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Long COVID não se limita a ser um mero problema de saúde. Sua incidência está gerando um impacto devastador tanto nas finanças pessoais quanto no ambiente de trabalho de milhões de americanos, que enfrentam dificuldades em retornar ao trabalho meses após a infecção inicial. À medida que as administrações públicas e os empregadores se veem em um esforço frenético para lidar com essa crescente crise, a análise dos dados disponíveis revela um panorama alarmante que merece nossa atenção.

Um estudo recente realizado por uma equipe da Universidade de Yale revelou que até 14% dos 3.500 pacientes com Long COVID entrevistados ainda não haviam conseguido retornar ao trabalho três meses após a infecção. Até o momento, mais de 20 milhões de americanos foram diagnosticados com Long COVID. O estudo indica que quase um a cada dez pacientes com essa condição apresenta cinco ou mais sintomas persistentes. Esses participantes, muitos dos quais eram jovens e antes saudáveis, mostraram ser duas vezes mais propensos a não retornar ao trabalho em comparação com aqueles que não apresentavam sintomas. O Dr. Arjun Venkatesh, professor de medicina de emergência na Universidade de Yale e autor principal da pesquisa, ressalta um equívoco comum: a crença de que os problemas atribuídos à Long COVID se restringem a indivíduos não vacinados, idosos ou portadores de condições médicas pré-existentes. Ele observa que, apesar de sua coorte ser predominantemente jovem e altamente vacinada, os sintomas prolongados após a infecção aguda são uma realidade e têm um impacto significativo na capacidade laboral desses indivíduos.

Embora o uso da vacina contra a COVID-19 e os reforços subsequentes continue sendo a melhor maneira de diminuir tanto a probabilidade de contágio inicial quanto o risco de desenvolvimento de Long COVID, o Dr. Venkatesh explica que estão em andamento análises de longo prazo para verificar se esses pacientes conseguirão retornar ao trabalho mesmo um ou dois anos após a infecção. O impacto econômico do Long COVID é inegável e, devido à exclusão de muitos trabalhadores do mercado, a condição está resultando em prejuízos significativos para a economia global.

Funcionário arrastando a proteína spike do SARS-CoV-2 como uma bola e corrente

De acordo com pesquisas publicadas na Nature Medicine, estima-se que mais de 400 milhões de pessoas no mundo desenvolveram Long COVID em algum momento, resultando em um custo econômico global anual que ultrapassa 1 trilhão de dólares. O Dr. Ziyad Al-Aly, chefe do Serviço de Pesquisa e Desenvolvimento do Sistema de Saúde de Veteranos em St. Louis, explica que este montante equivale a cerca de 1% do PIB global, um número que representa um imenso obstáculo ao progresso e à expansão econômica. Em 2022, uma pesquisa da Universidade de Harvard havia estimado que o custo total do Long COVID alcançava impressionantes 3,7 trilhões de dólares, analisando três parâmetros principais: perda de qualidade de vida (2,2 trilhões), perdas salariais (1 trilhão) e despesas médicas adicionais (528 bilhões). A perda de qualidade de vida é o componente mais significativo, refletindo o desafio que muitos enfrentam para trabalhar, sustentar suas famílias e participar da economia.

Além disso, o Long COVID representa um enorme fardo para os recursos de saúde pública. O Dr. Al-Aly menciona que, antes da pandemia, já enfrentávamos o gerenciamento de doenças como câncer e diabetes, que não desapareceram. Agora, devemos lidar com 20 milhões de americanos que apresentam Long COVID e as suas consequências. Integrar um eficaz planejamento de políticas públicas e um programa de pesquisa global coordenado para prevenção e tratamento do Long COVID é essencial para mitigar os danos futuros. Como afirma o Dr. Al-Aly: “Seria um enorme erro não aprender com a pandemia e otimizar nossa preparação para a próxima.”

No que diz respeito à política de deficiência relacionada ao Long COVID, o Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos reconhece a condição como uma deficiência física ou mental sob a Americans with Disabilities Act, mas a capacidade das instituições para tratar essa nova realidade é limitada. Há um descompasso entre a demanda avassaladora por atendimento e a quantidade de profissionais de saúde disponíveis. Essa situação se agrava pela escassez de tratamentos eficazes e pela falta de um conhecimento claro sobre os mecanismos do Long COVID, o que deixa muitos profissionais sem respostas sobre como atender adequadamente as necessidades dos pacientes.

Dr. Al-Aly enfatiza que para as 20 milhões de pessoas afetadas pelo Long COVID, o acesso a benefícios de invalidez e a tratamentos eficazes é o que mais importa neste momento. A agilidade nos processos e a redução do tempo de espera para o atendimento devem ser uma prioridade do governo. A estudante universitaria Kenny Cheng de biologia na Universidade de Yale destaca que, enquanto isso, o mais eficaz que temos para prevenir o Long COVID ainda é a vacina, que não apenas diminui a probabilidade de infecção, mas também reduz as chances de desenvolver Long COVID na eventualidade de contágio.

Uma análise realizada pela Reserva Federal concluiu que, em comparação às pessoas que não foram infectadas pelo vírus, os pacientes que apresentaram sintomas persistentes por mais de 12 semanas após a exposição ao vírus mostram uma probabilidade 10% menor de estar empregado. Caso estivessem empregados, trabalhavam 50% menos horas. O economista da Universidade de Harvard, David Cutler, ressalta a gravidade da situação: “A magnitude desses custos implica que políticas para abordar o Long COVID são urgentemente necessárias. Com custos tão elevados, qualquer quantia gasta na detecção, tratamento e controle do Long COVID traria benefícios muito superiores ao que se investe.”

Em resposta a essa emergência, os Institutos Nacionais de Saúde (NIH) recentemente aprovaram um adicional de 147 milhões de dólares, somando-se aos 515 milhões já alocados anteriormente, elevando o total de novos financiamentos para 662 milhões de dólares voltados para o Researching COVID to Enhance Recovery (RECOVER), uma programação de pesquisas destinada a entender, diagnosticar e tratar o Long COVID.

Os resultados não podem tardar. No Centro de Cuidado Long COVID da Universidade de Yale, há apenas um médico e um assistente médico, e devido à limitação de funcionários, novos agendamentos para pacientes estão sendo feitos somente para o início do verão. Portanto, a vacinação permanece como um mecanismo fundamental para a proteção contra essa condição, impactando não apenas a saúde individual, mas a força de trabalho e, consequentemente, a economia.

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