Em uma reviravolta impactante no mundo do futebol, Li Tie, o ex-jogador da Premier League e treinador da seleção masculina de futebol da China, foi condenado a 20 anos de prisão por corrupção, de acordo com relatos da mídia estatal. Esta sentença, anunciada na sexta-feira, marca um dos episódios mais notáveis em um movimento de combate à corrupção que assola o futebol profissional na China. A condenação de Li representa mais do que um caso isolado; ela reflete uma crise profunda que envolve a integridade do esporte no país, que nos últimos anos vem tentando se estabelecer como uma potência global no futebol.

Li Tie, que jogou pelo Everton, da Inglaterra, ao lado de astros como Wayne Rooney no início dos anos 2000, emerge como o nome mais proeminente a ser apanhado em uma onda de investigações que expõem a corrupção endêmica nas ligas de futebol chinesas. A reprimenda de Li vem em um momento em que a liderança do Partido Comunista Chinês, sob o comando do presidente Xi Jinping, busca criar uma “superpotência mundial do futebol”. No entanto, a realidade tem se mostrado desafiadora, uma vez que as ligações com práticas corruptas e a má gestão financeira têm corroído o potencial e a credibilidade do futebol do país.

Em um ano conturbado, 2022 ficou marcado pela eliminação frustrante da seleção nacional da China na fase preliminar da Copa do Mundo da FIFA no Catar. Este resultado desencadeou uma investigação abrangente por parte da agência anticorrupção do país, visando práticas de suborno e manipulação de partidas que assolaram o futebol profissional. Li Tie se tornou o primeiro entre uma dúzia de oficiais de futebol a serem pegos nesse desejo de reforma e resgate da honestidade nos esportes.

No tribunal, Li foi condenado por múltiplas acusações de suborno, segundo reportagens da CCTV. Detalhes revelados durante o julgamento indicam que entre 2019 e 2021, enquanto era treinador da seleção nacional e do time seleto nacional, Li aceitou mais de 50 milhões de yuans (aproximadamente 6.8 milhões de dólares) em subornos. Em troca, ele favoreceu certos jogadores para serem convocados à seleção e facilitou vitórias para clubes específicos.

A condenação de Li não se deu apenas por receber subornos, mas também por sua ativa participação na manipulação de resultados. Durante as audiências, os promotores alegaram que ele havia orquestrado subornos antes de sua ascensão ao comando do time nacional, com a ajuda do clube que dirigia, totalizando 3 milhões de yuans (cerca de 412,800 dólares) apenas para assegurar o cargo. Ele se tornou um dos protagonistas em casos que mancharam a reputação da liga. Além disso, Li também se viu envolvido em conluios durante seu tempo como treinador de dois clubes na liga chinesa entre 2015 e 2019.

Em um documentário sobre a repressão à corrupção no setor de futebol, Li expressou seu profundo arrependimento por ter tomado o “caminho errado.” Ele refletiu sobre sua trajetória, afirmando que, quando jogador, desprezava aqueles envolvidos em manipulação de partidas, mas que, ao se tornar treinador, percebeu que essas práticas eram uma maneira rápida de melhorar o ranking do seu clube. Em seu relato sincero, ele reconheceu que o sucesso alcançado através de meios inadequados fez com que se tornasse outra pessoa, dependente de atalhos e à mercê de uma visão míope sobre o esporte.

A sistemática e a eficácia do sistema judicial chinês tornam evidente que as convicções neste tipo de caso são quase garantidas. Com uma taxa de condenação acima de 99%, é comum que confissões sejam transmitidas antes dos julgamentos, o que levanta questões sobre a natureza da justiça nas controversas campanhas anticorrupção do país. Entretanto, Li é considerado um dos melhores jogadores de sua geração e um importante ícone no cenário esportivo chinês. Sua trajetória brilhante começou em 2002, quando se tornou um dos primeiros jogadores chineses a competir na Premier League.

Li fez 29 jogos pelo Everton em sua temporada de estreia, um marco na sua carreira e para o futebol chinês, especialmente pois foi acompanhado por um jovem Wayne Rooney. Ele também foi parte da seleção nacional que participou da Copa do Mundo de 2002, um feito que não foi repetido até hoje. A expectativa era alta quando Li foi nomeado treinador da seleção em janeiro de 2020, mas sua passagem foi marcada por resultados decepcionantes, resultando em sua saída em meio a um clamor popular por mudanças.

Diante de todos esses acontecimento, a prisão de Li Tie não é apenas um alerta para aqueles que estão envolvidos no futebol na China, mas também abre uma reflexão sobre a cultura de corrupção que persiste no esporte e a necessidade de reformas profundas. Os fãs de futebol, que uma vez depositaram esperança nele como o futuro do futebol nacional, agora se veem decepcionados, mas com a esperança de que estas medidas de repressão possam finalmente trazer um novo capítulo de honestidade e integridade para o futebol na China.

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