Uma nova pesquisa realizada por cientistas australianos aponta que peptídeos extraídos de duas espécies distintas de animais – a aranha brasileira e o caranguejo-ferradura japonês – podem desempenhar um papel crucial no tratamento de alguns tipos de câncer de pele, especialmente aqueles que se tornaram resistentes a tratamentos convencionais. O estudo, publicado na renomada revista Pharmacological Research, revelou que esses peptídeos são eficazes na destruição de células de melanoma que resistem ao medicamento dabrafenib, uma das terapias mais utilizadas para este tipo de câncer.
Os pesquisadores do Translational Research Institute (TRI) de Brisbane descobriram que os peptídeos têm a capacidade de eliminar não apenas as células de melanoma que são sensíveis ao tratamento, mas também aquelas que estavam em estado de resistência, que geralmente representam um desafio significativo para os médicos. Segundo a professora Sonia Henriques, da Queensland University of Technology (QUT), as estruturas destes peptídeos foram originalmente projetadas pela natureza para combater infecções bacterianas, atacando as membranas celulares das bactérias. Com modificações, esses peptídeos foram adaptados para atingir de forma similar as células cancerígenas, preservando células não afetadas pelo câncer.
Henriques destacou que essas substâncias não apenas eliminam células de melanoma que estão se multiplicando rapidamente, mas também atacam células dormentes e aquelas que desenvolveram resistência. A velocidade com que essas substâncias funcionam é um dos fatores mais promissores da pesquisa, uma vez que isso impede que as células cancerígenas remodelagem sua composição de membrana ou desenvolvam resistência ao tratamento com peptídeos. Essa descoberta é particularmente relevante, uma vez que uma das maiores dificuldades no tratamento de pacientes com câncer é a resistência que eles desenvolvem após um período de terapia.
A pesquisa foi conduzida em modelos animais, mais especificamente em camundongos, e os cientistas afirmam que ainda há um caminho a percorrer, estimando que levará cerca de cinco anos para a realização de ensaios clínicos em humanos. Além disso, a Dra. Aurelie Benfield, autora principal do estudo e integrante da escola de Ciências Biomédicas da QUT, enfatiza a importância de recursos financeiros para a continuidade do trabalho. Ela abordou que o sucesso futuro dessas terapias baseadas em peptídeos depende do interesse e apoio industrial. “Se conseguirmos captar investimentos, espero que consigamos acelerar o processo muito rapidamente”, declarou.
De acordo com o Verywell Health, o melanoma é um dos tipos de câncer de pele mais conhecidos, com cerca de 106.000 casos anuais nos Estados Unidos e aproximadamente 7.100 mortes relacionadas a essa doença a cada ano. Embora não seja o tipo mais comum de câncer de pele, as taxas de melanoma nos Estados Unidos têm aumentado rapidamente nos últimos anos, conforme a American Academy of Dermatology Association. Essa informação ressalta a urgência de novas abordagens terapêuticas.
A busca por novas soluções no combate ao câncer de pele nunca foi tão urgente e, com o avanço das pesquisas e a aplicação de peptídeos de origem animal, os cientistas podem estar se aproximando de uma nova era no tratamento do melanoma. Se esses resultados promissores conseguirem ser replicados em humanos, poderemos estar diante de uma terapia inovadora que poderá fornecer esperança àqueles que lutam contra essa doença devastadora. Em um mundo onde o câncer parece ameaçar cada vez mais a população, manter-se informado e apoiar a pesquisa científica continua a ser fundamental.
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