A atriz e diretora de Hollywood Olivia Wilde compartilhou suas observações sobre a maneira como as redes sociais e a busca pela fama podem representar uma ameaça existencial vital para a arte da cinematografia. Durante uma conversa informal no Festival de Cinema do Mar Vermelho neste último sábado, Wilde destacou o dilema enfrentado por diretores e atores, que cada vez mais se veem pressionados a manter uma presença ativa em plataformas digitais como TikTok e outras.

“Diretores têm que decidir em certo ponto se desejam ser celebridades ou artistas”, afirmou Wilde, enfatizando que a presença online pode comprometer a essência da narração de histórias. De acordo com a atriz, a influência negativa das redes sociais está afetando o desenvolvimento de obras que não se encaixam em fórmulas prontas de sucesso. “Por causa das redes sociais, a combinação entre a arte e a pressão para obter visibilidade se torna perigosa para a forma de arte em si”, insistiu.

Durante sua fala, Wilde ofereceu um conselho claro para seus colegas: “É imprescindível evitar tornar-se obcecado pela fama e pelo seu reconhecimento”. Ela ressaltou a importância de preservar a autenticidade na criação de obras cinematográficas e evitar se deixar levar pela superficialidade das curtidas e comentários. “Quando você confunde fazer filmes ou atuar com a aceitação em larga escala, você imediatamente corta todas as oportunidades de realizar um trabalho mais arriscado”, disse.

A dissonância existente entre a produção cinematográfica e a busca pela aceitação social faz parte de um ciclo vicioso que pode minar a originalidade e a autencidade de um filme. “Era importante para mim nunca me tornar excessivamente focada em ser aceita ou amada”, lembrou Wilde sobre sua trajetória. Ela afirmou que para se distanciar da bolha de Hollywood, continua se inspirando em filmes provenientes de sociedades que não são dominadas pela estética e clichês típicos das redes sociais.

Wilde, que possui cidadania dupla nos EUA e na Irlanda, revelou que um de seus maiores sonhos é fazer um filme na Irlanda, um anseio que remonta às suas raízes familiares. “Crescendo em Washington, D.C., sempre desejei fazer meus próprios filmes”, comentou, refletindo sobre seu lar, que possuía uma sala de edição no porão, onde seus pais, que também eram jornalistas, produziam documentários. Essa atmosfera também a inspirou a aprender a editar e escrever.

“Ver minha mãe se destacando em um mundo dominado por homens foi uma grande inspiração para mim”, disse Wilde, acrescentando que para as mulheres que se apaixonam por contar histórias, a indústria frequentemente sugere que elas devem se tornar atrizes, enquanto os jovens que expressam paixão por cinema são orientados a serem diretores. “Se você não está quebrando alguma barreira, você realmente não está se esforçando o suficiente”, completou Wilde.

Antes de se tornar uma diretora, Wilde focou sua paixão em atuar; ela foi a primeira em sua família a não seguir o caminho tradicional da faculdade, mudando-se para Los Angeles quando tinha apenas 18 anos. “Fazer filmes parece impossível. Tornar-se uma atriz parece um desafio extremo devido à intensa concorrência”, lembrou sobre seus primeiros dias em Hollywood.

Wilde começou sua carreira com papéis em séries como Skin e The Girl Next Door, além de uma participação notável na série The O.C. Sua trajetória atraiu a atenção no drama médico House, onde interpretou Remy “Thirteen” Hadley. Após consolidar sua carreira de atriz, a diretora fez sua estreia na direção com a aclamada comédia de formação Booksmart.

“A energia de um cineasta estreante é ilimitada; foi a experiência mais emocionante que já tive. Eu não pude acreditar que estava realmente fazendo meu próprio filme. E fiquei tão honrada que todos apareceram”, recordou. Apesar da recepção morna inicial de Booksmart, Wilde atribui seu sucesso a estar no lugar certo na hora certa. Foi uma feliz coincidência, pois o filme parecia ressoar com o público.

Wilde, em sua busca intensa por criação, abordou seus projetos de forma desafiadora e diversificada, tanto em atuação quanto em direção. “Escolho sempre projetos que sejam mais desafiadores do que os anteriores. Sinto-me entediada se não o fizer”, disse ela, afirmando que sua trajetória não é apenas sobre fama, mas sobre as histórias autênticas que busca contar.

Em última análise, Olivia Wilde enfatizou que seu principal objetivo é realizar mais filmes como uma forma de arte. “Eu não faço filmes para as pessoas amarem. Quero que elas desfrutem, mas acredito que é um jogo perdido tentar fazer o filme favorito de todos”, advertiu. “O sucesso está relacionado a criar algo que seja uma extensão autêntica de você, e não com a aprovação dos outros”.

Similar Posts

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *