Por mais de 16 anos, o Ministério Público do estado de Nova York manteve a convicção de que tinha encontrado o homem responsável por um dos mais infames casos de assassinato duplo de 1996. O protagonista dessa história, Selwyn Days, enfrentou cinco julgamentos — todos eles marcados por decisões conflitantes e condenações revertidas — até ser absolvido e finalmente libertado em 2017. Entretanto, um anúncio recente trouxe novas esperanças e reviravoltas à investigação dessa tragédia.
Na última segunda-feira, a atual procuradora do Condado de Westchester, Mimi Rocah, revelou que uma reinvestigação revelou dois novos suspeitos, além de afirmar que não existe relação entre essas pessoas e Selwyn Days, a quem seus antecessores insistiram em responsabilizar pela morte de Archie Harris, um milionário de 79 anos, e da acompanhante de saúde doméstica, Betty Ramcharan, de 35 anos. Este é, sem dúvida, um ponto marcante na luta incansável pela justiça, uma vez que é a primeira vez que o Gabinete do Promotor admite publicamente a possibilidade de que a responsabilidade pelo crime pode recair sobre outras pessoas.
A declaração de Rocah também indica o final de um ciclo conturbado para Days, cujo advogado, Glenn Garber, expressou alívio com as novas revelações. “É crucial que meu cliente finalmente receba sua vindicação. Ele é realmente inocente e é importante que essa questão seja encerrada de maneira justa, tanto para ele quanto para as famílias afetadas por esses crimes hediondos”, afirmou Garber, referindo-se ao direito do público de buscar um fechamento adequado desse caso devastador.
Rocah, que assumiu o cargo em 2021 e não participou das investigações que levaram ao processo contra Days, não forneceu detalhes adicionais sobre os dois indivíduos que foram descritos como “envolvidos” nas mortes, mencionando que a investigação ainda está em andamento. Esse mistério continua a pairar sobre o caso, enquanto a persistente busca por justiça se mantém viva nas mentes e corações da comunidade e das famílias das vítimas. “Espero que esses desenvolvimentos significativos conduzam a uma investigação contínua, para que a justiça possa ser alcançada para as famílias de Harris e Ramcharan”, disse Rocah em sua declaração.
Entrando em cena, a futura procuradora, Susan Cacace, assumiu um compromisso de “continuar a revisar casos como este homicídio duplo”. Isso sugere que há uma perspectiva promissora para novas abordagens nesse caso não resolvido. Garber expressou confiança na administração Cacace para que responsabilizasse e fizesse justiça às verdadeiras pessoas que cometeram esses assassinatos brutais.
Os corpos de Archie Harris, Betty Ramcharan e do cachorro do milionário foram descobertos em sua residência em 21 de novembro de 1996, apresentando ferimentos contundentes e cortes mortais. Harris, que recentemente havia enviuvado, era um milionário conhecido por ostentar sua riqueza, afirmando ter grandes quantias de dinheiro em sua casa. Ele estava enfrentando uma série de denúncias de comportamento impróprio com suas auxiliares de saúde, incluindo uma que implicava em coerção sexual. Contudo, apesar de seus antecedentes conturbados, ele havia deixado quase toda sua herança, menos $19.000, para Ramcharan, desconsiderando completamente seus três filhos.
Após cinco anos dessa tragédia, Selwyn Days foi acusado. Durante o interrogatório, ele forneceu uma confissão em vídeo, que seus advogados mais tarde argumentaram que foi forçada. “Eu não cometi esse crime. Não sei quem o fez… não sei nada sobre isso”, disse Days ao juiz em 2004, o que revela sua insistência em sua inocência. Seus julgamentos anteriores não resultaram em conclusões definitivas, com júris que se declararam incapazes de decidir. Dois de seus julgamentos culminaram em condenações por homicídio e sentenças de 50 anos de prisão, mas ambas as condenações foram posteriormente anuladas.
A inciativa de Rocah em 2021, chamada de Unidade de Revisão de Condenações, focou na investigação de reclamações de condenações injustas. Esta unidade lançou uma nova luz sobre o caso Harris e Ramcharan no ano passado, levantando questões sobre as falhas no sistema e a necessidade de um olhar atento sobre as condenações anteriores. Com o tempo passando e a nova administração prestes a assumir, o futuro do caso pode finalmente dar um passo em direção a um encerramento começando a esclarecer o obscuro labirinto da justiça criminal em Nova York.
Pelo momento, os contatos das famílias de Ramcharan e Harris não puderam ser imediatamente localizados, aumentando o ar de incerteza que ainda cerca a tragédia que abalou a comunidade em 1996.