A história de Calen Pick, um homem que enfrenta a luta dramática contra o transtorno esquizoafetivo, é um testemunho do poder da resiliência e do amor familiar. Calen, sobrinho da renomada atriz Glenn Close, passou por intensas batalhas emocionais e psicológicas que impactaram não apenas sua vida, mas também a de sua mãe, Jessie Close. Este relato revela as complexidades do transtorno mental e a jornada de cura e descoberta que a família vivenciou ao longo dos anos, trazendo à luz questões que continuam a ser silenciadas em nossa sociedade.
Calen, que agora tem 43 anos, foi descrito por sua mãe como um “menino bonito e doce” que tinha uma infância vibrante, marcada pelo amor ao baseball, ao futebol e pelas aventuras nas florestas de Montana. No entanto, essa doçura começou a se apagar quando ele atingiu a adolescência. “Comecei a sentir mais ansiedade e mudanças de humor aos 15 anos”, relembra Calen, que agora revela ter estado “sintomático anos antes de realmente estar ciente disso”. Ele descreve uma batalha interna de autocrítica e medo que o isolou progressivamente do mundo ao seu redor, levando-o a um estado emocional de desespero, onde os pensamentos negativos dominavam sua mente.
A situação chegou a um ponto culminante em 1998, quando Jessie subiu as escadas para o estúdio de seu filho, apenas para se deparar com uma parede coberta por uma mensagem inquietante: “Silence You”, escrita em tinta vermelha escorrida. Esse momento foi um choque para ela, uma evidência visual da deterioração mental de Calen. “Foi como um ‘holy shit’, o que é isso?”, disse Jessie, evocando a profunda preocupação que levou sua família a buscar ajuda profissional. No ano seguinte, Calen foi diagnosticado com transtorno esquizoafetivo, uma condição que, conforme explicado pelo professor de Psicologia Stephen Hinshaw, combina os distúrbios de pensamento da esquizofrenia com os transtornos de humor de depressão severa.
Esta narrativa, que se desenrola no livro recém-lançado pela dupla, intitulado “Silence You”, não é apenas uma representação ficcional das suas experiências, mas sim um testemunho das dificuldades e triunfos que ambos vivenciaram após os diagnósticos. Jessie, que também foi diagnosticada com transtorno bipolar apenas três anos depois de Calen, relata como a jornada para encontrar cura foi repleta de desafios e desilusões. “A recuperação é um processo longo e tortuoso”, diz Calen, enquanto ele compartilha suas experiências de ter vivido dois anos em uma casa de recuperação, onde a busca pela estabilidade foi um caminho repleto de tentativas e erros, complicações e conquistas.
Calen encontrou apoio não apenas em sua família, mas também na arte, se reconectando com essa paixão antiga. Ele começou a pintar novamente e encontrou essa atividade terapêutica como uma forma de lidar com o caos emocional que o cercava. “Sinto que fazer sentido do caos na tela é algo muito legal”, expressa ele, ressaltando a importância da autoexpressão em seu caminho para a recuperação. O apoio contínuo de sua mãe, junto com a presença de “Aunt Glenn”, que cofundou a organização não lucrativa Bring Change to Mind, exemplifica o esforço coletivo da família para desestigmatizar as conversas sobre saúde mental.
Pesquisas afirmam que a recuperação de transtornos mentais muitas vezes requer um sistema de apoio robusto, e, como enfatizado por Hinshaw, “o apoio familiar é fundamental”. O amor e o entendimento entre os membros da família Close são palpáveis e servem como um pilar essencial em suas vidas. Jessie compartilha que “tiveram que aprender a se amar e a se aceitar”, e essa autocompaixão tornou-se uma parte crucial de sua jornada. Calen, por sua vez, comenta sobre as lições que aprendeu ao longo do caminho: “Entender e viver no presente me ajudaram a enxergar as coisas com mais clareza e compaixão, e dar a si mesmo a permissão para ser quem você é é importante”.
Essa história inspiradora e corajosa é mais do que uma simples visão sobre o transtorno esquizoafetivo; ela é um testemunho do que significa lutar e vencer os desafios impostos pela saúde mental ao lado de pessoas que se preocupam. A família Close espera que seu relato sensibilize outras pessoas a falarem sobre suas experiências e que, juntas, possam criar um mundo onde não haja mais espaço para o estigma e o medo que cercam a saúde mental. O livro “Silence You” e a FAMÍLIA Close representam uma luz de esperança e um chamado à ação para todos nós, a fim de promover um diálogo aberto e necessário sobre saúde mental em nossa sociedade.