A história de Towana Looney, uma mulher de 53 anos do Alabama, representa um marco na medicina e uma luz de esperança para muitos que enfrentam problemas renais. Recentemente, ela se livrou de anos de diálise após receber um transplante de rim de porco geneticamente editado, realizado no mês passado. Este procedimento pioneiro não só simboliza uma nova oportunidade de vida para Looney, mas também abre portas para futuras pesquisas sobre xenotransplantação, que é a utilização de órgãos animais em seres humanos. A emocionante jornada de Looney ilustra o avanço da ciência e a perseverança de uma mulher que enfrentou desafios extraordinários em busca de uma nova chance de viver.

Looney é a quinta pessoa nos Estados Unidos a receber um órgão de porco modificado geneticamente, uma estratégia desenvolvida como resposta à escassez de órgãos humanos disponíveis para transplante. Enquanto outros receptores, que também se submeteram a procedimentos semelhantes, enfrentaram complicações severas e até perderam a vida dentro de alguns meses após o transplante, Looney se considera afortunada. “É como um novo começo,” compartilhou com a Associated Press. “A energia que senti foi incrível. Ter um rim funcionando — e sentir isso — é inacreditável.”

O transplante bem-sucedido de Looney representa um avanço significativo. O Dr. Robert Montgomery, do NYU Langone Health e responsável pelo procedimento experimental, expressou a importância deste evento para o futuro da xenotransplantação. O que torna a situação ainda mais promissora é que Looney não apresenta a gravidade da condição de saúde que outros pacientes enfrentaram antes de suas cirurgias. Mais de 100.000 pessoas na lista de transplante nos Estados Unidos esperam por um novo rim, e milhares morrem enquanto aguardam, tornando o progresso na edição genética de órgãos uma potencial solução para a crise de doação de órgãos.

A pesquisa em xenotransplantação, que inclui a manipulação do código genético de porcos para torná-los mais compatíveis com humanos, já se desenrola há décadas. Para o Dr. Jon LaPook, correspondente médico da CBS News e professor de medicina na mesma instituição, os recentes transplantes de órgãos de porco em humanos marcam um importante progresso no campo. “No último ano, temos trabalhado na xenotransplantação, que envolve um órgão animal indo para um humano,” explicou LaPook, destacando a manipulação genética que resultou em 10 edições que tornam o rim do porco mais compatível com o corpo humano.

Receptor do transplante de rim de porco com médico
Towana Looney, receptora do rim, visita Dr. Robert Montgomery do NYU Langone Health no dia 10 de dezembro de 2024, em Nova York.

Shelby Lum / AP

Embora o transplante tenha sido um sucesso inicial, o caminho para a recuperação total de Looney não é garantido. Após 11 dias de internação, onde foi monitorada e ajustada em termos de medicação, ela recebeu alta, mas foi temporariamente readmitida para ajustes em seus medicamentos. Os médicos planejam que ela retorne para casa no Alabama em cerca de três meses. Se o rim do porco falhar, ela poderá ter que voltar à diálise, mas o encorajamento de suas experiências anteriores traz um novo otimismo para sua recuperação.

A história de vida de Looney é marcada por desafios complexos. Em 1999, ela doou um de seus rins para sua mãe, mas as complicações durante uma gravidez resultaram em pressão alta e danos ao seu rim remanescente, que eventualmente falhou. É raro que doadores vivos desenvolvam falência renal, mas aqueles que passam por isso recebem prioridade extra na lista de transplante. No entanto, devido a uma resposta imunológica incomum, Looney não conseguiu encontrar um rim compatível entre os doadores disponíveis e ficou em diálise por oito anos, passando sete na lista de espera para transplante e enfrentando um cenário angustiante em que apenas 0,01% dos rins disponíveis seriam adequados para ela.

Apesar das dificuldades, o espírito de Looney nunca se deixou abalar. A descoberta da pesquisa sobre transplantes de rim de porco na Universidade do Alabama em Birmingham trouxe uma nova esperança. Mesmo com a resistência inicial da FDA, Looney se manteve firme na crença de que o transplante poderia ser uma solução para seus problemas. Após um período de análise, a FDA finalmente autorizou o procedimento, permitindo que a equipe médica liderada por Locke e Montgomery realizasse o transplante.

O rim transplantado, fornecido pela Revivicor, uma empresa da Virgínia, passou por 10 modificações genéticas. Assim que o órgão foi conectado, obteve uma cor rosa saudável e começou a produzir urina, um sinal encorajador de sua funcionalidade. Looney, agora sob rigoroso monitoramento médico pós-transplante, tem seus níveis de saúde analisados e comparados com estudos anteriores realizados em animais e outros humanos, na esperança de identificar precocemente quaisquer problemas que possam surgir.

A visita de Locke, que agora trabalha para o governo federal, foi um momento emocional. Looney expressou sua gratidão, agradecendo ao médico por não ter desistido dela, ao que Locke respondeu: “Nunca.” A determinação de ambas reflete a luta contínua por avanços na medicina e pela muitas vezes árdua busca por doadores de órgãos. Novas promessas de vida surgem a cada dia, alimentadas pela determinação de pessoas como Towana Looney, que, após um transplante inovador, olha para o futuro com uma nova energia e esperança.

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