Karla Sofía Gascón, que se destacou em sua estreia no cinema em Emilia Pérez no Festival de Cannes, agora assume um novo desafio. A atriz assinou contrato para protagonizar Las Malas, uma adaptação em língua espanhola do romance de contos de fadas sombrios Bad Girls da autora Camila Sosa Villada.
A direção ficará a cargo de Armando Bó, que ganhou um Oscar por co-escrever o drama Birdman de Alejandro González Iñárritu em 2014, e o roteiro é co-escrito por Josefina Licitra. A produção, que promete mexer com a emoção do público, terá suas bases na Argentina e no Uruguai, sob a bandeira da About Entertainment, conhecida por seu trabalho na indústria cinematográfica sul-americana.
Gascón dará vida à personagem tia Encarna, uma líder forte e protetora de um grupo de trabalhadoras sexuais trans. A rotina de Encarna é perturbada quando ela encontra um bebê abandonado e decide adotá-lo, não se dando conta de que sua decisão pode colocar toda a sua comunidade em perigo. A premissa do filme traz à tona questões pertinentes sobre identidade, maternidade e as batalhas cotidianas enfrentadas por aqueles que vivem à margem da sociedade.
O romance Las Malas foi o livro de estreia de Villada, que também é atriz e faz parte da comunidade trans. Com uma narrativa que combina o mágico com o cotidiano nas ruas argentinas, a obra foi publicada pela primeira vez em 2019 e conquistou diversos prêmios, incluindo o Prêmio Sor Juana Inés de la Cruz na Feira Internacional do Livro de Guadalajara e o Grand Prix de L’Héroïne, concedido pela revista francesa Madame Figaro. Essa rica interseção de temas sociais e a perspectiva única de Villada trazem uma nova luz à tevê e ao cinema internacional.
A equipe de produção inclui nomes como Natacha Cervi, Mercedes Reincke, Ezequiel Olemberg, entre outros. Já a produção executiva terá as contribuições de Villada, Phin Glynn e Delfina Montecchia. Esse ponto é importante, pois garante que a visão da autora será respeitada e refletida, tornando Las Malas não apenas um filme, mas uma plataforma para discutir e retratar a vida das pessoas trans e suas realidades.
Gascón já consolidou seu nome no cinema, especialmente após ter ganho o prêmio de melhor atriz em Cannes, sinalizando a força e a importância de seu papel na narrativa atual. Ela também recebeu indicações ao Globo de Ouro e ao Critics Choice, além de ser reconhecida com o prêmio de melhor atriz no European Film Awards e o prêmio de desempenho distinto no Savannah Film Festival. A relevância de Emilia Pérez como o segundo filme mais indicado da história dos Globos e sua seleção como a entrada da França para a categoria de melhor filme internacional atestam o impacto cultural e o destaque de Gascón na indústria cinematográfica.
Em um momento em que as narrativas trans estão começando a ganhar mais espaço no cinema mainstream, é encorajador ver personagens complexos, como a tia Encarna, sendo trazidos à vida por uma artista talentosa como Gascón. Isso não apenas expande a representação, mas também oferece ao público um vislumbre dos desafios e triunfos de uma comunidade que luta por reconhecimento e direitos. Ao final, projetos como Las Malas são mais do que entretenimento; são uma ferramenta de mudança social que pode educar, inspirar e criar empatia entre diferentes culturas e gerações.
Armando Bó também tem um currículo respeitável, tendo co-escrito Biutiful, um drama que destacou o talento do ator Javier Bardem. Ele é o showrunner e diretor do projeto de duas temporadas da Amazon Prime Video, El Presidente, e também produziu a série limitada Cromañon e o filme El Último Elvis, que teve sua estreia no Festival de Sundance em 2012.
Karla Sofía Gascón é representada pela UTA e pela GET Agency, enquanto Bó está sob os cuidados da CAA, Untitled Entertainment e Johnson Shapiro. A colaboração entre esses talentos promete não apenas uma narrativa rica, mas também um engajamento emocional com o público, refletindo aspectos da vida moderna em um contexto de beleza e desafios.