A compostagem humana, um método inovador e sustentável de despedida, vem ganhando espaço na sociedade como uma alternativa que respeita o meio ambiente. Esta prática não só transforma os restos mortais em solo fértil, mas também oferece uma nova perspectiva sobre a vida e a morte, trazendo conforto para familiares enlutados, conforme ilustra a história de Laura Muckenhoupt, que após a morte de seu filho, encontrou um significado renovado em sua despedida.
Após a trágica morte de seu filho Miles, de apenas 22 anos, Laura se despediu de uma maneira única, optando pela compostagem humana em vez das tradicionais sepulturas ou cremações. Durante a viagem de volta para casa, Laura, acompanhada pela família, teve um momento especial de reflexão: “Vamos cultivar ele”, pensou. Essa determinação não era apenas uma forma de honrar a memória de Miles, mas também representava a ideia de continuidade, permitindo que ele permanecesse de alguma forma presente na vida familiar.
O processo de compostagem humana, segundo Tom Harries, CEO da Earth Funeral, envolve acelerar a decomposição natural dos corpos, similar ao que ocorre na floresta. Este método, que se apresenta como uma alternativa mais respeitosa para com o meio ambiente, consome menos recursos e gera menos poluição do que a cremação, que depende de gás natural, ou os enterros, geralmente envoltos em produtos químicos como formol. Harries explica que o processo é eficiente e menos agressivo ao nosso clima, criando um solo rico em nutrientes a partir do que nos deixamos para trás.
No caso de Miles, seu solo já foi utilizado em várias partes do mundo, desde a Indonésia até a Toscana, ajudando a cultivar diversas plantas e árvores. Para Laura, isso trouxe conforto e a ideia de que, mesmo após a morte, a vida pode continuar de maneiras inesperadas. Em seu jardim, Laura plantou um roseiral usando o solo de Miles, testemunhando um crescimento que simboliza a presença e a continuidade de seu filho.
Em comparação com a cremação, que pode parecer um evento final, a compostagem traz uma nova narrativa, onde a morte é apenas o início de um novo ciclo. “Você realizou sua cerimônia, e a partir daí a história se encerra”, reflete Laura. Contudo, com a compostagem, “a história está apenas começando”.
Como funciona a compostagem humana?
O processo de compostagem humana é surpreendentemente simples e eficaz. O corpo é envolto em um sudário biodegradável e colocado em um contêiner de metal longo, cercado por uma mistura de serragem, aparas de madeira e flores silvestres. Enquanto o corpo se decompõe, esse material natural adiciona carbono ao processo, permitindo que os microrganismos trabalhem de forma ideal. Após um período de aproximadamente 45 dias, o resultado é cerca de 300 quilos de solo fértil, que a família pode levar para casa ou destinar a projetos de conservação.
O aumento da popularidade da compostagem humana reflete uma mudança nas atitudes em relação à morte. Este método já foi legalizado em 12 estados americanos, com a expectativa de que outros sigam o mesmo caminho. A conexão que muitos estabelecem entre a compostagem e o legado que deixam para as futuras gerações é um forte motivador para aqueles que optam por essa prática. “Este é o seu ato final na Terra”, afirma Harries. “Eles estão pensando sobre as crianças e as gerações futuras”.
O apelo pela compostagem humana também ressoa em indivíduos como Kimberly Cooley-Reyes, cuja conexão com a natureza e o desejo por uma despedida ecológica a levaram a considerar essa alternativa. Para ela, o fato de retornar ao solo representa um ciclo de vida e morte que se alinha aos seus valores pessoais. “Estou voltando à Terra de forma limpa, e não vou causar poluição”, diz Cooley-Reyes, que tem um lindo jardim em sua casa em San Francisco, onde planeja embelezar a terra um dia.
A compostagem humana, portanto, não apenas representa um método inovador para o manejo dos restos humanos, mas também transforma a maneira como pensamos sobre a morte, oferecendo aos enlutados não só um fechamento, mas uma ligação tangível com a vida que se foi. Em um mundo onde o impacto ambiental é cada vez mais relevante, essa prática se destaca como uma escolha consciente, harmônica e repleta de significado para todos os envolvidos.