O nome de William Bradford Bishop Jr. pode parecer o de um homem que viveu a vida que muitos sonham, repleta de conquistas acadêmicas e uma família perfeita. No entanto, sua história é marcada por um trágico desfecho que o transformou em um fugitivo procurado pelo FBI. A vida que parece estar cheia de promessas na verdade esconde um sombrio segredo. Nesta narrativa, iremos explorar como a tensão crescente se desdobrou em um ato de violência inimaginável e quais a consequências disso na vida daqueles que o cercavam.
Bishop nasceu em Pasadena, Califórnia, e desde jovem mostrou-se um aluno brilhante, graduando-se um ano à frente de sua namorada da época, Annette. Ele obteve um diploma em Estudos Americanos pela prestigiosa Universidade de Yale, seguido por pós-graduações em Italiano pelo Middlebury College, em Vermont, e em Estudos Africanos na UCLA. Em 1959, ele se casou com Annette e, no mesmo ano, alistou-se no exército dos EUA, onde serviu na inteligência militar por quatro anos, adquirindo fluência em idiomas como italiano, espanhol, serbo-croata e francês.
Após seu serviço militar, Bishop começou uma carreira na Agência do Departamento de Estado, atuando em locais como Itália, Etiópia e Botsuana. Nessa fase da vida, o casal teve três filhos: William, Brenton e Geoffrey, nascido em 1971. Em 1974, a família se mudou para o subúrbio pacato de Bethesda, Maryland, e a vida parecia digna de um conto de fadas. Bishop e Annette tinham uma rotina que incluía tênis, natação, esqui no inverno e momentos de lazer com seu cachorro Golden Retriever, Leo. Annette dedicava-se à família e frequentava aulas de arte na faculdade local.
Contudo, sob a superfície dessa vida perfeita, surgiram inquietantes fissuras. Rumores indicavam que o casal enfrentava dificuldades financeiras. Bishop, descrito como um “lobo solitário”, tinha um histórico de problemas emocionais; ele já havia recebido tratamento psiquiátrico e usava medicação para depressão. O ponto de ebulição ocorreu quando ele foi preterido em uma promoção para um cargo no exterior, o que acentuou seu estado de desânimo e solidão.
A tragédia se desenrolou em 1º de março de 1976, quando Bishop alegou não estar se sentindo bem e deixou o trabalho mais cedo. Antes de voltar para casa, ele fez uma parada em um banco, onde retirou quatrocentos dólares. Ele adquiriu um galão de gasolina e uma marreta, itens que se tornariam trágicos símbolos de sua transformação. Uma vez em casa, Bishop cometeu o impensável. Ele assassinou sua esposa, mãe e três filhos, com idades de 14, 10 e 4 anos. Após os homicídios, ele transportou os corpos para uma área remota em Columbia, Carolina do Norte, onde os enterrou em uma cova que havia cavado anteriormente e, em seguida, ateou fogo neles.
Um legista posteriormente concluiu que as vítimas morreram devido a trauma craniano. O crime, chocante e brutal, corrompeu o que já foi uma vida aparentemente ideal. Várias evidências ligaram Bishop ao crime: impressões digitais no galão de gasolina utilizado e vestígios de sangue encontrados na residência da família. O veículo de Bishop, uma perua marrom, foi identificado no estacionamento do Elkmont Campground, no Parque Nacional Great Smoky Mountains, perto de Gatlinburg, Tennessee, onde foi encontrada uma série de itens comprometedores, incluindo lonas manchadas de sangue, um machado, uma espingarda e uma mala com roupas masculinas e produtos de higiene.
Desde então, Bishop se tornou um dos criminosos mais procurados pelo FBI. Quase 50 anos depois do massacre, as autoridades ainda buscam informações sobre seu paradeiro. O FBI descreve Bishop como um “insone antigo” que talvez tenha mantido um diário ao longo dos anos. Segundo relatos, ele desfrutava de scotch e vinho, tinha uma predileção por amendoins e comidas picantes, e era considerado intenso e egocêntrico, propenso a explosões de violência, além de preferir ambientes organizados e limpos.
O tema do caso de Bishop será revisitado em um episódio especial de People Magazine Investigates, intitulado “Meu Pai Era um Assassino em Massa”, que será exibido na próxima segunda-feira, 23 de dezembro, às 21h/20c no ID. Este episódio traz a perspectiva da filha biológica de Bishop, Kathy Gillcrist, que compartilhará suas experiências e reflexões sobre o pai que a abandonou e as atrocidades que ele cometeu. Essa narrativa dolorosa não apenas revela a vida de um homem que parecia ter tudo, mas também ilumina o impacto devastador de suas ações sobre aqueles que sobreviveram, fornecendo um olhar íntimo sobre um caso que continua a fascinar e horripilar a opinião pública.
Assim, a história de William Bradford Bishop Jr. nos serve como um lembrete sombrio de que, por trás de uma fachada de sucesso, podem existir segredos profundamente perturbadores. Afinal, o que nos leva a crer que a vida pode ser a encenação de um filme, mas, na realidade, pode ser o cenário de uma tragédia sem fim.