa em sua mente. Nesse período de introspecção, suas aparições em público foram escassas desde o discurso de concessão, evidenciando um desejo de reflexão e adaptação frente a um futuro incerto.

Harris não quer que sua história política termine com um epílogo feito de uma derrota sem glória. Ela se recusa a ser lembrada unicamente como a vice-presidente que presidiu a certificação da vitória eleitoral de Trump, especialmente considerando o impacto histórico do evento. Além disso, as opções sobre um futuro não eleitoral, como um possível projeto de livro ou a criação de uma organização sem fins lucrativos, foram discutidas como alternativas viáveis. Entretanto, sua equipe tem sido firme em não permitir que a campanha eleitoral a leve a uma posição de compromissos que poderiam prejudicar seu potencial político futuro.

Paralelos históricos e a busca por uma nova narrativa

Por outro lado, Harris tem à frente de sua análise os paralelos históricos de outros políticos que tentaram triunfar após uma derrota. Richard Nixon, um ex-senador da Califórnia e vice-presidente, é um exemplo emblemático que muitos devem ter em mente. Sua história de derrotas e subsequente sucesso na corrida presidencial é frequentemente ressaltada, assim como o retorno de Trump à presidência após uma derrota anterior. Dizer que Harris poderia ser a próxima a moldar a narrativa de uma reviravolta não é uma afirmação leviana.

A governadoria da Califórnia, por outro lado, representa um papel influente, controlando uma das maiores economias do mundo. Poderia ser a oportunidade ideal para Harris construir um legado duradouro, munindo-se de uma base sólida de apoio antes de considerar uma nova candidatura presidencial, possivelmente em 2032 ou 2036. Ao escolher esse caminho, no entanto, Harris teria de aceitar o trabalho como um retrocesso de uma década em suas aspirações, uma opção que, por si só, gera debates intensos entre seus apoiadores e críticos.

Ademais, o próprio governador Gavin Newsom, por sua vez, é um fator a ser considerado. O espaço político em que ambos atuam possui um histórico de rivalidade que se expande por anos. Com Newsom se preparando para possíveis candidaturas, Harris se vê em um dilema: se lançar para um cargo que ele mesma poderia estar correndo, ou aguardar para um futuro mais promissor.

Impacto da decisão nas disputas eleitorais de 2028

Conforme se aproxima a nova corrida electoral de 2028, prognósticos sobre as disputas dentro do Partido Democrata e possíveis adversários começam a surgir. A decisão de Harris de correr ao governo ou não em 2026 poderá não apenas definir seu futuro político, mas também o alinhamento de forças e candidaturas no estado da Califórnia. Discursos políticos e alinhamentos emergentes podem ser moldados dependendo do que ela escolher.

Embora a urgência da decisão se torne mais evidente, é unânime entre os assessores que Harris possui um forte retorno junto a seu eleitorado. Apesar das dificuldades que enfrentou entre os jovens e entre os negros durante sua campanha presidencial, especialista do Partido Democrata acreditam que ela poderia oferecer uma nova perspectiva a partir do seu desempenho nas urnas recentes. O legado que ela deixa após esta decisão poderá moldar a narrativa do Partido Democrata para os próximos anos, sendo um forte lembrete de que a estrada da política é muitas vezes devastadora, mas sempre carregada de segundas chances. Se houver espaço para que Harris faça sua marca, restará saber qual caminho ela decidirá tomar.

A pressão está em cima dela, e a expectativa continua. O que Kamala Harris fará a seguir? Apenas o tempo dirá.

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