No coração da Cidade do Vaticano, a atmosfera festiva do Natal foi intensificada em 25 de dezembro de 2024, marcando o início das celebrações do Ano Santo de 2025. Milhares de peregrinos se deslocaram para a Praça de São Pedro desde as primeiras horas da manhã, ansiosos para atravessar a histórica Porta Santa, que simboliza a oportunidade de indulgência e o perdão dos pecados. Esta tradição jubilar, que ocorre a cada 25 anos, data de 1300 e é esperada para atrair aproximadamente 32 milhões de fiéis católicos a Roma ao longo do ano. O Papa Francisco teve a honra de ser o primeiro a cruzar a Porta Santa, após bater em sua entrada na véspera do Natal, inaugurando o Jubileu que dedica um apelo à ‘esperança’.

Essa abertura simbólica da Porta Santa é um rito profundo, onde os peregrinos não apenas se submetem a controles de segurança — em meio a uma atmosfera de preocupação com a segurança independente do recente ataque em um mercado natalino em Magdeburgo, na Alemanha —, mas também tocam a porta e fazem o sinal da cruz ao adentrar na basílica dedicada ao apóstolo Pedro. O interior da basílica exibe uma nova face, resultado de restaurações extensas, que foram realizadas para preservar a magnificência da estrutura. Entre as obras mais significativas estão os trabalhos sobre o Baldaquino de Bernini, que cobre o túmulo de São Pedro e que agora resplandece com um brilho dourado após séculos de sujeira acumulada. A Cátedra de São Pedro, um símbolo que remonta a 875 d.C., também passou por restaurações meticulosas.

Às 12h, horário local, o Papa Francisco proferiu a tradicional bênção “Urbi et Orbi” — que significa “À cidade e ao mundo” — focando em diversos desafios que a humanidade enfrenta no presente ano. Em seu discurso, o pontífice, falando para uma multidão de fiéis na praça, clamou pela paz nas regiões devastadas pela guerra, como a Ucrânia, onde a recente invasão russa continua a causar perda de vidas de forma sistemática. Ele enfatizou a importância das negociações entre a Ucrânia e a Rússia, destacando a necessidade urgente de uma ‘paz justa e duradoura’. No entanto, o conflito na Ucrânia não deu trégua durante as festividades, com ataques a instalações energéticas em um ‘grande ataque’ realizado pelas forças russas.

O líder católico também apontou a necessidade de um cessar-fogo na guerra entre Israel e Hamas, descrevendo a situação humanitária em Gaza como “extremamente grave”. Ele pediu a libertação dos hospedeiros israelenses ainda em poder do Hamas, manifestando um apelo à compaixão e à humanidade, em tempos de crise. Ao enfatizar que o Ano Santo deve ser uma oportunidade para que todos sejam “peregrinos de esperança”, ele instou indivíduos e nações a superarem divisões e silenciarem o som das armas.

A coincidência de Natal e Hanukkah: uma ocorrência rara e significativa

Neste ano, o Natal coincidiu com o Hanukkah, a festividade judaica das luzes, que começou exatamente no dia 25 de dezembro. Este evento, que aconteceu apenas quatro vezes desde 1900, despertou o interesse de líderes religiosos, que promoveram encontros inter-religiosos, como a festividade Chicanukah que ocorreu em Houston, Texas, unindo comunidades latinas e judias em uma ceia que incluía latkes, os tradicionais bolinhos de batata cozidos em óleo, com guacamole e salsa. Apesar da celebração, a data também ocorre enquanto guerras se desenrolam no Oriente Médio, com um aumento dos casos de antissemitismo, criando uma contrapartida à alegria da festividade.

Celebrando Natal na Alemanha após a tragédia em Magdeburgo

Em contraste com as celebrações vibrantes em Roma, as festividades na Alemanha foram ofuscadas por um ataque recente em um mercado de Natal em Magdeburgo, que resultou na morte de cinco pessoas, inclusive uma criança de nove anos, e deixou cerca de 200 feridos. O presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, modificou seu discurso de Natal gravado para abordar a tragédia, expressando a dor e o horror pelos eventos que ocorreram. Ele fez um apelo à unidade nacional, enfatizando que o “ódio e a violência não podem prevalecer”. Um médico saudita, que havia trabalhado na Alemanha desde 2006, foi preso sob suspeita de assassinato, tendo um histórico de postagens anti-muçulmanas em redes sociais e alinhamento com ideais da extrema-direita, refletindo tensões sociais profundas que o país enfrenta atualmente.

Com essa montanha-russa de sentimentos, desde a esperança e comunhão em Roma até a tragédia e luto na Alemanha, o Natal deste ano nos lembra não apenas da luz que a fé pode proporcionar, mas também dos desafios e conflitos que ainda permeiam nosso mundo. O apelo do Papa Francisco ressoa em meio a tudo isso, chamando as nações a unir-se em um espírito de paz e solidariedade.

Fontes: Reuters, CBS News.

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